Gestão e Qualidade | 13 de agosto de 2018

Modelos de remuneração baseado em valor foram debatidos em evento do Sistema FEHOSUL

Coordenador do Instituto Coalizão Saúde realizou a palestra de encerramento do Seminários de Gestão de agosto
Modelos de remuneração baseado em valor foram debatidos em evento da Fehosul

Um estudo aprofundado sobre a aplicação de novos modelos de remuneração baseado em valor foi apresentado pelo coordenador do Grupo Valued-Based Care do Instituto Coalizão Saúde (ICOS), Fabrício Campolina, na última apresentação da 8ª edição do Seminários de Gestão. Promovido pela Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Saúde do RS (FEHOSUL), Sindicato dos Hospitais e Clínicas de Porto Alegre (SINDIHOSPA) e Associação dos Hospitais do Rio Grande do Sul (AHRGS), o evento ocorreu na sexta-feira (3), no Hotel Continental, em Porto alegre.

O tema desta edição foi Performance, Resultados e Valor em Saúde. Evento prestigiado na área de gestão de saúde, contou mais uma vez com auditório lotado.  O Banrisul foi o patrocinador desta edição. O portal Setor Saúde é o veículo de comunicação oficial do evento e a FASAÚDE/IAHCS  é  a instituição de Ensino Superior responsável pela emissão dos certificados do evento. Os apoiadores desta edição foram IAHCS Acreditação e Stericycle.

Modelos de remuneração baseado em valor

O primeiro questionamento trazido pelo palestrante foi a definição de valor em saúde. Campolina ressaltou o conceito apresentado na palestra anterior, de Eduardo Giacomazzi: a compreensão de valor como resultados dos cuidados assistenciais divididos pelos custos. “Nenhum assunto tem sido tão debatido em saúde como modelo de remuneração baseado em valor”, disse. Porém, apesar do conceito bem definido, Campolina apontou que é complexa a migração para um novo modelo de pagamento baseado em valor. Por isso, sob sua coordenação, o ICOS estabeleceu um Grupo de Trabalho, com associações e instituições da área da saúde, que elaborou um estudo técnico sobre o assunto. “Foram envolvidas 40 empresas, em 16 horas de discussões e 100 horas de leituras”, destacou.

Fabrício Campolina

Fabrício Campolina

De acordo com o ICOS, valor pode ser definido em três eixos principais: o equilíbrio entre a percepção do cidadão quanto à experiência assistencial; prevenção e tratamentos apropriados que proporcionem desfechos clínicos de alta qualidade; e custos adequados em todo o ciclo de cuidado, permitindo a sustentabilidade do sistema de saúde.

Foram desenvolvidos pelo Grupo de Trabalho, segundo Fabrício, os seguintes elementos-chave para que seja trilhado um caminho para o pagamento baseado em valor.

População-alvo (descobrir exatamente que tipo de paciente está sendo tratado)

Escopo (definição de quais objetivos primários se pretende atingir com a migração do modelo)

Arquitetura de modelos (são diversas arquiteturas disponíveis, e todas possuem pontos positivos e negativos. Por isso, é importante escolher a mais adequada em cada cenário. Experiências internacionais, onde pagamento com base em valor é um conceito mais desenvolvido, têm validado diferentes arquiteturas de modelos para certas populações, escopo de serviço e grau de compartilhamento de risco. Embora haja lições a serem aprendidas de casos no exterior, adaptar tais modelos à realidade brasileira se faz necessário)

Medidas de desfecho (é importante ter bem definido os indicadores, que possuam relevância – principalmente clínica –  para conectar adequadamente a assistência com o modelo de pagamento escolhido para a população-alvo escolhida)

Monitoramento de dados (dados precisam ser analisado em profundidade. Analisá-los em grupos pode ser um limitador, por isso foi destacada a importância de análises personalizadas, com dados protegidos)

Compartilhamento de riscos (deve ser feito de modo gradativo, respeitando o amadurecimento e a capacidade dos atores)

Mitigação de riscos (é necessário buscar mecanismos para mitigar os riscos, ou seja, todo risco só poderá ser mitigado se devidamente identificado e se houver um conhecimento da sua população e dos dados clínicos, demográficos e epidemiológicos, assim como as possíveis variações dos perfis)

Mesmo que os elementos-chaves sejam bem estabelecidos e compreendidos, o palestrante ressaltou que é de extrema importância conhecer os fatores críticos de sucesso, para que possam ser alcançados os benefícios de um novo modelo. Campolina apontou os seguintes fatores: capital humano; processos; tecnologia; regulamentação e políticas públicas; e alinhamento entre atores.

Fabrício Campolina destacou que o desafio da sustentabilidade do sistema de saúde necessita ter como foco principal o paciente-cidadão (que também possui responsabilidades) num novo modelo de pagamento e contratação de provedores. “Além disso, devido às complexidades, dificilmente um modelo vai atender a todas as demandas”, destacou. O palestrante enfatizou que deve ser central a busca por melhores desfechos para a saúde em novos modelos de pagamento baseados em valor. “Sem uma busca por melhores desfechos, com a implementação de medidas relevantes, novos modelos de pagamento serão apenas novos modelos comerciais e não realizarão a promessa de entregar valor para o sistema”, apontou.

O palestrante afirmou que modelos de remuneração baseado em valor já são uma realidade. “Hoje em dia esse debate deve ser: quando a maior parte da remuneração do nosso país vai ser feita por modelos baseado em valor, não se isso vai acontecer. Talvez a pergunta deve ser se esta realidade vai ser preponderante em três ou dez anos, porque eu não tenho a menor dúvida de que isso vai acontecer”, finalizou.

Mais materiais podem acessados pelo link disponibilizado por Campolina ao final de sua palestra.

Cláudio Allgayer, Fabrício Campolina e Everton Luiz Meyer Morais

Cláudio Allgayer, Fabrício Campolina e Everton Luiz Meyer Morais

Performance, Resultados e Valor em Saúde

O Seminários de Gestão ainda teve como temas e palestrantes, O QUE É, COMO MEDIR E ENTREGAR VALOR EM SAÚDE, com  Renato Couto (Presidente do IAG); INDICADORES DE DESFECHOS CLÍNICOS, com Denise Schout (diretora técnica do Hospital Santa Catarina, de São Paulo); e INFORMAÇÃOQUE GERA VALOR EM HOSPITAIS, abordada por Eduardo Giacomazzi (Diretor Adjunto do ComSaude – FIESP).

A próxima edição já tem data marcada, 18 de outubro, e abordará o tema SAÚDE DIGITAL E TELEMEDICINA. Em breve, as organizações promotoras divulgarão os nomes dos especialistas e os assuntos que serão apresentados.

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