Gestão e Qualidade, Multimídia | 7 de dezembro de 2016

Assista às entrevistas do Tendências e Inovações em Saúde

Lideranças falaram para a reportagem do Setor Saúde
Assista às entrevistas do Tendências e Inovações em Saúde

Após suas participações no Seminário “Tendências e Inovações em Saúde“, realizado no dia 30, em Porto Alegre, os conferencistas e lideranças do setor presentes, conversaram com a reportagem do Setor Saúde. A atividade foi sucesso de público, com 385 participantes. Leia um resumo do que os entrevistados falaram e assista aos vídeos:

O presidente da Fehosul, médico Cláudio Allgayer, frisou que o objetivo do seminário era “criar um movimento para discutirmos o futuro da assistência médica no Rio Grande do Sul. Esse evento é o primeiro de uma série”, revelou. “Estamos nos debruçando, nesse caso específico, sobre a qualidade do atendimento assistencial que nós queremos para os nossos pacientes. Para isso, trouxemos líderes do centro do país, que forneceram as suas contribuições de maneira que possamos difundir,  disseminar, da melhor forma possível, a cultura da qualidade e da segurança do paciente em nossas instituições. Estaremos, também, com esse evento, lançando um fórum permanente das melhores práticas assistenciais no setor saúde, que vai reunir hospitais, clínicas e laboratórios da Capital e do Interior, mensalmente, dentro dessa ideia de melhorarmos ainda mais a qualidade do atendimento assistencial prestado aos nossos pacientes”.

Marcelo Alves Alvarenga, gerente médico do Escritório da Experiência do Paciente do Hospital Sírio-Libanês-SP, falou da experiência do paciente, um tema complexo e abrangente. “Envolve questões de tudo o que o paciente tem de experiência com as instituições, os procedimentos, os processos e os profissionais que tem no seu cuidado. O conjunto dessas percepções é o que vai gerar uma experiência positiva ou não. O principal componente da experiência, sem dúvida, é a questão da segurança, mas temos que citar outros aspectos que estão sendo trazidos, entre eles como o paciente se relaciona com os profissionais, como é a comunicação e a relação interpessoal com os profissionais de saúde, e como ele é envolvido como protagonista no seu tratamento. A combinação dessas questões é o que vai gerar a experiência. Hoje a gente consegue avaliar a questão de saúde, as instituições têm evoluído no tema segurança, mas no tema cuidado centrado no paciente, como envolver o paciente nas decisões, como educar o paciente e acolher as suas necessidades e seus desejos, isso é uma coisa que temos muito o que avançar, e tem maneiras de se medir e maneiras estruturadas de se avaliar isso”.

Alceu Alves da Silva, diretor superintendente do Sistema de Saúde Mãe de Deus, comentou que o posicionamento estratégico, e demais medidas que o Hospital Mãe de Deus tem adotado, estão fundamentalmente enquadrados dentro do contexto epidemiológico de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul. “Entendemos este seminário e todas as ações que trazem o conhecimento e as novidades do mercado, que buscam as grandes tendências, e se discute muito hoje a inovação. Isso é sempre fundamental. Particularmente nesse evento, discutimos isso dentro da Fehosul, que ele é fundamental porque é uma espécie de resgate. Já tivemos, no passado, uma grande tradição de eventos aqui no Rio Grande do Sul. Com o tempo perdemos isso e esse evento também tem a finalidade de dar um passo importante para que nós, aqui no Rio Grande do Sul, possamos voltar a ser uma referência nas grandes discussões dos temas importantes na área da saúde”.

Na entrevista após o evento, Fernando Torelly, diretor-executivo do Hospital Sírio-Libanês-SP, agradeceu o prêmio Destaque da Saúde 2016 na categoria Personalidade Nacional. “É um reconhecimento de amigos, de pessoas que trabalham juntos há bastante tempo”. Ele também ressaltou que “a gestão em saúde no Rio Grande do Sul, e especialmente em Porto Alegre, é extremamente qualificada e está no mesmo padrão dos melhores hospitais em qualquer lugar do Brasil e também em nível internacional”. Torelly também foi um dos painelistas do Tendências e Inovações da Gestão em Saúde, que encerrou o Seminários de Gestão.

O professor de cursos de graduação em gestão hospitalar e pós-graduação da FasaúdePaulo Petry, ressaltou que a instituição tem foco em tecnologia de gestão hospitalar. “Como parceiros do Sistema Fehosul, esse é o nosso grande diferencial”. Ele salientou que “em todos esses eventos patrocinados pela Fehosul, nós trazemos os nossos alunos e eles participam disso absolutamente gratuitamente”. Sobre o seminário, Petry disse que “experienciamos nos últimos anos, em todas as áreas da saúde, inovações tecnológicas, de conhecimentos e conceitos. Então é muito importante que todo o profissional se mantenha atualizado. Esses eventos são excelentes oportunidades para esse crescimento”. A Fasaúde atua a mais de 40 anos, especializada em consultoria e cursos na área da saúde. Foi uma das apoiadoras do evento.

Marcos Boscolo, sócio auditor e líder de Saúde e Educação da KPMG – empresa com mais de cem anos, presente em 155 países, com uma área específica para o setor de saúde –, abordou os desafios do Compliance e as responsabilidades do dirigente hospitalar “são as regras para cumprir na questão da governança corporativa, porque muito se fala de como gerir um hospital. Ele tem que ser viável do ponto de vista econômico-financeiro, se não, não tem sustentabilidade”. Segundo ele, o principal desafio é a continuidade. “O governo troca ministério e ministro. Tem que ter um plano de governo de médio e longo prazo, para que quem entre, assuma um compromisso de continuar algo que já está implementado para daqui a um, cinco ou 10 anos”.

Dr. Antônio Quinto Neto, do IAHCS Acreditação além da participação nos debates, também autografou a obra Estética da Acreditação. “O livro contém três temas fundamentais. Um relacionado à acreditação, que é a certificação da qualidade do serviço de saúde; o segundo é em relação à segurança do paciente, os cuidados que se deve ter para evitar ou reduzir a possibilidade de incidentes assistenciais; e outros aspectos relacionados à relação dos médicos com a administração dos hospitais”. O especialista diz que a infecção hospitalar “é uma das referências em termos do trabalho que se deve fazer para reduzir a possibilidade da sua ocorrência. Então, taxa de infecção elevada é sinal de risco para os pacientes e até para os profissionais que trabalham ali”.

Mais do que ser nomeado oficialmente na cerimônia de posse realizada no evento, o novo presidente do Sindihospa, Henri Chazan, comentou em entrevista sobre os planos para fortalecer o segmento. “O sindicato está para congregar as pessoas e ajudar no que for possível, principalmente na questão sindical, onde temos a importante missão de negociar os dissídios, poder remunerar as pessoas justamente, de forma condigna. ” Sobre a parceria com a Fehosul para a realização do Seminário, ele afirmou que “O Sindihospa tem [também] outra função, que não é a sindical, de congregar atividades onde os hospitais não competem entre si”. Ao tratar das inovações em tecnologia, Henri Chazan falou que “na área da saúde, a gente não pode embarcar em qualquer onda, porque está se tratando com vidas. Mas a inovação vem como um tsunami. Se pegarmos o exemplo do táxi, um dos ramos de mais antiga tecnologia, com um produto do século passado, que é o automóvel, e de uma hora para outra surgiu um movimento que foi totalmente disruptivo (Uber) e modificou completamente o mercado. Não se prevê uma disrupção imediata na saúde, mas vai acontecer e temos que estar preparados”.

Satisfeito com a receptividade do tema abordado em sua palestra, Emerson Zarour, diretor de inovação da MV Sistemas, declarou que “a maneira que o cidadão chega ao hospital está mudando, como ele se apodera da saúde. Conseguimos mostrar que existe um novo cuidar da saúde. Através da nossa plataforma Global Health, onde o cidadão se conecta com os diversos segmentos de saúde. Os hospitais entenderam o recado, acredito que foi muito bacana a recepção em relação às ideias novas”. Vislumbrando os desafios do futuro no setor, ele diz que “uma coisa que vai mudar, sem dúvida nenhuma, é que o cidadão vai buscar o local onde ele tenha o prontuário dele depois, para o resto da vida, acompanhando com ele. Isso vai acontecer, vai existir uma parceria a mais entre as pessoas e os cuidadores de saúde”.

José Henrique Germann Ferreira – conferencista do tema mais complexo do seminário – , diretor superintendente do Instituto Israelita de Consultoria e Gestão do Hospital Albert Einstein-SP, falou do uso do DRG (Diagnosis Related Groups, sistema de classificação que relaciona os tipos de pacientes atendidos pelo hospital com os recursos consumidos, criando grupos de pacientes coerentes do ponto de vista clínico e similares ou homogêneos quanto ao consumo dos recursos hospitalares). “Hoje, o hospital é uma casa de comércio, ele compra e vende material, medicamentos, e chega em uma conta hospitalar seca, em que às vezes 50% ou mais, está relacionado a material e medicamentos. O que queremos, é que os pacientes recebam tratamento e assistência, e que a gente cobre pela assistência e pelo valor que colocamos em cima dessa assistência. O que quer dizer isso? Que o paciente seja atendido e o pagamento que o hospital recebe seja em função dessa prestação de serviço, e não da venda de materiais e medicamento”.

O superintendente executivo do Hospital Moinhos de Vento, Mohamed Parrini, que participou do painel Tendências e Inovações da Gestão em Saúde, salientou que a semelhança entre os melhores hospitais é a boa gestão. “Não importa se são privados, filantrópicos, sem fins lucrativos, aqueles que tiverem boa gestão, um propósito e uma missão que seja cuidar bem do paciente, ter uma melhor segurança e não fugir nunca do propósito, vão sobreviver. Àqueles que estiverem fora disso, minha percepção é que terão desafios maiores pela frente”. Parrini também analisou a ligação entre a saúde e a crise. “Somos diretamente ligados ao crescimento da economia brasileira, à venda dos planos de saúde. A gente percebe um movimento de pessoas perdendo seus empregos, perdendo acesso ao plano de saúde, ou fazendo um downgrade, baixando de um plano de saúde que era anteriormente Premium, que dava acesso, por exemplo, a hospitais como o Moinhos de Vento, Sírio-Libanês ou Albert Einstein”. Ele alerta que “no nosso negócio especificamente, que é o segmento hospitalar Premium, a gente percebe que a crise econômica tem nos afetado, sim. O que é mais importante é que o Moinhos de Vento olha para o futuro, e tem uma visão de longo prazo”.

A crise também foi analisada na entrevista de João Gabbardo dos Reis, secretário de saúde do RS que esteve presente ao Seminário representando o governador José Ivo Sartori. “Está ocorrendo em todos os setores em todo o país. Obviamente também afetaria a área da saúde, mesmo tendo uma vinculação nos seus orçamentos – nos caso do Estado, 12% da arrecadação –, no momento que a arrecadação cai, também caem os recursos da saúde. Ao enaltecer a boa relação entre a secretaria, a Fehosul e o Sindihospa, Gabbardo comentou que “eventualmente, as entidades que representam os hospitais, às vezes na ânsia de defender o interesse dos hospitais, tem algumas situações de enfrentamento à Secretaria de Saúde, o que é absolutamente natural. Entendo isso perfeitamente, tanto que estou aqui presente, representando o governador do Estado. A nossa relação com as entidades tem sido muito boa”.

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