Tecnologia e Inovação | 29 de abril de 2016

Como os drones e a telemedicina podem ajudar a saúde

Tecnologias ganham espaço auxiliando a forma como os serviços de saúde são prestados
Como os drones e a telemedicina podem ajudar a saúde

O drone é uma das tecnologias que mais tem chamado a atenção nos últimos anos. Equipados para resistir a trabalhos pesados e ambientes hostis, esses pequenos aparelhos voadores podem ter diversas utilidades. Embora muito adotados por fotógrafos e cinegrafistas como suporte para câmeras com o objetivo de fazer imagens aéreas de casamentos, atividades esportivas e outras festividades, podem ser úteis em muitas outras funções, inclusive para a saúde. Em setembro, já havíamos mostrado uma invenção holandesa, chamada de “drone-ambulância” que levava um desfibrilador para ser utilizado em casos de emergência.

Como destaca reportagem do portal Telemedmag, “não é mais uma questão de ‘se’ os drones vão desempenhar um papel significativo na telemedicina, mas uma questão de ‘quando’”.

Drones já foram usados, por exemplo, ​​no resgate de vítimas de terremoto no Haiti, em 2015. Também se espera que, ainda em 2016, os aparelhos ajudem a transportar suprimentos médicos para remotas áreas montanhosas do leste africano, como em Rwanda. “Em setembro, a primeira entrega aprovada de suprimentos médicos nos EUA ocorreu em uma zona rural de Virginia”.

Espera-se que os veículos aéreos não tripulados proliferem significativamente nos próximos anos. “Drones serão utilizados como ‘ambulâncias’ para entregar equipamento médico de valor inestimável, como desfibriladores automáticos externos, que poderiam potencialmente salvar vítimas de um deslizamento de terra, por exemplo. A logística é simples: drones podem diminuir o tempo de resposta e aumentar as taxas de sobrevivência. Os equipamentos têm a capacidade de entregar suprimentos em praticamente qualquer lugar, e retornar para um ponto-base sem problemas. Inclusive, a trajetória de voo pode ser programada, sem precisar de um operador.

Reconhecimento

Há três estágios na progressão do uso para fins de telessaúde, conforme Rishi Madhok, médico do setor de emergência no hospital da Universidade da Califórnia, em São Francisco, que tem acompanhado o desenvolvimento dos drones em telessaúde durante os últimos anos. “O primeiro estágio é o reconhecimento, onde drones fornecem a fotografia aérea e um vídeo da cena de um acidente ou desastre natural para dar à equipe de emergência uma ideia melhor da situação”.

Entrega

A segunda etapa é a “entrega”, na qual drones literalmente servem de veículo para transportar equipamentos médicos necessários e drogas para administrar aos feridos no local (como no caso do Haiti). Produtos derivados do sangue e soro antiveneno para picadas de cobra são bons exemplos de excelentes alternativas para serem entregues por drones no futuro.

Comando médico

A terceira e última final, na visão de Madhok, é o “comando médico”, onde drones, através de seus sensores de vídeo, fornecem dados de alta precisão e comunicação de duas vias entre os prestadores de serviços (que estão em um local distante) e aqueles que estão no lugar da ocorrência, sejam profissionais ou leigos.

Italo Subbarao, reitor do Colégio de Medicina Osteopática da Universidade William Carey, está desenvolvendo um drone médico completo, com recursos de telemedicina. O objetivo é lidar melhor com os efeitos causados por desastres naturais, como furacões. Nessas situações, ambulâncias seguidamente têm problemas para alcançar todas as áreas afetadas. Por isso, Subbarao decidiu avançar na fabricação de um drone que possa servir como uma ambulância para uma resposta emergencial.

O drone médico ainda está em fase de testes, mas em última análise, será projetado para incorporar capacidades integradas de recuperação de cuidados de saúde. “Guiados por GPS, o drone leva um kit médico modular que contém equipamentos de diagnóstico e tratamento para a situação do paciente, como ataque cardíaco, trauma, ou febre.”  Subbarao observa que a FDA já aprovou um dispositivo de eletrocardiograma que se conecta a um smatphone com uma câmera térmica embutida. O projeto também prevê um vídeo ao vivo, que conecta o paciente com os profissionais de saúde, que podem orientar sobre o uso do kit médico. “Isso terá tem grande relevância para a resposta a desastres e medicina em áreas remotas, mas também pode ser usado em caso de um ataque terrorista ou um acidente químico, no qual o drone poderia transmitir informações sobre a área contaminada”, explica Subbarao.

Uma empresa do Vale do Silício chamada Matternet tem obtido uma vantagem sobre o uso de drones na telessaúde. Ela tem desenvolvido a tecnologia durante vários anos, e sob comando do co-fundador e CEO da empresa, Andreas Raptopoulos, tem concebido um sistema de veículos autônomos voadores, estações de destino pré-estabelecidas e um software que é capaz de carregar de forma eficaz, pacotes com produtos como suprimentos médicos. Matternet tem implementado programas-piloto para testar o transporte de amostras de diagnóstico médico de clínicas remotas para grandes hospitais, onde o tratamento pode ser mais facilmente avaliado.

A Matternet já realizou mais de 100 missões com drones, em cinco países, em altitudes que variam de um a 3,3 mil metros, com ventos fortes e chuva (frequentemente citados como problemas para drones), o transporte de mercadorias a partir de hospitais locais para clínicas remotas. “De tudo o que aprendemos através de planejamento e implementação destes programas-piloto, está claro para nós que os veículos que ganham confiança dentro de uma comunidade são aqueles que a comunidade tem maior acesso e controle”.

A razão para muitos especialistas em telemedicina e empresários estarem otimistas sobre veículos aéreos não tripulados, é que o uso comercial está se expandindo exponencialmente. No entanto, para chegar à reais benefícios no setor saúde, é preciso que autoridades criem legislações sobre o tráfego aéreo dos drones. “No que diz respeito a supervisão regulatória, drones não são diferentes do que um Boeing 757”, destaca a reportagem.

Embora não esteja claro como a aprovação de medidas legais impactará a telemedicina, houve nos EUA um movimento concreto nesta área, quando a FAA (Federal Aviation Administration) aprovou a entrega, feita por drones, de suprimentos médicos, incluindo medicamentos para asma, pressão alta e diabetes, para doentes de uma área rural na Virgínia. O governador de Virginia, Terry McAuliffe, destacou que a medida “vai revolucionar a forma como se presta serviços de saúde”.

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