Estatísticas e Análises | 17 de julho de 2016

Existe transmissão de doenças neurodegenerativas por transfusão de sangue?

Estudo internacional afirma que casos podem ocorrer, mas são raros
Existe transmissão de doenças neurodegenerativas por transfusão de sangue

Um estudo publicado no periódico Annals of Internal Medicine, investigou a possibilidade de transmissão de doenças neurodegenerativas através de transfusão sanguínea. A pesquisa retrospectiva de coorte avaliou os registros de transfusões sanguíneas, na Suécia e na Dinamarca, e incluiu dados de 1.465.845 pacientes que receberam transfusões entre 1968 e 2012.

Modelos de regressão multivariada de Cox (avaliação de regressão múltipla aplicado na análise de sobrevida e indicado quando se deseja estimar o papel de variáveis independentes que agem multiplicativamente sobre o risco) foram usados para estimar as taxas de risco para qualquer tipo de demência, Alzheimer e Parkinson, em pacientes que receberam transfusões de sangue de doadores que foram posteriormente diagnosticados com qualquer uma destas patologias, em comparação com os pacientes que receberam sangue de doadores saudáveis.

Também foi investigado se o excesso de ocorrência de doenças neurodegenerativas ocorreu entre os receptores de sangue a partir de um subconjunto dos doadores. Como um “controle positivo”, a transmissão de hepatite crônica, antes e após aplicação de rastreio do vírus da hepatite C, foi avaliada. Entre os pacientes incluídos, 2,9% receberam uma transfusão de um doador com diagnóstico de uma das doenças neurodegenerativas estudadas. Não houve evidência de transmissão de qualquer uma destas doenças, independentemente da abordagem.

Assim, a taxa de risco para demência em receptores de sangue de doadores com demência, em comparação a receptores de sangue de doadores saudáveis foi de 1,04 (CI* 95%, 0,99-1,09). As estimativas correspondentes para Alzheimer e Parkinson foram de 0,99 (CI 95% de 0,85-1,15) e 0,94 (CI 95% de 0,78-1,14), respectivamente. A transmissão da hepatite foi detectada antes, mas não após a implementação do rastreamento do vírus da hepatite C.

A conclusão indica que os dados não proporcionam evidências sobre a transmissão de doenças neurodegenerativas por transfusão sanguínea. Ou seja, se esta transmissão ocorre, ela é rara.

O trabalho foi realizado em conjunto entre as seguintes instituições: Instituto Karolinska e (Suécia); Statens Serum Institut (Dinamarca); Universidade de Leicester (Reino Unido), Universidade Uppsala (Suécia); Hospital Universitário Odense (Dinamarca); Hospital Universitário Aarhus (Dinamarca); Escola de Medicina da Universidade de Stanford (EUA); Blood Systems Research Institute (EUA) e Universidade da Califórnia (EUA).

*CI

Abreviatura inglesa para Confidence Interval (Intervalo de Confiança). Em estatística, CI é o intervalo estimado onde a média de um parâmetro de uma amostra tem uma dada probabilidade de ocorrer. Comumente define-se como o intervalo onde há 95% de probabilidade da média verdadeira da população inteira ocorrer.

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