Gestão e Qualidade | 9 de junho de 2022

Inovações na endoscopia resultam em diagnóstico preciso e tratamentos menos invasivos

Grand Round do Hospital Moinhos abordou evolução da endoscopia digestiva com a participação de especialistas nacionais
Inovações na endoscopia resultam em diagnóstico preciso e tratamentos menos invasivos

Os avanços da tecnologia dos aparelhos endoscópicos tem resultado em diagnósticos mais precisos e tratamentos menos invasivos. O uso das máquinas com inteligência artificial facilita, mas não exime a qualificação dos profissionais. O olhar preparado do médico endoscopista é primordial para identificação da causa maior do adoecimento do paciente.

A conjuntura entre uma qualificada estrutura de equipamentos e um corpo médico capacitado é o consenso dos palestrantes da edição de maio do Grand Round, promovido pela Faculdade Moinhos de Vento. Com o tema, Endoscopia digestiva: inovação diagnóstica e desafios terapêuticos, o evento contou com quatro palestras com ampla apresentação de casos clínicos e seus desfechos, com o intuito de troca de experiência diagnóstica.

De acordo com o médico assistente do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e médico coordenador do Serviço de Endoscopia do Hospital Nipo-Brasileiro, Nelson Miyajima, o primeiro a palestrar, o diagnóstico é a parte mais importante das etapas a serem cumpridas durante o processo de atendimento. Por meio de imagens ilustrativas, o especialista apresentou uma situação de quatro lesões em estágios iniciais, sobre as quais salientou: “Neste caso, se apresenta uma dificuldade ao endoscopista, pois quanto mais precoce é a lesão, maior é a dificuldade do diagnóstico. O que impõem um desafio, porque é a partir do que é identificado que se faz a escolha entre o  tratamento cirúrgico ou endoscópico”, enfatiza.

Para Miyajima, atenção a processos simples — como a limpeza do órgão quando se trata de um quadro de gastrite erosiva no estômago — faz toda a diferença para não deixar passar um adenocarcinoma, por exemplo, entre as lesões aparentes. “Os aparelhos atuais permitem a identificação de uma neoplasia. O mais apropriado é definir o tipo de lesão e a abordagem certa de intervenção”, explicou.

Prevenção com a retirada precoce de pólipos

O tubo fino e flexível com uma microcâmera com capacidade de captar imagens em tempo real do intestino grosso e de parte do íleo terminal faz parte da tecnologia do exame de Colonoscopia. A chefe do Serviço de Coloproctologia do Hospital Moinhos de Vento, Heloisa Mussnich, ressalta a importância do aparelho como aliado na prevenção ao câncer avançado. “Como a carcinogênese do câncer colorretal, normalmente, ocorre a partir de pólipos, temos como conduta em fazer a prevenção por colonoscopia. A retirada dos pólipos se torna muito eficiente para barrar o avanço para um estágio mais grave”.

A médica destacou a complexidade em lidar com a alta incidência de casos de câncer de intestino conforme os dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca). Em 2020, o levantamento aponta para 20.540 novos casos em homens e 20.470  em mulheres. No Rio Grande do Sul, foram totalizados 2.540 casos no período, sendo uma estimativa de 19,64 a cada 100 mil habitantes em homens, e 19,03 a cada 100 mil habitantes do sexo femino. Em Porto Alegre, a incidência é maior do que a mapeada em nível estadual, com taxas de 26,66 e 26,41 respectivamente. O câncer de intestino já é o segundo mais recorrente na população, está atrás do de câncer de próstata nos homens, e no câncer de mama nas mulheres.

Heloisa relata que a mortalidade brasileira ainda cresce em relação a alguns países desenvolvidos que já demonstram queda. Por este motivo, é importante voltar a atenção para as diretrizes mundiais nos vários programas que têm como ponto central a prevenção. A médica alerta para os níveis de recomendação que norteiam a regularidade de exames preventivos, considerando a faixa etária do paciente.

Considerando esses parâmetros, a especialista aponta o que há de consenso a respeito do tema, e o que os estudos internacionais apontam como melhor caminho para a prevenção ao câncer colorretal por meio de acompanhamento e exames preventivos.

As evidências reforçam de forma inequívoca a prevenção na faixa etária de 50 a 75 anos. “Observamos que na faixa etária dos 45 aos 50 anos,  devido ao aumento no número de casos, temos inúmeros indícios de que a prevenção é útil. A partir dos 75, considerando riscos e benefícios, o mais adequado é individualizar a conduta de acordo com as condições de saúde do paciente e o risco de desenvolver a doença”, salientou.


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Troca de experiência diagnóstica

O grande investimento em novos aparelhos com tecnologia de Inteligência Artificial (CAD EYE), realizados pelo Hospital Moinhos de Vento, proporciona imagens em alta definição para a realização de procedimentos endoscópicos. O coordenador  da unidade, o médico da Unidade de Endoscopia do Hospital Moinhos de Vento, Leonardo Grillo, ressaltou que a nova estrutura oferece várias novas alternativas de tratamento, — além da melhora na capacidade diagnóstica com uma análise mais minuciosa na mucosa do esôfago, estômago e intestino grosso (cólon).

Inovações na endoscopia resultam em diagnóstico preciso e tratamentos menos invasivos-

Nesse sentido, “ilustramos as nossas apresentações com riqueza de detalhes de casos clínicos que tivemos aqui no hospital, para que possamos trocar experiências, e assim, aumente a expertise em achar a melhor solução para o paciente”, exaltou.

O chefe do Serviço de Gastroenterologia e Cirurgia do Aparelho Digestivo do Hospital Moinhos de Vento,  Fernando Wolff, também, ressaltou o momento para ensinar e aprender com os colegas, “O objetivo do encontro é mostrar as possibilidade de tratamento endoscópico para beneficiar os nossos pacientes”.

Os especialistas do Moinhos de Vento trouxeram vários exemplos de casos reais de pacientes que foram diagnosticados e receberam o tratamento adequado e personalizado, ainda é possível assistir por meio do canal do youtube da Faculdade Moinhos, pelo link.

O palestrante convidado, Nelson Miyajima, fez questão de elogiar os diagnósticos e procedimentos apresentados, e ao ser questionado pelo médico Fernando sobre a perspectiva do uso da inteligência artificial no Brasil, o especialista fez uma importante contribuição: “Em relação a inteligência artificial temos vários ‘brasis’, acho que é importante frisar a importância da colonoscopia, no preparo, no tempo do exame, no aparelho de alta definição, e, treinar os nossos olhos. Temos que caminhar muito nessa área antes de chegar na inteligência artificial. Ela é muito importante, mas não podemos perder o foco”, contextualizou.

Crédito foto: Leonardo Lenskij

 



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