Gestão e Qualidade | 3 de janeiro de 2021

Instituto de Cardiologia adota austeridade para lidar com os impactos da pandemia

Com a pandemia, instituição teve diminuição da receita de cerca de R$ 13,2 milhões e aumento de R$ 2,3 milhões do custo operacional
Instituto de Cardiologia adota austeridade para lidar com os impactos da pandemia

O Instituto de CardiologiaFundação Universitária de Cardiologia (IC-FUC) colocou a austeridade em prática, em 2020, devido ao impacto gerado pela pandemia da Covid-19. O diretor-presidente e médico do IC-FUC, Marne de Freitas Gomes, aponta que, durante a pandemia, a instituição teve diminuição da receita de R$ 13,2 milhões e aumento de R$ 2,3 milhões do custo operacional.

Porém, o diretor-presidente, 14º entrevistado da série especial do portal Setor Saúde, com executivos de hospitais e operadoras de planos de saúde do Rio Grande do Sul, também ressalta que o IC-FUC tem buscado novas receitas – com êxito.

Em maio de 2020, o Instituto de Cardiologia assinou contrato adicional para prestação de serviços no Hospital Regional de Santa Maria. Além desta instituição, o IC-FUC também administra os hospitais Viamão (Viamão), Alvorada (Alvorada), Padre Jeremias (Cachoeirinha), Instituto de Cardiologia (Distrito Federal) e o Instituto de Cardiologia (Porto Alegre).

Além do impacto da pandemia, Marne fala do plano de austeridade adotado, contratos adicionais assinados com o Governo do RS (Secretaria da Saúde) e desafios para 2021, dentre outros assuntos. Leia a entrevista completa:

Impacto da pandemia: cerca de R$ 13,2 milhões de diminuição de receita

Para Marne, o Instituto de Cardiologia, por ser um hospital filantrópico que atende predominantemente o Sistema Único de Saúde (SUS), vem sofrendo uma situação financeira altamente preocupante nos últimos anos. “A pandemia nos atingiu gravemente ao determinar uma severa redução de nossa receita e elevação significativa nos custos do hospital”, diz.

O diretor presidente afirma que, durante a pandemia, o Instituto de Cardiologia teve diminuição da receita na casa de R$ 13,2 milhões e aumento do custo operacional em R$ 2,3 milhões.


Plano de austeridade adotado

“Em 2020, foi inadiável a adoção de um plano de austeridade, que iniciamos com o apoio da Caixa Econômica Federal, visando uma necessária redução na folha de pagamento, cujos resultados estão sendo satisfatórios”, avalia.

Ao mesmo tempo, Marne pontua que a instituição também busca novas receitas. “Encontramos, também, boa receptividade política para socorro de algumas premências e para a realização de projetos que nos capacitarão a manter nosso conceito de Hospital Modelo”, diz. Além disso, o diretor-presidente aponta que tem observado um resultado animador com o novo Centro de Cirurgia Ambulatorial.


Contrato adicional para prestação de serviços no Hospital de Santa Maria

Em maio de 2020, a Secretaria Estadual da Saúde do Rio Grande do Sul (SES/RS) oficializou o contrato de prestação de serviços hospitalares do Hospital Regional de Santa Maria com a empresa gestora da instituição, o Instituto de Cardiologia – Fundação Universitária de Cardiologia (IC-FUC).

O documento assinado pela secretária da Saúde, Arita Bergmann, e pelo diretor-presidente do IC-FUC, Marne de Freitas Gomes, foi um aditivo ao contrato que já estava vigente, mas contava apenas com a prestação de serviços ambulatoriais.

Por ano, o novo contrato com o Hospital Regional prevê um repasse de R$ 9 milhões, parte financiado pelo Ministério da Saúde (R$ 2,7 milhão) e parte pelo Tesouro do Estado (R$ 6,3 milhões), o que representa um aumento de R$ 1,8 milhão em relação ao contrato anterior.

Instituto de Cardiologia assina contrato para prestação de serviços no Hospital Regional de Santa Maria

O plano da construção do Hospital Regional de Santa Maria iniciou em 2003, mas foi em 2018 que ele foi aberto parcialmente, oferecendo os serviços de ambulatório de doenças crônicas, e em 2019, iniciando o atendimento no ambulatório de cardiologia.

A inauguração de 130 leitos de tratamento voltados para as especialidades de cardiologia, neurologia e clínica geral estava inicialmente planejada para julho de 2020. Em função da pandemia do coronavírus, no entanto, o Governo do Estado se apressou para viabilizar a abertura dos serviços hospitalares, a fim de ampliar a capacidade de atendimento aos infectados pela Covid-19 na região Central. Em abril foram entregues 10 leitos de UTI e 30 de internação clínica no Hospital de Santa Maria.

hrsm


Desafios para 2021

“Possuímos muitos desafios para 2021. A superação dos primeiros meses será mais difícil porque a receita operacional não terá sido, ainda, incrementada como pretendemos e a ampliação estrutural projetada estará em andamento, por exemplo: emergência e sala de hemodinâmica novas”, afirma.

De acordo com o Instituto de Cardiologia, a reforma do setor de emergência está em vias de implantação. A instituição comunica que várias outras melhorias estão em andamento (Estacionamento, Laboratório de Análises Clínicas, novos equipamentos, renegociação com convênios etc.).


Hospital pós-pandemia

“Após a pandemia, o Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul, além do processo de ampliação estrutural, manterá a sua excelência assistencial e seu conceito de grande protetor do coração dos gaúchos”, avalia.


Instituto de Cardiologia adota austeridade para lidar com os impactos da pandemia_

Novas tendências do mercado, telessaúde e foco da saúde em 2021

Ao analisar as tendências que estão em alta no mercado da saúde, como verticalizações, fusões/aquisições e parcerias estratégicas entre hospitais, Marne aponta que as parcerias estratégicas entre hospitais são importantes e podem beneficiar a sustentabilidade das instituições, para enfrentarem os desafios econômicos atuais.

Ele também destaca o papel da telessaúde, apontando que pode ser uma ferramenta alternativa em determinadas situações.

Ao analisar quais fatores devem ter maior foco de atenção na saúde brasileira para o próximo ano, o diretor-presidente aponta: “No próximo ano, devemos atentar mais para diferentes consequências do estresse da sociedade, principalmente medo, depressão, suicídio, violência e criminalidade”, avalia.


Reflexões sobre a pandemia e mensagem de final de ano

Ao falar sobre as lições que a pandemia trouxe ao gestor, Marne salienta que, diariamente, aprende e reflete sobre a importância da responsabilidade médica para encarar os desafios impostos.


E aponta o amor ao próximo na sua mensagem de final de ano. “No final do ano, costumo lembrar aos nossos colaboradores a lição de Jesus Cristo: amor ao próximo, especialmente aos doentes e ao hospital”, finaliza.


Instituto de Cardiologia adota austeridade para lidar com os impactos da pandemia

Marne de Freitas Gomes

Médico cardiologista graduado pela Fundação Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre e mestre em Ciências da Saúde pelo Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul. É diretor-presidente e médico do Instituto de Cardiologia – Fundação Universitária de Cardiologia. Professor assistente da Fundação Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre. Tem experiência na área de Medicina, com ênfase em Cardiologia, atuando principalmente nos seguintes temas: Cardiologia, Infarto Agudo do Miocárdio, Angina.



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