Mundo, Tecnologia e Inovação | 4 de agosto de 2016

Projeto vai investir US$ 350 milhões em startups de biotecnologia para enfrentar as superbactérias

Organizações querem incentivar desenvolvimento de novos antibióticos
Projeto vai investir US$ 350 milhões em startups de biotecnologia para enfrentar as superbactérias

Para combater o desenvolvimento das superbactérias, um grupo internacional de organizações vai investir milhões de dólares, para apoiar startups de biotecnologia em desenvolvimento de novos antibióticos.

No primeiro ano de funcionamento o projeto, chamado Carb-X, vai distribuir US$ 44 milhões em subsídios para pequenas empresas. O valor pode chegar a US$ 350 milhões nos próximos cinco anos. O portal STAT News diz que os recursos virão de fundos do governo dos EUA e uma iniciativa público-privada no Reino Unido. “O objetivo é desenvolver, pelo menos, duas novas drogas para testes em humanos nos próximos cinco anos”.

Joe Larsen, vice-diretor da The Biomedical Advanced Research and Development AuthorityBarda (divisão do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA), afirmou que o trabalho não busca apenas o desenvolvimento de uma nova classe de drogas. “Nós estamos olhando para a melhoria substancial e novas abordagens” destaca o especialista.

O Carb-X não terá direitos de propriedade intelectual sobre quaisquer projetos que apoiar nem terá qualquer parcela de ações das empresas que financiar.

Segundo o relatório Tackling Drug-Resistant Infections Globally (Enfrentando Infecções Fármaco-Resistentes Globalmente, em tradução livre) lançado por uma equipe de especialistas (Review on Antimicrobial Resistance) convocados pelo governo britânico, as bactérias resistentes aos medicamentos matam cerca de 700 mil pessoas anualmente, e até 2050 esse número pode subir para 10 milhões, se não forem desenvolvidas novas drogas.

Autoridades de saúde pública alertam que o caminho para novos tratamentos é um problema que se tornou ainda mais extremo, já que “indústria [de medicamentos] diminuiu o seu compromisso com a pesquisa de antibióticos”, ressalta a reportagem.

Ainda em 2016, a Carb-X planeja lançar um site onde potenciais parceiros podem solicitar financiamento e espaço em uma das quatro unidades, chamadas “aceleradores de startups” – uma em Boston, outra em San Francisco, e duas no Reino Unido. Uma vez aceita a proposta, as startups terão acesso a ajuda das organizações Wellcome Trust, do Broad Institute, e do National Institute of Allergy and Infectious Diseases.

“Cada acelerador pode desenvolver pesquisas e análises com tempos diferentes, mas o objetivo é realizar em seis semanas ou menos”, explicou Kevin Outterson, professor de direito na Universidade de Boston e diretor executivo do programa Carb-X. “Queremos que o processo seja mais rápido e mais eficiente do que qualquer outro mecanismo de financiamento disponível”, explicou.

Embora qualquer entidade seja incentivada a participar, Kevin Outterson imagina que a maior parte do dinheiro será aplicado em startups de biotecnologia, e não em universidades ou gigantes empresas farmacêuticas.

“Se você pensar nos últimos oito novos antibióticos aprovados pela FDA, sete foram iniciadas por pequenas e médias empresas”, ressaltou o especialista. “A maioria acaba nas mãos de grandes empresas, mas grande parte do trabalho pré-clínico é feito por empresas menores. A grande indústria farmacêutica claramente se afastou da pesquisa e desenvolvimento pré-clínico de antibióticos”.

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