Estatísticas e Análises | 18 de junho de 2025

Médicos do Einstein apontam destaques da ASCO 2025

A instituição participou do evento com um estande e uma comitiva de profissionais.
Médicos do Einstein apontam destaques da ASCO 2025

Einstein marcou presença na edição de 2025 da ASCO (American Society of Clinical Oncology) com um espaço dedicado à discussão dos destaques apresentados no congresso, além de reunir colegas e stakeholders, para a troca de conhecimentos e experiências. A conclusão dos profissionais foi que a inovação no tratamento do câncer não está apenas em novos medicamentos, mas, principalmente, em como e quando utilizá-los.


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Ao longo de centenas de apresentações, estudos clínicos revelaram que estratégias baseadas em marcadores dinâmicos, inteligência artificial e decisões personalizadas estão mudando radicalmente o cuidado oncológico — com impacto direto na sobrevida e na qualidade de vida dos pacientes.

Entre os destaques, o estudo SERENA-6 chamou atenção ao propor uma mudança no tempo da decisão terapêutica para pacientes com câncer de mama metastático HR+/HER2-. Em vez de aguardar sinais clínicos de progressão, os pesquisadores utilizaram ctDNA (DNA tumoral circulante) para antecipar a troca hormonal para camizestranto no momento em que surgem indícios moleculares de resistência. O resultado foi uma redução de 56% no risco de progressão ou morte, sem aumento significativo na toxicidade.


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“Esse estudo inaugura um novo capítulo na medicina personalizada. A decisão terapêutica baseada em ctDNA representa uma prática de intervenção em tempo real, que antecipa o comportamento do tumor e melhora os desfechos”, avalia o médico Dr. Rafael Kaliks, oncologista do Einstein.


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Outra mudança significativa veio do estudo REACH, conduzido pelo Institut Gustave Roussy. Ele demonstrou que pacientes com câncer de cabeça e pescoço localmente avançado e de alto risco podem se beneficiar da adição de nivolumabe à quimiorradioterapia adjuvante. O ganho foi expressivo em sobrevida livre de doença e indicou tendência de aumento na sobrevida global, especialmente em pacientes com alta expressão inflamatória tumoral.

“Esse é o primeiro avanço real em mais de 20 anos para essa população. A incorporação da imunoterapia no pós-operatório abre uma nova perspectiva de cura duradoura para pacientes historicamente desfavorecidos”, afirma Dr. Gustavo Schvartsman, oncologista do Einstein.

O congresso também apresentou avanços em tumores digestivos. No estudo MATTERHORN, pacientes com câncer gástrico operável foram tratados com imunoterapia (durvalumabe) combinada ao esquema FLOT antes e depois da cirurgia. O risco de progressão, recidiva ou morte caiu em 29% com a estratégia, sem comprometer a segurança cirúrgica.

“Pela primeira vez, vemos um papel curativo claro para a imunoterapia em câncer gástrico precoce. É uma revolução silenciosa, mas com grande potencial de impacto”, comenta Dr. Diogo Bugano, oncologista do Einstein.

A abordagem de personalização também foi evidente no ATOMIC, que avaliou pacientes com câncer de cólon estágio III com instabilidade de microssatélites (dMMR). A introdução de atezolizumabe à quimioterapia mFOLFOX6 reduziu em 50% o risco de recidiva ou morte, reforçando a importância da biologia tumoral na decisão terapêutica.

Já o estudo ROSELLA focou em um dos tumores mais desafiadores: câncer de ovário resistente à platina. O uso de relacorilant — modulador do receptor de glicocorticoides — em combinação com nab-paclitaxel melhorou a sobrevida livre de progressão e a sobrevida global, atuando de forma indireta sobre o microambiente tumoral.

“Estamos vendo uma nova fronteira terapêutica: não se trata de trocar a quimioterapia, mas de torná-la mais eficaz ao modular o contexto em que ela atua”, pontua Dr. Henrique Helber.

A ASCO 2025 consolidou a mudança de mentalidade na oncologia: os maiores ganhos virão não apenas de novas moléculas, mas da inteligência no uso das que já temos. Introdução precoce de drogas já conhecidas, guiadas por dados moleculares e contexto biológico, tornam o tratamento mais eficaz, menos tóxico e mais alinhado às reais necessidades dos pacientes. Para os especialistas, essa é a verdadeira revolução em curso.

Referências:

  1. TURNER, Nicholas C. et al. SERENA-6: A Phase III, Randomized, Double-Blind, Placebo-Controlled Study of Camizestrant Plus CDK4/6 Inhibitor. ASCO Annual Meeting 2025. Disponível em: https://meetings.asco.org/abstracts-presentations/253537. Acesso em: 4 jun. 2025.
  2. FAYETTE, Jérôme et al. REACH: A Randomized Phase III Trial of Nivolumab Combined with Adjuvant Chemoradiotherapy in Head and Neck SCC. ASCO Annual Meeting 2025. Disponível em: https://meetings.asco.org/abstracts-presentations/ABSTRACT506682. Acesso em: 4 jun. 2025.
  3. JANJIGIAN, Yelena Y. et al. MATTERHORN: Perioperative Durvalumab Plus FLOT in Gastric and GEJ Cancer. ASCO Annual Meeting 2025. Disponível em: https://meetings.asco.org/abstracts-presentations/253539. Acesso em: 4 jun. 2025.
  4. VENOOK, Alan P. et al. ATOMIC: Atezolizumab Plus mFOLFOX6 in Stage III Colon Cancer with dMMR. ASCO Annual Meeting 2025. Disponível em: https://meetings.asco.org/abstracts-presentations/245969. Acesso em: 4 jun. 2025.
  5. LORUSSO, Domenica et al. ROSELLA: Relacorilant Plus Nab-Paclitaxel in Platinum-Resistant Ovarian Cancer. ASCO Annual Meeting 2025. Disponível em: https://meetings.asco.org/abstracts-presentations/243880. Acesso em: 4 jun. 2025.

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