Estatísticas e Análises | 24 de maio de 2016

Ter uma vida espiritual ativa faz bem para a saúde

Atividades religiosas e meditação são formas de reduzir estresse, proteger o coração e melhorar a imunidade
Ter uma vida espiritual ativa faz bem para a saúde

A espiritualidade, orientação para os sentimentos e um desejo de se conectar a algo maior que si mesmo e a busca pelo sagrado na vida, é inerente à natureza humana. Considerando-se os ritos funerários, faz parte do cotidiano há mais de 40 mil anos. Um recente estudo publicado no JAMA Internal Medicine, sugere que mulheres que frequentam serviços religiosos mais de uma vez por semana têm um risco 27% menor de morte por doenças cardiovasculares e câncer. Ele também é reduzido em 21% em comparação com aqueles que nunca buscaram tais práticas. Os pesquisadores usaram dados de 74.534 mulheres em um estudo com enfermeiras. A religião e a espiritualidade poderiam ser um recurso subestimado na medicina, enfatizam os pesquisadores.

As religiões (mais de 10 mil em todo o mundo) seriam a língua pela qual a espiritualidade é expressa. Mas como esses conceitos abstratos podem ter efeitos tangíveis sobre a saúde? “As pessoas que se dedicam a crença religiosa encontram maior aceitação, apoio social e mais facilidade em evitar hábitos nocivos, além de ter menos ansiedade e depressão. A espiritualidade dá sentido à vida”, explica o médico Miren Morillas, porta-voz do setor de Risco Vascular e Reabilitação Cardíaca da Sociedade Espanhola de Cardiologia, em reportagem do jornal espanhol ABC.

Outro estudo recente da Faculdade de Medicina do Mount Sinai (EUA) fornece outra pista: ter um objetivo na vida protege o cérebro e o coração, tanto para homens quanto mulheres. Encontrar um sentido para a existência pode reduzir o risco de AVC e doença cardíaca, aumentando a longevidade em mais de 20%. Em particular, estar altamente motivado reduz em 23% a mortalidade por todas as causas. Outro estudo de 2014, da Universidade de Oregon (EUA), esclarece que a religião ajuda a regular o comportamento e hábitos saudáveis, enquanto o conceito mais amplo de espiritualidade regula as emoções e como nos sentimos. Aspectos fundamentais estes quando se trata de manter (ou recuperar) uma boa saúde.

Prolongar a vida, viver com menos estresse, risco cardiovascular reduzido, poucas chances de depressão e até mesmo maior capacidade para cuidar de si mesmo. Esses são alguns benefícios de uma pessoa espiritualizada, aquela que se dedica à prática de uma religião. Rezar, frequentar igrejas, meditar ou ter atenção plena trazem benefícios tangíveis para a saúde física e mental.

Reduz estresse

Meditação é muito eficaz na redução do estresse e pode incentivar a produção de novos neurônios e funciona como um protetor neuronal.

Menos casos de câncer e problemas cardiovasculares

O estudo publicado no JAMA mostrou que mulheres que frequentam cultos religiosos mais de uma vez por semana têm um risco 27% menor de morte por doenças cardiovasculares e câncer.

Longevidade

A bióloga Elizabeth Blackburn recebeu o Prêmio Nobel por seus estudos sobre a telomerase (enzima que tem como função adicionar sequências específicas e repetitivas de DNA à extremidade dos cromossomos, onde se encontra o telômero, cujo comprimento prediz doença e mortalidade). Ela também estudou o efeito da meditação sobre esta enzima e notou que houve aumento de atividade de 26%, o que sugere que algumas formas de meditação, tais como a Atenção Plena (Mindfullness), pode ter efeitos medicinais no comprimento de telômeros.

Mais forte diante do sofrimento

A fé e a religiosidade ajudam a sublimar a dor. Orar quando se tem algumas doenças tem o efeito de uma atividade de distração e ajuda a aceitar o sofrimento.

Estilos de vida saudáveis

As pessoas com orientação mais espiritual normalmente estão integradas em comunidades (paroquiais ou grupos voluntários) que promovem estilos de vida saudáveis. Eles também têm menos risco de cair em depressão, pois são mais positivas e perseverantes.

Menos obesidade e menos depressão

Há uma clara relação entre ansiedade, depressão, personalidade hostil e a maior propensão a cair em vícios, à exclusão social e menor auto-cuidado. Esses hábitos levam à obesidade, tabagismo, hipertensão, diabetes que são fatores de risco para doença cardiovascular. As pessoas religiosas e espirituais tendem a ter uma atitude mais positiva e cuidadosa.

Papa Francisco

“As obras de misericórdia corporal e espiritual são o estilo de vida do cristianismo”

“O Evangelho é o livro da misericórdia de Deus, mas continua a ser um livro aberto onde continuam a ser escritos gestos concretos de amor dos discípulos de Cristo, o melhor testemunho da misericórdia”, afirmou o Papa Francisco em mensagem feita em abril, para dezenas de milhares de participantes no Jubileu da Espiritualidade e da Misericórdia.

O Papa Francisco convidou todas as pessoas do mundo para continuar a escrever o Evangelho de Cristo, “fazendo as obras de misericórdia corporais e espirituais, que são o estilo de vida cristão”. O Pontífice disse que em cada pessoa “pode haver um contraste, uma luta interna entre o coração fechado e a chamada para abrir as portas e sair de nós mesmos”. Ele instigou todos a saírem de casa como os primeiros apóstolos, indo ao encontro de “uma humanidade ferida continuamente e com medo, com as cicatrizes da dor e da incerteza”.

Perante o atual cenário global, de acordo com Francisco, é preciso “desejar que a misericórdia de Deus vá ao encontro de todas a pobreza e liberte as muitas formas de escravidão que afligem o nosso mundo”. Especificamente, em nossos dias, “ser apóstolo da misericórdia significa tocar e acariciar essas chagas, também presentes no corpo e na alma de muitos irmãos e irmãs”. Deixando muito claro que que não se trata simplesmente de caridade, o Papa acrescentou que “para curar essas feridas, confesse a Jesus; permita que Ele toque os outros em sua misericórdia e reconheça-Lo como Senhor e Deus. Esta é a missão que nos foi confiada. Muitas pessoas pedem para ser ouvidas e compreendidas”.

Francisco afirmou que “o Evangelho da misericórdia está à procura de pessoas com o coração paciente e aberto, bons samaritanos” que conhecem a compaixão e o silêncio diante do mistério de irmãos e irmãs. Pede servos generosos e alegres que amem gratuitamente, sem nada pedir em troca”.

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