Mundo | 24 de junho de 2014

Canadá mostra que é possível vencer o cigarro

Campanhas bem sucedidas reduziram significativamente o tabagismo entre jovens
Tabagismo

Na província mais populosa do Canadá, Ontário, menos de 7% dos jovens entre 12 e 19 anos fumam. A redução do tabagismo é resultado de campanhas bem sucedidas criadas pela Coalition québécoise pour le contrôle du tabac (Coalizão de Quebec para o Controle do Tabaco, em tradução livre).

O diretor da entidade, Flory Ducas, falando para o Le Figaro destacou que “a legislação moldou um ambiente que não promove a iniciação do tabagismo. A indústria já não pode associar os heróis e estrelas de jovens às marcas de cigarro”.

Campanhas de conscientização ou a simples proibição da venda para menores de idade não funcionam entre os jovens. As autoridades de saúde canadenses apostaram em visitar as escolas, onde têm conseguido convencer jovens de que o cheiro da fumaça era prejudicial, os tornava menos atraentes.

Nas escolas, os jovens fumantes são forçados a ir para áreas mais afastadas, para que se afastem do convívio com não-fumantes, tornando essa prática pouco sociável. Quando o grupo de fumantes se torna minoria, já não são vistos como modelos por outros adolescentes.

As autoridades foram capazes de envolver os alunos na luta contra o tabagismo desde cedo, explicando também que empresas de tabaco têm enormes lucros e, mesmo assim, usam trabalho infantil em países pobres.

Levou décadas para que o número de fumantes (cerca de 45% da população em 1960, quando surgiram os primeiros estudos sobre os malefícios do tabaco), caísse para 16%, em 2012. No início de 2000, a publicidade do tabaco foi proibida. A partir de 2009, estabelecimentos como lojas de conveniências não foram proibidas de comercializar, mas precisaram tirar os maços de cigarros de prateleiras visíveis.

Em Vancouver, as leis que proíbem o consumo de tabaco (inclusive em parques) transformou o tabagista em um transtorno para a sociedade. Desta forma, novos grupos de fumantes vão se restringindo. Apesar disso, Flory Ducas ressalta que é cedo para comemorar vitória contra uma indústria tão poderosa. “A taxa de tabagismo diminuiu entre as populações de baixa renda ao longo do tempo, mas não da classe média e dos mais favorecidos”.

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o vício ao tabaco é considerado uma doença sendo a causa de 30% das mortes por câncer e 90% das mortes por câncer de pulmão.

Cenário nacional

No Brasil, de acordo com a Pesquisa Especial de Tabagismo (PETab), a maior parte dos fumantes está nas classes em que a renda e a escolaridade são menores. Os especialistas apontam que 96% dos entrevistados sabiam que fumar causava danos à saúde e 91% estavam conscientes de que a fumaça do cigarro prejudica também os não fumantes. Desses, 65% pensaram em parar após ter visto fotos e advertências em maços de cigarro.

Nas últimas décadas, o País aprovou medidas essenciais para o controle do tabaco, que se refletiram numa das maiores proporções de redução da prevalência de fumantes no mundo – passando de 34,8% em 1989, para 18,2% em 2008. Entre elas está a Lei 12.546 (2011), que prevê a proibição do fumo em recintos coletivos fechados e o banimento da propaganda de cigarros e outros produtos derivados do tabaco nos pontos de venda.

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