Estatísticas e Análises | 5 de julho de 2023

Tempo prolongado de espera na fila por transplante de células-tronco hematopoiéticas influencia na mortalidade

Pacientes com leucemias agudas são os mais impactados, segundo pesquisa do Hospital Moinhos publicada na Elsevier
Tempo prolongado de espera na fila por transplante de células-tronco hematopoiéticas influencia na mortalidade

O Brasil tem o terceiro maior banco de doadores de medula no mundo, com mais de seis milhões de doadores. O tempo para se encontrar um doador compatível demora de duas a quatro semanas e todos os pacientes aguardando leito para realização de transplante de células tronco hematopoiéticas têm doador aparentado ou não-aparentado.

Apesar do encaminhamento de pacientes do SUS para realização de transplante de células tronco hematopoiéticas acontecer de maneira organizada e rotineira, infelizmente, há poucos leitos para a realização deste procedimento para a população necessitada, fazendo com que o tempo na fila de espera se prolongue.


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O estudo do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS), do Ministério da Saúde, liderado pela coordenadora da Unidade de Terapia Hematológica do Hospital Moinhos de Vento, Cláudia Astigarraga, e divulgado na publicação digital Elsevier apontou que, quanto maior o tempo em fila de espera por transplante de células-tronco hematopoiéticas (TCTH), maior o risco de mortalidade, principalmente entre os pacientes adultos com leucemia aguda.


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Projeto Mais TMO

“Na prática, nós já sabíamos disso. Mas é importante colocar em números porque precisamos de mais leitos via Sistema Único de Saúde para reduzir o tempo de espera”, constata a especialista, head da pesquisa. O TCTH refere-se ao transplante de células-tronco de várias fontes (medula óssea e sangue periférico estimulado por fator de crescimento) para o tratamento de doenças hematológicas, autoimunes e genéticas malignas e não malignas.

O estudo envolveu pacientes em fila de espera para realização do transplante de células tronco pelo SUS – parte deles realizou o procedimento no Hospital Moinhos de Vento via projeto Mais TMO, do Proadi-SUS. O tempo médio entre o diagnóstico da doença hematológica foi de 19 meses, sendo seis meses gastos em lista de espera. Além disso, o tempo de espera influenciou principalmente a sobrevida de pacientes adultos. “Quanto maior o tempo de espera, maior a mortalidade. Em menos de três meses na fila, a sobrevida é melhor. Pacientes com mais de um ano na fila morrem mais do que no período de menos de um ano”, observa a head da pesquisa.


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Para Cláudia, é fundamental o gerenciamento da saúde pública. “A questão não é apenas o leito, mas a disponibilização de uma equipe multidisciplinar preparada para o tratamento (médicos, enfermeiros, psicólogos, nutricionistas). Profissionais que saibam lidar com o paciente. É prioritário o investimento em recursos humanos e a melhora do repasse de recursos pelo SUS para este tipo de procedimento”, relata.



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