Alerta: obesidade aumenta risco de câncer
Condição amplia mais a probabilidade da doença entre as mulheres. Obesidade infantil também provoca mais chances de câncer na idade adulta.Considerada uma epidemia global, a obesidade deverá afetar um em cada quatro adultos até 2035, de acordo com o Atlas Mundial da Obesidade 2023, e essa condição tem impacto na oncologia. Indivíduos com sobrepeso e obesos apresentam taxas mais altas de incidência e mortalidade de câncer. As razões são multifatoriais e o oncologista Dr. Matheus dos Santos Ferla, da Oncoclínicas&Co no RS, aponta que uma provável causa para os índices de mortalidade mais elevados em pacientes oncológicos com sobrepeso/obesidade é a subdosagem sistemática de agentes anticancerígenos. Isso associado a uma proporção substancial de pacientes obesos recebendo doses reduzidas por não serem calculadas de acordo com o seu peso real.
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Dosagem de quimioterapia
De acordo com o Dr. Ferla, uma pesquisa nacional sobre dosagem de quimioterapia na Austrália descobriu que apenas 6% dos entrevistados usavam rotineiramente o peso corporal real nos cálculos da ASC (área de superfície corporal) para pacientes obesos, com a maioria limitando a dose ou usando o peso corporal ideal.
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Risco aumentado
O excesso de peso está associado a um risco aumentado de vários tipos de câncer. Entre eles estão rim, estômago, cólon, reto, trato biliar, pâncreas, mama, esôfago, ovário, mieloma múltiplo, fígado e meningioma com taxas de incidência maiores entre as mulheres.
“Estima-se, por exemplo, que o sobrepeso e a obesidade causaram 40% de todos os cânceres nos Estados Unidos em 2014”, relata o oncologista. Outro dado relevante é que a obesidade infantil também aumenta as chances de câncer na idade adulta. Dados do Atlas Mundial da Obesidade indicam que o número de crianças obesas pode mais que dobrar até 2035 (em relação a 2020), num total de 400 milhões de crianças nessa condição.
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Além disso, a obesidade e o excesso de peso tornam maior a probabilidade de o indivíduo morrer de câncer. “Os mecanismos que contribuem para uma maior incidência e mortalidade por câncer podem incluir alterações no metabolismo dos hormônios sexuais, nos níveis de insulina e de fatores de crescimento semelhantes à insulina e nas vias das adipocinas (substâncias do tecido adiposo)”, complementa o Dr. Ferla.
No entanto, é possível tratar da obesidade mesmo durante um tratamento oncológico. “Mas é preciso haver um estreito monitoramento do paciente e acompanhamento por profissional endocrinologista”, finaliza.