Mundo | 22 de julho de 2015

Superbactérias criam novos desafios para a cadeia hospitalar

Procedimentos, políticas e novas tecnologias buscam alternativas para reduzir o problema
Superbactérias criam novos desafios para a cadeia hospitalar

O avanço das superbactérias resistentes a antibióticos nas instituições está levando países como os EUA a tomar amplas medidas para conter a proliferação de casos em Hospitais.  O presidente Barack Obama assinou um decreto que visa detectar, prevenir e controlar a resistência aos antibióticos, que incluía um plano de cinco anos para essa ação. Em junho, a Casa Branca realizou uma cúpula sobre a luta contra superbactérias com foco na redução do uso de antibióticos na pecuária (EUA prepara plano de 5 anos para combater superbactérias).

A maior parte dos estabelecimentos de saúde já utiliza padrões de segurança para estabelecer políticas e procedimentos de prevenção e controle de infecção para as bactérias resistentes aos antibióticos mais comuns. Também estão em vigor programas de gestão de antibióticos, liderada por farmacêuticos e médicos, para educar o público sobre o uso. Oportunidades estão se abrindo para novas áreas e profissionais em hospitais, na cadeia de fornecimento e para executivos de gestão de materiais, particularmente quando se trata de prevenção e detecção da infecção.

Novos materiais e equipamentos destinados ao combate das superbactérias também estão se tornando comuns. “Há dispositivos de prevenção da infecção no mercado hoje, como robôs de luz ultravioleta ou máquinas que borrifam líquidos diferentes que, em seguida, secam sobre as superfícies e matam as bactérias”, explicou Kristi Kuper, gerente de farmácia clínica da empresa VHA Inc., ao site Healthcare Finance News.

A luz UV ou dispositivos de peróxido de hidrogênio podem ser usados em quartos de pacientes, centros cirúrgicos, UTIs e unidades que tratam de pessoas que sofreram queimaduras. No entanto, é necessário um grande investimento financeiro, por isso os hospitais devem decidir como serão incorporadas novas políticas hospitalares, procedimentos, fluxo de trabalho e processos antes mesmo de investir.

As razões para olhar mais de perto essas tecnologias preventivas e de detecção parecem prudentes, principalmente pelo fato de que as empresas farmacêuticas não estão tão dedicadas em pesquisar e desenvolver novos antibióticos como faziam antigamente. É baixo o retorno sobre o investimento, em comparação com o desenvolvimento de tratamentos para condições crônicas, por exemplo.

“Não houve muitos avanços importantes em relação a tratar algumas dessas infecções resistentes”, ressaltou Ron Hartmann, vice-presidente da MedAssets, companhia norte-americana que ajuda provedores a melhorar o desempenho financeiro e operacional.

As novas medidas também podem incorporar dispositivos médicos menos suscetíveis a abrigar as bactérias. Porém, alguns já existentes têm se mostrado ser fonte de disseminação. Duodenoscópios, por exemplo, que diagnosticam e tratam problemas nos dutos biliares e pâncreas, têm sido associados a surtos de superbactérias em instituições.

Lise Moloney, diretor de desenvolvimento de negócios e cuidados de saúde da Sciessent, empresa de tecnologia, ressaltou que “mesmo seguindo as instruções do fabricante para a limpeza e reprocessamento, o risco de um técnico pular uma das etapas ou interpretar mal o que significa ‘esfregar firme’ é alta. O fator humano é constantemente um problema”. A Sciessent está trabalhando em um conjunto de dispositivos médicos para incorporar aditivos antimicrobianos em produtos como duodenoscópios e outros dispositivos invasivos, como cateteres.

“Do ponto de vista da cadeia de suprimentos, você enxerga custos mais elevados ao comprar aparelhos com aditivos antimicrobianos,” disse Moloney. “Mas os hospitais precisam entender que considerar uma nova forma de prevenir infecções resistentes aos antibióticos poderão salva-los.” No melhor dos casos, os pacientes afetados podem sobreviver, ” mas ficarão mais tempo internados a um custo maior de tratamento”, asseverou o executivo.

Kuper também acha que provável que o Diretor Financeiro do hospital e os responsáveis pela cadeia de abastecimento ficarão mais envolvidos na batalha contra superbactérias quando começarem a receber solicitações dos laboratórios de controle de microbiologia com relatórios para investir em equipamentos de teste rápido de diagnóstico que possam identificar bactérias dentro de um prazo extremamente curto.

“Nós estamos vendo maior interesse em adquirir estas novas tecnologias, e o governo tem incentivado os fabricantes a desenvolverem novas soluções”. Ainda segundo Kuper, é “definitivamente uma área de alto impacto do ponto de vista financeiro”, disse ela.

Os médicos, com estas novas tecnologias, podem evitar a prescrição de antibióticos de largo espectro que efetivamente não garantem a redução de riscos da proliferação de bactérias reprodutoras resistente aos tratamentos de primeira linha. Tais soluções tendem a ser menos custosas, a longo prazo, que as tradicionais soluções, hoje correntes.

O Portal Setor Saúde vem abordando a questão dos antibióticos e das superbactérias, saiba mais nos links abaixo:

Governo Alemão cria nova estratégia para conter superbactérias 

80 mil pessoas poderão morrer por causa das superbactérias

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