Estatísticas e Análises | 25 de maio de 2016

Pesquisa indica tratamento que reduz a mortalidade em casos de AVC

Estudo publicado no New England Journal of Medicine teve colaboração de neurologista do Hospital Moinhos de Vento
Pesquisa indica tratamento que reduz a mortalidade em casos de AVC

O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma das principais causas de morte e de sequelas no mundo. A doença atinge 16 milhões de pessoas a cada ano. No Brasil, cerca de 100 mil mortes são registradas a cada ano. De acordo com o Ministério da Saúde, a doença deixou de ser a principal causa de morte no País em 2011, passando para o segundo lugar, atrás apenas do infarto.

Um ensaio clínico internacional publicado em maio no The New England Journal of Medicine deve mudar a conduta no tratamento do AVC. O estudo mostra que a dose menor do trombolítico é mais segura, com menor mortalidade e pode ser usada nos AVCs com maior risco de hemorragia.

O estudo foi idealizado por pesquisadores do Instituto George para a Saúde Global (Austrália) e foi realizado em mais de 100 hospitais em todo o mundo com mais de 3 mil pacientes. No Brasil, foi coordenado pela Chefe do Serviço de Neurologia e Neurocirurgia do Hospital Moinhos de Vento, médica Sheila Martins, com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ).

O medicamento dissolve o coágulo que obstrui a circulação cerebral no AVC isquêmico diminuindo as sequelas do AVC, mas 5% dos pacientes tratados podem ter hemorragia grave no cérebro. Os resultados mostram que uma dosagem menor da medicação tem benefício semelhante, mas reduz o risco de hemorragia e melhora as taxas de sobrevivência. “Provavelmente, isso vai mudar a conduta do tratamento do AVC no Brasil, possibilitando oferecer o tratamento com menor dose para aqueles pacientes com maior risco de hemorragia”, diz a neurologista.

O rtPA age no cérebro de um paciente até 4,5 horas após o início dos sintomas de AVC. Tendo em vista que muitas pessoas com os sintomas da doença chegam ao hospital após este período, apenas cerca de 5% recebem o medicamento na maioria dos países. Dra. Sheila Martins acrescenta que “com a aplicação de menor dose do tratamento para parte dos pacientes, o custo do tratamento diminui, facilitando a utilização em maior escala no SUS, assim como em países onde o tratamento ainda é muito caro”, ressalta.

O principal autor do estudo, professor Craig Anderson, afirma que é imprevisível quem vai responder bem ao tratamento e que está em risco com o rtPA. “O que mostramos é que, se reduzir a dose da medicação, mantemos a maior parte dos benefícios do tratamento com a dose mais elevada, mas com muito menos sangramentos e melhores taxas de sobrevivência. Em uma escala global, esta abordagem poderia salvar as vidas de muitas dezenas de milhares de pessoas”.

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