Estatísticas e Análises | 24 de novembro de 2016

DPOC, uma doença pulmonar traiçoeira que surpreende fumantes

Segundo a OMS, 65 milhões de pessoas sofrem desse mal, sendo 7 milhões no Brasil
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A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), é causada, principalmente, pelo tabagismo. Pode causar tosse, chiado no peito, falta de energia, falta de ar e dificuldade para realizar atividades cotidianas. Por vezes, é através de uma grave infecção pulmonar que fumantes com a DPOC descobrem que estão infectados.

Conforme reportagem do jornal Le Figaro, para 93% dos 356 pacientes entrevistados pela Associação Francesa de DPOC (Association BPCO), não há como viver normalmente com essa “falta de ar”. Segundo o jornal, “é complicado para esses pacientes subirem apenas dois andares (74% têm dificuldades) ou simplesmente dar uma caminhada (38%). Mesmo amarrar os sapatos, tomar banho ou se vestir é uma verdadeira provação diária. Não é de admirar que 28% dos pacientes pesquisados dizem que não aceitaram a doença e estão em negação”.

De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a DPOC atinge mais de 65 milhões de pessoas no mundo, e o Ministério da Saúde estima que ela afete mais de 7 milhões de brasileiros. A doença é responsável pela morte de 3 milhões de pessoas no mundo por ano – em torno de 40 mil brasileiros.

 Complicações da DPOC são responsáveis por mais mortes do que infarto agudo do miocárdio. Enquanto 23% dos pacientes acima de 50 anos que apresentavam uma crise grave de DPOC vão à óbito dentro de um ano, menos de 20% dos pacientes da mesma faixa etária que infartaram, morreram nesse período. Ao analisar os dados em um intervalo de sete anos, 31% dos homens e 47% das mulheres que sofreram um infarto chegaram a falecer, enquanto 70% dos pacientes que apresentaram uma crise grave da DPOC faleceram.

“A DPOC é uma doença comum, cerca de 3,5 milhões de pessoas sofrem na França e 120 mil estão submetidas a terapia de oxigênio, mas não é suficientemente reconhecida porque dois terços dos pacientes não sabem que a têm” explicou o Dr. Frédéric Le Guillou, pneumologista da Association BPCO. Por essa razão, o diagnóstico muitas vezes surpreende o paciente.

“A doença é descoberta no momento de uma exacerbação (agravamento que se dá, muitas vezes, devido à infecção secundária), mas o ponto comum, caracterizado por todos os pacientes, é a falta de ar e a fadiga muito frequente”, relatou o Dr. Chantal Raherison-Semjén, pneumologista do Hospital Universitário de Bordeaux. “A falta de ar diminui a tolerância às atividades, e dessa forma reduz gradualmente estas pequenas ações da vida diária, tornando-a difícil”, acrescentou.

A investigação francesa mostrou que, para superar essa restrição na condição física, mais da metade dos pacientes vai “procurar primeiro evitar o trabalho duro e encontrar uma solução alternativa”. Um a cada três pacientes admite ter diminuído atividades de lazer de forma significativa. “Às vezes o paciente sente-se humilhado por sua desvantagem”, diz Patrick Diani, presidente da Associação. Um terço dos pacientes precisam parar de trabalhar.

Políticas que combatam o tabagismo são uma boa forma de combater a DPOC. Na França, “houve algumas coisas boas, como o maço de cigarro neutro e o aumento do preço do tabaco”, salientou o ex-senador francês Charles Descours, conhecido pelo combate ao tabagismo. “Sabemos que a única medida eficaz é um aumento acentuado no preço do maço de cigarros”.

Infelizmente, as autoridades não se preocupam com DPOC. “Ao falar sobre os perigos do tabagismo, a DPOC raramente é mencionada, nem os efeitos da doença na vida diária dos pacientes”, alertou o jornal Le Figaro.

O que é a doença pulmonar obstrutiva crônica?

A DPOC é um grupo de doenças e condições que produz resposta inflamatória nos pulmões. A inflamação ocorre ao longo do revestimento dos brônquios que atuam como uma passagem para o ar alcançar os pulmões, resultando em falta de ar e dificuldade na respiração. Embora possa haver danos irreversíveis das vias respiratórias, estratégias de prevenção e tratamento podem diminuir os danos aos pulmões.

Os principais grupos de risco para desenvolvimento da doença pulmonar obstrutiva crônica são:

Fumantes, incluindo fumantes passivos e ex-fumantes. O cigarro é um dos principais fatores de risco para desenvolvimento da doença, principalmente se o vício dura por muitos anos. A fumaça irrita as vias aéreas e favorece o aparecimento de enfisema pulmonar, broncopneumonia, asma crônica, etc.

Trabalhadores expostos à poluição atmosférica, produtos químicos ou fumaça. Esses fatores também irritam as vias aéreas e estreitam o caminho que o ar faz nos pulmões.

Idosos. Com o passar dos anos, a incidência da doença aumenta, sendo maior em pacientes acima dos 40 anos de idade.

Pacientes com deficiência de alfa-1-antitripsina. Evidências apontam que pacientes com esse defeito genético têm mais chances de desenvolver a DPOC.

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