Mundo, Política | 19 de março de 2020

Hidroxicloroquina surge como possível tratamento ao novo coronavírus

Tratamento contra a malária poderia tratar coronavírus
Hidroxicloroquina surge como possível tratamento ao novo coronavírus

A droga hidroxicloroquina, utilizada para tratar malária, apresentou resultados promissores para o tratamento da COVID-19 (doença causada pelo novo coronavírus). Um estudo de cientistas chineses publicado no início do mês apontou que a droga mostrou ser eficaz em inibir o vírus em laboratório. Um primeiro teste em humanos, realizado na França, foi promissor: 70% dos infectados testaram negativo seis dias depois do início da medicação. (Confira o estudo publicado na França)

Na França, o professor Didier Raoult, especialista em doenças infecciosas e diretor do Instituto Mediterrâneo de Infecção de Marselha, realizou uma pesquisa em 26 pacientes contagiados com COVID-19. Seis dias após terem começado a tomar o antimalárico, o vírus havia desaparecido em 75% deles. Ou seja, um resultado excepcional diante do caótico quadro da doença no planeta.

“Apesar do tamanho pequeno da amostra, nossa pesquisa mostra que o tratamento com hidroxicloroquina está significativamente associado à redução/desaparecimento da carga viral em pacientes com COVID-19 e seu efeito é reforçado pela azitromicina”, afirmou o estudo.

COVID-19 patients treated with hydroxychloroquine and azithomycin combination

Depois que os primeiros testes indicaram que a Cloroquina dá bons resultados contra a COVID-19, o grupo francês Sanofi anunciou na quarta-feira, 18, que vai disponibilizar imediatamente milhões de doses do remédio antimalária Plaquenil (a Cloroquina no Brasil). Segundo o laboratório francês, o volume oferecido pode tratar potencialmente 300 mil casos de doentes com o novo coronavírus. Na quinta-feira, 19, outra empresa farmacêutica (Bayer) anunciou que fará uma grande doação da Cloroquina ao governo dos EUA, informou o site Axios.

EUA

Em pronunciamento na quinta-feira (19), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump disse que a droga hidroxicloroquina pode ter bons resultados contra o coronavírus, com base em um estudo feito na China, e poderá ser em breve aprovada pela agência reguladora de medicamentos dos EUA, a Food  and Drugs Administration (FDA).

Durante a coletiva, Trump anunciou que qualquer cidadão poderá comprar o medicamento, desde que tenham prescrição médica. A hidroxicloroquina também poderá ser distribuída em consultas e hospitais.

Para o presidente dos EUA, a vantagem de usar um medicamento já existente é ter a certeza de que ele já foi testado e aprovado. “Se você começa a desenvolver uma droga do zero, não sabe o que vai acontecer”.

A utilização dessa droga já havia sido sugerida por figuras importantes com Elon Musk, presidente da Tesla, e pelo fundador da Microsoft, Bill Gates.

Um estudo publicado por Didier Raoult aponta para 100% de eficácia nos pacientes após seis dias de tratamento.

Vacina

Stephen Hahn, membro da FDA, também disse que os testes para uma vacina contra o coronavírus devem permitir sua utilização em até 12 meses. De acordo com Trump, esse é um foco da FDA. A vacina em questão foi desenvolvida pela empresa farmacêutica Moderna. Após o anúncio de Hahn, as ações da companhia subiram mais de 20%, de acordo com o site de notícias Bloomberg.

FDA prega cautela

Mas, apesar da urgência e do progresso, o comissário da FDA, Stephen Hahn, disse que é importante aprender mais sobre todos os tratamentos em potencial.

Hahn disse que os pesquisadores estão planejando um “grande ensaio clínico pragmático” para saber mais sobre a eficácia. Mas, alertou o comissário, é sempre importante levar o “medicamento certo” ao “paciente certo” na “dose certa” no “momento certo”. A dose errada pode realmente prejudicar a condição do paciente, acrescentou.

Outras alternativas

Além da Cloroquina, outros três medicamentos apresentaram resultados positivos em pesquisas científicas no tratamento da doença. Os remédios atuam em diferentes estágios de contaminação das células, mas também possuem resultados preliminares.

São o remdesivir; lopinavir/ritonavir; e favipiravir – este último foi divulgado no Japão, na quarta-feira (18), vendido comercialmente no Japão com o nome de “Avigan”, e é liberado apenas no Japão. No Brasil, a Cloroquina e o Lopinavir/Ritonavir são disponibilizados no mercado.

O medicamento favipiravir, desenvolvido por uma subsidiária da Fujifilm Group (Toyama Chemical), produziu resultados encorajadores em ensaios clínicos com 340 pacientes realizados nas cidades de Wuhan e Shenzhen (epicentro do novo coronavírus). O medicamento ainda não tem registro na Anvisa.

“Ele tem um alto grau de segurança e é claramente eficaz no tratamento”, disse Zhang Xinmin, funcionário do Ministério de Ciência e Tecnologia da China, a repórteres na terça-feira. Em Shenzhen, os pacientes que receberam este tratamento tiveram testes negativos da doença cerca de quatro dias depois de terem feito um teste com resultado positivo, em comparação com os 11 dias necessários para que a doença desaparecesse do organismo das pessoas que não receberam estes medicamentos. Além disso, exames de raio X confirmaram melhorias na condição pulmonar em cerca de 91% dos pacientes tratados com favipiravir, em comparação com 62% que não utilizaram a droga.

Por outro lado, o Ministério da Saúde do Japão ressaltou que o medicamento não se mostrou tão eficaz em pessoas com sintomas mais graves. “Receitamos Avigan para 70 a 80 pessoas, mas parece não funcionar tão bem quando o vírus já se multiplicou”, disse uma fonte do órgão ministerial ao jornal Mainichi Shimbun, do Japão.

Com informações dos sites Exame, G1 e The Guardian. Edição do Setor Saúde.

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