Missão humanitária israelense é capaz de construir um “hospital” em apenas 12 horas
Iniciativa é exemplo mundial de atendimento em locais que sofreram desastresHá como construir um hospital em apenas 12 horas? Em 2015, a Força de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) mostrou que isso é possível, após um terremoto que atingiu o Nepal.
Para tanto, a IDF enviou uma equipe (conhecida como IDF Medical Corps) de 122 profissionais médicos, 45 fisioterapeutas e 95 toneladas de equipamentos para construir um hospital de campanha que oferecesse alto nível de tratamento médico
“O hospital contava com 60 leitos e tratou cerca de 1.600 pacientes, realizou 85 cirurgias e oito bebês nasceram durante a missão humanitária”. A força-tarefa israelense chegou a Katmandu, capital do Nepal, após o terremoto de magnitude 7,8 que atingiu o país em 25 de abril de 2015.
No Haiti e nas Filipinas, a IDF tem realizado missões humanitárias semelhantes. “Durante estas crises humanitárias, as equipes médicas independentes de todo o mundo ajudaram tanto quanto possível e o resultado foi caótico. Delegações inexperientes e sem equipe trataram milhares de pacientes”.
Reconhecimento
Para melhorar a coordenação do trabalho e para assegurar que os hospitais de campanha estivessem devidamente equipados e treinados, a Organização Mundial de Saúde (OMS) começou a dar permissão para que apenas alguns hospitais deste tipo pudessem fornecer assistência médica durante uma crise humanitária. A OMS reconheceu o compromisso da IDF em entregar um elevado nível de assistência médica nas áreas afetadas. O hospital, ao lado de outros nove, foi selecionado para esta designação e aguarda aprovação da organização.
No mês passado, uma delegação formada por observadores da OMS visitou Israel para avaliar se o hospital de campanha, que serve como base de exercício em grande escala no norte de Israel, poderia ser de fato o primeiro a conquistar a categoria máxima “Tipo 3”. A formação centrou-se principalmente sobre os aspectos logísticos da construção e operação do hospital sob um grande estresse.
A classificação Tipo 3 colocaria Israel como um líder mundial em medicina de emergência. Com reflexos na área diplomática, ajudaria o país a obter reconhecimento ao redor do mundo. A decisão final sobre a qualificação de Israel será tomada no próximo mês.
Tipo 1, Tipo 2 e Tipo 3
O conjunto de critérios para classificar as equipes médicas estrangeiras em catástrofes súbitas estão em uma escala de 1 a 3. Nenhum país ainda recebeu a designação top e “poucos no mundo poderiam pensar em conquistá-lo”, conforme o Dr. Ian Norton, australiano e autor principal do CLASSIFICATION AND MINIMUM STANDARDS FOR FOREIGN MEDICAL TEAMS IN SUDDEN ONSET DISASTERS.
Em suma, os tipos estão em ordem crescente por número de pacientes que podem ser tratados e nível de dificuldade dos procedimentos que são oferecidos:
Uma equipe médica do Tipo 1 pode oferecer primeiros socorros e outros cuidados de emergência imediata em regime de ambulatório, ou seja, as vítimas não permanecer no hospital por longos períodos de tempo;
Uma do Tipo 2 tem pelo menos 20 leitos para pacientes internados e pode executar de 7 a 15 cirurgias por dia;
A de Tipo 3 tem o dobro de leitos, ou seja 40 (Israel tem 86), precisa ter unidade de terapia intensiva e deve executar de 15 a 30 cirurgias por dia, bem como fornecer uma série de outros serviços, incluindo a reabilitação. Um Tipo 3 precisa de 2 salas de operação, por exemplo (Israel tem 4).
Israel é a sexta equipe a ser avaliada pela OMS até agora. Equipes de Rússia, China e Japão já foram analisadas, e uma australiana está a prestes a passar pelo processo. Cerca de 75 equipes, de vários tamanhos, de todo o mundo, pediram o processo e outro 125 podem seguir o mesmo caminho no futuro, disse Norton. No entanto, a maioria é do Tipo 1 e Tipo 2. “Nós realmente não temos qualquer outra Tipo 3 em vias de ser verificada”, disse Norton.
Ajudar outros países é “o tipo mais eficaz da diplomacia”, disse o então ministro do exterior Avigdor Liberman em 2015, depois que Israel enviou uma equipe para Nepal. “Na construção da imagem de um país, nada é mais eficaz do que a prestação de ajuda”, completou.
Empresa médica e de logística
O hospital pode tratar mais de 200 pacientes por dia, tem 12 setores de emergência, três instalações operacionais, um banco de sangue, laboratórios avançados e equipamentos de imagem. A sua capacidade é equivalente ao de um hospital tradicional. “Temos de ser totalmente independentes em termos de logística”, comentou o coronel e médico Ofer Merin, comandante do hospital da IDF (e chefe da unidade de trauma Shaare Zedek Medical Center, em Jerusalém).
“Temos de gerir a nossa própria comida e eletricidade (solar). Nós também precisamos saber como corrigir nossa equipe médica. Se algo der errado na missão humanitária, não podemos depender de alguma ajuda. Não podemos esperar encontrar recursos no local, nós simplesmente temos que encontrar uma maneira de fazer”, diz Ofer Merin.
Equipe preparatória e velocidade
A equipe também foca na velocidade em que o hospital deve estar disponível. Desastres não podem ser previstos. É preciso, primeiramente, enviar uma equipe preparatória para avaliar a área e determinar as necessidades imediatas que a área afetada mais necessita.
“Quando a equipe completa chega, metade dos membros começam a construir o hospital enquanto os outros membros tratam as vítimas. Do início ao fim, a construção do hospital leva apenas 12 horas para ser concluída. Velocidade é a chave para salvar vidas”. Depois de cada missão humanitária ou de treinamento, a equipe avalia seus trabalhos, com o objetivo de melhorar para ocasiões futuras. “O hospital de campanha da IDF é um tesouro militar e nacional”, enalteceu o Dr. Ofer Merin. “Nós vamos continuar a adicionar mais pessoal e recursos para fortalecer nossa capacidade de fornecer a melhor e mais exclusiva atenção médica possível”.