Mundo | 31 de agosto de 2015

Como as células fetais agem no organismo das mulheres

Podem ter ação semelhante às células tronco
Como as células fetais agem no organismo das mulheres

Pesquisadores da Universidade do Arizona, em conjunto com outros institutos de saúde dos EUA (Biodesign’s Institute’s Human e Comparative Genomics Lab), descobriram que muitas células do feto passam pela placenta durante a gestação e se instalam em diferentes partes do corpo da mãe. Isso pode proporcionar benefícios para a saúde dela por décadas.

O estudo, liderado por Amy Boddy, mostrou que as células fetais podem agir semelhantes às células tronco e se tornarem células cardíacas, do fígado, da pele, entre outras. Segundo o pesquisador elas são muito dinâmicas e desempenham um grande papel no organismo materno, podendo até mesmo migrar para o cérebro.

Ainda na gestação, as células fetais que deixam a placenta podem agir como uma espécie de placenta fora do útero. Assim, ajudam a redirecionar substâncias essenciais.

Os estudos da Universidade do Arizona mostraram que as células fetais migram para tecidos lesionados, atuando na cicatrização. Muitas dessas células foram encontradas nas cicatrizes de cesáreas. Enquanto isso, as células fetais que se deslocam para os seios parecem contribuir para a produção de leite materno e também ajudam a prevenir o câncer de mama.

Estudos anteriores já haviam observado que mulheres que desenvolveram câncer de mama tinham menor quantidade de células fetais do que as mulheres saudáveis. As células fetais podem, ainda, estimular a produção de ocitocina na mãe. O hormônio é muito associado ao vínculo emocional entre a mãe e o bebê.

Em contrapartida, as células fetais também foram associadas a alguns malefícios. De acordo com as pesquisas, pode haver ligação das células com o aumento no risco de câncer de mama nos anos imediatamente após a gravidez.

Células fetais também estão presentes com mais frequência tanto no sangue quanto no tecido da tireoide em mulheres com doenças da tireoide, incluindo câncer, em comparação com mulheres saudáveis. Os autores sugerem que o sistema de saúde materna, na tentativa de tomar o controle da influência dessas células fetais, pode induzir a níveis perigosos de autoimunidade e inflamação.

A identificação em tecidos do intestino, fígado ou do cérebro materno é apenas um primeiro passo. É possível que as células fetais sejam, no futuro, um poderoso meio de diagnóstico e previsão de condições da saúde materna em longo prazo.

Os autores acreditam ainda em um potencial terapêutico, como para melhorar cicatrização, redução de tumores e, talvez, distúrbios psicológicos ligados à gravidez. De fato, há indícios de ligação com uma ampla gama de manifestações físicas e emocionais na mãe, incluindo enjoos matinais ou depressão pós-parto. Menopausa precoce pode também ser resultado dos esforços de células fetais para remover a fertilidade da mãe, a fim de garantir o máximo de recursos para o feto.

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