Estatísticas e Análises | 26 de dezembro de 2016

Pacientes de médicas mulheres têm maiores taxas de sobrevivência

idosos hospitalizados tratados por médicas têm menores taxas de mortalidade e readmissão
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Pessoas idosas que foram tratadas por médicas em hospitais têm melhores taxas de sobrevivência e menos readmissões do que as tratadas por médicos homens. É o que indica um estudo norte-americano  feito pela Harvard T.H. Chan School of Public Health e publicado na revista científica Journal of the American Medical Association (JAMA).

As informações foram baseadas na análise dos registros médicos de mais de um milhão de pessoas, referentes ao período de 2011 a 2014. O estudo foi considerado a primeira avaliação em nível nacional a comparar os resultados entre os pacientes de médicos do sexo feminino e do sexo masculino.

Os resultados sugerem que pacientes tratados por uma médica do sexo feminino tinham um risco relativo 4% menor de morrer prematuramente em comparação com os pacientes tratados por um médico homem. Os pacientes atendidos por médicas também tiveram um risco relativo 5% mais baixo de serem readmitidos em um hospital nos 30 dias após a alta.

Pela estimativa da pesquisa, se os homens conseguissem obter a mesma taxa de sucesso que as mulheres, cerca de 32 mil mortes seriam evitadas a cada ano apenas entre os pacientes do programa de assistência de saúde Medicare, um programa do governo norte-americano que atende pessoas com mais de 65 anos. É aproximadamente o mesmo que o número de mortes por acidentes de carro que ocorrem nos EUA em um ano, disse o estudo.

O principal autor do estudo, Yusuke Tsugawa, do Departamento de Política e Gestão de Saúde da Universidade de Harvard, diz que “a diferença nas taxas de mortalidade nos surpreendeu”. Ele ressaltou que “o gênero do médico parece ser particularmente significativo para os pacientes mais doentes. Estes resultados indicam que as potenciais diferenças nos padrões da prática entre os médicos homens e mulheres podem ter implicações clínicas importantes”. Esta associação foi vista em uma ampla variedade de condições clínicas e variações na gravidade da doença, conforme o relatório.

A pesquisa não se aprofundou nas razões que levaram às diferenças observadas. Pesquisas anteriores mostraram que as médicas tendem a seguir as diretrizes clínicas de forma mais rigorosa, e que as mulheres oferecem uma comunicação mais centrada no paciente, em comparação aos homens.

Quando os investigadores restringiram a análise a médicos hospitalistas (a quem os pacientes são distribuídos aleatoriamente) os resultados permaneceram consistentes, sugerindo que a seleção de pacientes, na qual os pacientes mais saudáveis podem escolher determinados médicos, não explicam os resultados.

Outro autor, Ashish Jha, professor de política de saúde e diretor do Harvard Global Health Institute, considerou que uma melhor compreensão das diferentes abordagens é mais importante do que nunca. “Havia ampla evidência de que os médicos do sexo masculino e feminino praticam a medicina de forma diferente. Nossas descobertas sugerem que essas diferenças são importantes para a saúde do paciente. Precisamos entender porquê as médicas mulheres têm menores taxas de mortalidade para que todos os pacientes possam ter os melhores resultados possíveis, independentemente do sexo de seu médico”, concluiu.

Médicas correspondem a cerca de um terço (⅓) da força de trabalho médico dos EUA e metade de todos os norte-americanos graduados em medicina.

No Brasil, a presença da mulher na Medicina praticamente dobrou em 100 anos. Segundo dados do Conselho Federal de Medicina (CFM), que levam em conta os profissionais em atividade, o percentual de médicas passou de 22,1% em 1910 para 39,9% em 2010. Segundo a Demografia Médica no Brasil 2015, as mulheres já são maioria entre os médicos com até 29 anos: 56,2% contra 43,8% dos homens.

A mudança ocorreu em 2011, quando o número de mulheres ingressando na profissão superou o de homens: 52,6% contra 47,4%. Desde então, a entrada de mais mulheres tem sido crescente. Em 2014, 54,8% dos novos profissionais da área eram do sexo feminino e 45,2% do sexo masculino.

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