Estatísticas e Análises | 30 de março de 2016

Investigadores identificam mecanismo que promove a comunicação entre os neurônios

Proteína ubiquitina tem papel "construtivo"
Investigadores identificam mecanismo que promove a comunicação entre os neurônios

 

Uma equipe de investigadores do Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC) da Universidade de Coimbra (UC), em Portugal, descobriu que a ubiquitina organiza as proteínas que permitem aos neurônios trocarem informação entre si.

O estudo publicado na revista científica Journal Of Cell Biology contraria a ideia geral de que a ubiquitina é apenas uma proteína que promove a destruição de proteínas danificadas ou com erros. Neste trabalho os autores descobriram que a ubiquitina é responsável pela formação de novas sinapses, sendo essencial para a comunicação neuronal.

Maria Joana, umas das autoras do artigo, sublinha que “algumas proteínas que se acumulam nos neurônios têm uma pequena ´cauda´ feita de várias ubiquitinas ´atreladas´. Neste trabalho descobrimos que a acumulação destas proteínas contribui para a comunicação neuronal porque as suas ´caudas´ de ubiquitinas funcionam como um ´ímã´, os quais atraem e organizam corretamente os recursos dessa comunicação”.

Ramiro Almeida, líder da equipe de pesquisadores, explica que “decidimos arriscar uma abordagem pouco convencional e investigar o processo pelo qual a maquinaria de destruição das células contribui para o desenvolvimento do sistema nervoso. Surpreendentemente, à luz do conhecimento atual, observamos um aumento extraordinário do número de sinapses nos neurônios de ratos in vitro, em contexto de experimentação laboratorial”.

O resultado obtido sugere que a ubiquitina, “para além da sua tarefa de degradação, tem um outro papel construtivo que explica o aumento de sinapses obtidas”, acrescenta. As conclusões desta investigação, desenvolvida ao longo de quatro anos, contribuem para a compreensão dos mecanismos de formação de sinapses, a estrutura responsável pela passagem de informação no sistema nervoso, e poderão auxiliar a comunidade científica a encontrar novas abordagens para os casos de autismo, esquizofrenia, atrofia muscular espinhal e principalmente síndrome de Angelman – doença que acomete uma pessoa a cada 15 mil e que compromete a fala, coordenação e movimentação, inclusive com microcefalia.

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