Gestão e Qualidade | 19 de dezembro de 2016

Johns Hopkins Medicine quer redesenhar as unidades de saúde

Integração entre tecnologias e profissionais é inspirada na segurança do sistema de aviação
johns-hopkins-medicine-quer-redesenhar-as-unidades-de-saude

Em hospitais dispositivos, monitores e outros sistemas eletrônicos não costumam conversar entre si, elevando os riscos de segurança para o paciente, os custos e diminuindo a produtividade. Um vídeo divulgado no dia 13, pelo Johns Hopkins Medicine destaca que pacientes morrem por danos evitáveis diariamente em uma quantidade equivalente a, pelo menos, um desastre de avião comercial por dia.

Em aviões comerciais, todos os sistemas de tecnologia são integrados e trabalham de forma conjunta para garantir viagens seguras. Essa confiança em relação aos protocolos aéreos não existe da mesma forma em relação à segurança do sistema de saúde, segundo a Johns Hopkins Medicine.

“Você já imaginou um avião estar prestes a pousar sem o trem de pouso baixado, e o piloto não receber um aviso? É assim que o sistema de saúde trabalha hoje em dia, e é isso que estamos tentando mudar”, explicou Peter Pronovost, médico diretor do novo Instituto Armstrong para a Segurança e Qualidade do Paciente na Universidade Johns Hopkins e vice-presidente sênior da Johns Hopkins Medicine.

Falta de integração

O especialista diz que há uma surpreendente falta de integração em hospitais. “Uma enfermeira precisa analisar os dados dos aparelhos separadamente. Um alarme deixa de ser notado e os sinais de que a saúde do paciente está em declínio podem ser percebidos tarde demais”. Dr. Pronovost salienta que médicos passam mais tempo com suas tecnologias do que com seus pacientes. “Como resultado, temos pacientes doentes, baixa produtividade e altos custos”.

Mas, segundo o especialista, há como resolver a questão. “Estamos trabalhando para aparar essas arestas entre as tecnologias que salvam vidas, pacientes e clínicos. Especialistas em segurança do paciente estão trabalhando com engenheiros para criar um ambiente clínico que seja semelhante ao painel de controle de um avião”, comentou. “Pessoas e tecnologias estão trabalhando com o intuito de economizar dinheiro, tempo e salvar vidas”.

O trabalho, parceria entre Instituto Armstrong da Johns Hopkins e o instituto de pesquisa Apllied Physics Laboratory, visa criar uma unidade clínica ideal, em que as tecnologias, fluxos de trabalho e ambiente clínico trabalhem todos juntos para ajudar os clínicos a oferecer o cuidado mais seguro e centrado no paciente possível.

A chamada Unidade de Cuidados Modulares Integrados de Alta Confiabilidade (High Reliability Integrated Modular Care Unit) pode ser adaptada em qualquer lugar globalmente, em qualquer tipo de ambiente, como um departamento de emergência, unidade de terapia intensiva ou clínica. Estas unidades modulares podem ser combinadas em clínicas integradas, que podem estar em rede com hospitais integrados e sistemas hospitalares.

Além de integrar tecnologias, o projeto identificará outros componentes de um sistema de saúde de excelência, como a iluminação adequada, que tem demonstrado ser um ponto importante para melhorar resultados dos pacientes. Nesta unidade ideal, a experiência do paciente será transformada: menos complicações, mais “tempo de qualidade” com a equipe de cuidados e mais oportunidades de se envolver com seu próprio tratamento.

Dessa forma, médicos e enfermeiros serão capazes de prever quais pacientes estão em risco e rapidamente identificar se um paciente está recebendo todos os procedimentos necessários para evitar complicações – uma tarefa difícil e demorada no ambiente fragmentado de hoje. Com os clínicos gastando menos tempo com tarefas como registros, a produtividade melhorará e o burnout será menos comum entre os profissionais. Eles poderão se concentrar no que fazem melhor: diagnosticar, tratar, reconfortar, mas com o apoio das análises preditivas e da medicina de precisão.

Assista o vídeo, produzido pela instituição norte-americana:

Saiba mais mais sobre iniciativas do Instituto Armstrong.

Vale lembrar que o Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre, é o único afiliado à Johns Hopkins Medicine International no Brasil, o braço internacional da Johns Hopkins. A instituição mantém constante intercâmbio de profissionais e práticas com a instituição norte-americana, referência de qualidade na saúde mundial.

VEJA TAMBÉM