Estatísticas e Análises, Mundo | 14 de setembro de 2015

Estudo indica que turno de 12 horas favoreceria burnout entre enfermeiros

Pesquisa europeia mostra problemas de estresse causados pela jornada de trabalho
Estudo indica que turno de 12 horas favoreceria burnout entre enfermeiros

Estudo publicado pelo British Medical Journal Open (BMJ) constatou que enfermeiros hospitalares que trabalhavam 12 horas ou mais são mais propensos a querer deixar seus empregos, assim como estão mais influenciados a sofrerem burnout (http://setorsaude.com.br/burn-out-sinais-de-alerta-para-diagnosticar-a-depressao/).

Os pesquisadores entrevistaram 31.627 enfermeiros, que trabalhavam em UTIs ou em unidades de tratamento de longa permanência . Os profissionais atuavam em 488 hospitais na Bélgica, Inglaterra, Finlândia, Alemanha, Grécia, Irlanda, Países Baixos, Noruega, Polônia, Espanha, Suíça e Suécia entre 2009 e 2010.

Metade (50%) dos entrevistados tinham jornadas laborais em turnos de oito horas ou menos e um terço (31%) trabalhava entre oito e 10 horas. As jornadas de 12 horas eram mais comuns em determinados países, como 39% dos entrevistados da Inglaterra, 79% da Irlanda e quase a totalidade (99%) da Polônia.

Os mais longos períodos no trabalho foram associados a maiores níveis de burnout, aumento da insatisfação com o trabalho, com a carga horária, além de maior intenção de deixar a profissão.

Entre os enfermeiros com turnos de 12 horas ou mais de trabalho, as chances de produzir relatórios que mostravam estar insatisfeito com seu trabalho foram 40% maior do que entre os enfermeiros que trabalham oito horas ou menos, disseram os pesquisadores. Eles também descobriram que os enfermeiros que trabalhavam turnos de 12 horas ou mais eram mais propensos a experimentar alta despersonalização e baixa realização pessoal.

Embora as conclusões não sejam definitivas, os dados divulgados pelo BMJ contrariam crenças atuais. “A literatura atual tende a afirmar que turnos de 12 horas representam uma forma de reter os enfermeiros na prática clínica hospitalar porque acredita-se ser a jornada que enfermeiros preferem e estão mais satisfeitos em seus empregos: nossos resultados sugerem o contrário”, diz o relatório. A conclusão levanta “questões importantes para os gestores, principalmente porque a satisfação no trabalho é um requisito consistente e robusto para se permanecer em um emprego”.

A idade média dos entrevistados foi de 38 anos, e a maioria eram mulheres. Um em cada quatro (27%) dos entrevistados mostraram alta exaustão emocional, enquanto 17% reconheceram “intenção de deixar o trabalho.” A insatisfação no trabalho e a exaustão emocional em trabalhar mais de 12 horas atingiu, respectivamente, 40% e 31% dos participantes.

A questão acaba gerando problemas para os pacientes. Segundo um artigo do portal KevinMD, o atendimento é prejudicado quando enfermeiros sofrem burnout. Assinado pela médica e pesquisadora Linda Burke-Galloway, profissionais sobrecarregados estão mais ligados a infecções. “Sem uma força de trabalho adequada, o sistema inteiro entraria em colapso”.

“De acordo com um estudo médico recente, para cada paciente extra adicionado à carga de trabalho da enfermagem, há uma média de uma infecção hospitalar para cada mil pacientes”. Em uma média de 5,7 pacientes atendidos por enfermeiro, há uma número estável de 1.351 novas infecções hospitalares evitáveis.

Para evitar maiores riscos, Linda Burke-Galloway indica ao pacientes tomarem as seguintes medidas:

·         Questionar (ao hospital e também ao plano de saúde) sobre a possibilidade de ter acompanhamento de um enfermeiro exclusivo; se a internação é adequada; bem como todas as demais dúvidas.

·         Peça para o seu médico supervisionar de perto o atendimento ou certifique-se de que há um plantonista à disposição.

·         Apresentar uma queixa formal aos administradores hospitalares, ao Conselho de Enfermagem ou órgão responsável, caso sinta sua segurança ameaçada por serviços inadequados.

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