Mundo | 13 de outubro de 2015

Autoridades britânicas elogiam políticas brasileiras de combate às superbactérias

Pesquisadores, em visita ao Brasil, estimulam iniciativas contra propagação de bactérias resistentes a antibióticos
Autoridades britânicas elogiam políticas brasileiras de combate às superbactérias

Representantes do governo britânico estiveram no Brasil no início de outubro, em encontro com o novo Ministro da Saúde, Marcelo Castro, para pedir apoio à ação internacional de combate às infecções resistentes aos medicamentos.

A delegação composta pelos pesquisadores Lord Jim O’Neill e Dame Sally Davies, apresentou estudos que focam os problemas relacionados à resistência antimicrobiana.

As infecções de superbactérias, muitas vezes associadas a doenças como a tuberculose, matam em torno de 700 mil pessoas por ano ao redor do mundo. De acordo com as projeções do estudo britânico, as mortes anuais relacionadas a casos de doenças resistentes a antibióticos poderão chegar, em 2050, a 4,7 milhões na Ásia, 4,1 na África e 392 mil na América Latina.

O ministro brasileiro reafirmou, no encontro, o compromisso do País no controle à propagação e contenção da resistência aos medicamentos. A legislação brasileira, que desde 2011 passou a regulamentar a venda de antibióticos com exigência da prescrição médica, recebeu elogios dos britânicos.

Os pesquisadores participaram de encontros com representantes do Governo Federal, do governo do Rio de Janeiro, de instituições como a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e Fundação Getúlio Vargas.

O objetivo da visita foi alertar autoridades, empresas farmacêuticas e produtores do setor agrícola-pecuário sobre os riscos associados ao aparecimento, à propagação e à contenção da resistência aos medicamentos.

O Brasil pode desempenhar um papel global de liderança ao incluir a resistência antimicrobiana como tópico relevante de discussão em reuniões do G20 e na Assembleia Geral da ONU. “Fiquei impressionada que com o fato de vocês, em 2011, terem introduzido a obrigatoriedade de prescrição médica para o uso do antibiótico”, elogiou a pesquisadora Sally Davies. O monitoramento da Anvisa em relação aos antibióticos indica que houve queda de 10% na comercialização destes medicamentos entre 2011 e 2013, após a regulamentação.

De acordo com estudos apresentados pela delegação, as infecções provenientes de resistência a medicamentos poderão matar, pelo menos, 10 milhões de pessoas anualmente, até 2050 – o que geraria em torno de US$ 100 trilhões na economia mundial (http://setorsaude.com.br/superbacterias-criam-novos-desafios-para-a-cadeia-hospitalar/). “Essa visita nos mostrou como o país é sofisticado no desenvolvimento de pesquisas que visam redução do abuso de antibióticos em animais. Vimos que, nessa questão, o Brasil é mais desenvolvido que os EUA”, comentou Jim O’Neill.

A equipe de Jim O’Neill, coordenador da pesquisa encomendada pelo governo britânico, lançará, até o final de 2016, um pacote de ações para enfrentar a ameaça crescente da resistência antimicrobiana. (http://setorsaude.com.br/combate-a-superbacterias-deve-ser-feito-de-forma-coordenada-entre-hospitais-e-governo/)

A diminuição da automedicação e o aumento do uso racional de antimicrobianos, além de redução dos casos de resistência bacteriana, foram possíveis a partir do monitoramento sanitário e farmacoepidemiológico do consumo na comunidade e o fortalecimento da conscientização da população sobre a necessidade de consumir medicamentos por meio de orientação de profissional habilitado. O consumo inadequado de antibióticos pode causar dependência, resistência a antibióticos, reações adversas, intoxicação e até a morte (http://setorsaude.com.br/estudo-mostra-novos-alertas-para-evitar-o-uso-excessivo-de-antibioticos/).

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