Gestão e Qualidade | 12 de junho de 2018

Evento estimula práticas de prevenção no controle de infecções hospitalares

Atividade ocorreu em Porto Alegre no dia 8 de junho
Evento estimula práticas de prevenção no controle de infecções hospitalares

Novas técnicas, tecnologias e rotinas na batalha para prevenir infecções no ambiente hospitalar foram apresentadas e discutidas na sexta-feira (8). Organizado pelo Comitê de Controle de Infecção do Sindicato dos Hospitais e Clínicas de Porto Alegre (Sindihospa), a 2ª Jornada de Controle e Prevenção de Infecção Hospitalar reuniu profissionais da área da saúde no Hotel Plaza São Rafael, na capital. O evento teve apoio da Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Saúde do Rio Grande do Sul (FEHOSUL), que realizou a cobertura pelo Setor Saúde, portal de notícias da entidade.

Na abertura da 2ª Jornada de Controle e Prevenção de Infecção Hospitalar, a superintendente assistencial do Hospital Moinhos de Vento, Vania Röhsig, representando o presidente do Sindihospa, Henri Siegert Chazan, saudou a realização do evento pela discussão do tema “Inovação e Tecnologia na Prevenção de Infecções”. Conforme Vania, a gestão para a mudança de hábitos pode ser mais importante do que a compra de um novo equipamento.

A coordenadora do Comitê de Controle de Infecção do Sindihospa e coordenadora do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Divina Providência, Taiana Lando, reforçou que é obrigatória a atualização nesse assunto por, ao menos, dois motivos: tecnologias mais eficientes são lançadas e microrganismos ficam mais resistentes.

 

“Com novas tecnologias ou mesmo incorporando um novo modelo de fazer medidas preventivas, ganhamos tempo e reduzimos custos. Isso aumenta o giro de leitos. Assim, garantimos a segurança e a satisfação do paciente”, disse Taiana, enfermeira especialista em controle de infecção hospitalar, acrescentando que a troca de experiências qualifica os profissionais, que levarão para o seu local de trabalho os novos conhecimentos, multiplicando as informações. A enfermeira avaliou o evento como “uma troca de experiências de diversos profissionais, o que qualifica os participantes, que levam ao seu local de trabalho estes novos olhares, multiplicando estas informações”.

Indução eletrostática e a eliminação de micro-organismos

Entre as técnicas com resultados positivos para a combate à proliferação de infecções, foi apresentado o modelo adotado pelo Hospital Nove de Julho, de São Paulo. A enfermeira Fabiana Vasques, especialista em desinfecção hospitalar, apresentou a técnica de indução eletrostática, relatando a experiência na sua instituição de saúde. O Nove de Julho é formado por cinco prédios interligados, tem 410 leitos, 22 salas de cirurgia, com 12 mil atendimentos por mês e 2,3 mil procedimentos cirúrgicos mensais.

A técnica consiste na colocação de marcações em interruptores de luz, guardas de leitos e outras partes. Esses locais “infectados” são iluminados por luz negra, que mostra onde há problemas, e fotografados. Depois da limpeza, são feitas novas imagens. A luz negra evidencia onde apenas foi inserido um produto e a sujeira se espalhou ainda mais, e onde efetivamente houve a limpeza. Essa técnica ajuda a treinar as equipes sobre a importância de um trabalho bem-feito. “Às vezes, são necessários pequenos ajustes, como não apoiar a mão onde já se limpou”, comentou Fabiana.

O uso da indução eletrostática na desinfecção no Hospital Nove de Julho, de acordo com a enfermeira, produziu o maior efeito positivo na redução de tempo para a liberação de um leito. Da alta de um paciente até a entrega, a demora caiu 32%, chegando ao tempo máximo de 35 minutos. Em leito de isolamento o ganho foi maior, de 59%, com o período baixando de 90 para 35 minutos.

Porém, Vasques ressaltou a importância de compreender todo o processo de limpeza em uma instituição hospitalar. “Antes de colocar o processo de indução eletrostática no nosso serviço, devemos olhar para o nosso processo de limpeza: como está hoje, como é feito, se estamos cumprindo todos os requisitos para garantir uma limpeza eficaz e com segurança. Após isso, implantar a indução eletrostática. Porém, ele não tira a sujeira visível. Devemos olhar o processo de limpeza, garantir todas as etapas, para daí sim introduzir a indução eletrostática”, afirmou.

A enfermeira frisou que o grande desafio é a eliminação dos micro-organismos. “Porque não visualizamos: nós vemos a sujeira, mas não vemos o micro-organismo. E uma superfície não ter sujeira não indica que ela está limpa. O grande desafio é conseguir com que as pessoas entendam este processo. Para quem é controlador de infecção, está muito claro. Agora, é preciso passar este entendimento para toda a equipe, para quem está lá na ponta, para entender a importância disso. É preciso passar esta informação constantemente, porque precisa de mudança de hábitos e novos conhecimentos”, explicou.

 

 

Alternativa para reduzir propagação de infecções

Andressa Barros, farmacêutica executiva do Hospital São Lucas da PUCRS, de Porto Alegre, especialista em controle de infeção hospitalar, apresentou o revestimento de superfícies com cobre com uma alternativa para reduzir a chance de propagação de infecções. “Cerca de 80% das infecções são transmitidas por contato”, alertou. Por isso, boas práticas de limpeza são essenciais.

No turno da tarde da 2ª Jornada de Controle e Prevenção de Infecção Hospitalar, o tema da prevenção esteve no centro dos debates. Para falar sobre a infecção associada ao cateter venoso central, o evento trouxe Raquel Cechinel, da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre. Da mesma instituição, Márcia Arsego apontou formas de evitar a infecção do sítio cirúrgico. E Camila Hubner Dalmora, do Hospital de Clínicas, concluiu o painel abordando o trato respiratório. Encerrando as palestras, a engenheira de produção Ana Paula Etges, da PUCRS, tratou da avaliação de custo-efetividade.

 

Com informações do Sindihospa.

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