Tecnologia e Inovação | 5 de agosto de 2020

Santa Casa de Porto Alegre realiza procedimento cardíaco inédito no Sul do país 

Procedimento pode eliminar a necessidade de implante de marcapasso em portadores de arritmias cardíacas
Santa Casa de Porto Alegre realiza procedimento cardíaco inédito no Sul do país 

Um homem de 40 anos, com síncopes recorrentes, foi a primeira pessoa da região Sul do país submetido a uma cardioneuroablação, procedimento que se define como uma ablação (cauterização feita através de cateteres ultrafinos) de gânglios parassimpáticos localizados em regiões específicas dos átrios do coração, visando aumentar a frequência cardíaca. Diferente da ablação convencional, que normalmente tem como objetivo “queimar” circuitos específicos dentro do coração que causam taquicardia, a cardioneuroablação não trata especificamente taquicardias, e sim, modula (gera uma nova programação), evitando bradicardia (quando o coração faz pausas ou bate mais devagar) em pacientes com sintomas de desmaios frequentes, podendo evitar, naquele momento, o implante do marcapasso. É importante destacar, entretanto, que, mesmo diante desse procedimento, há muitos casos em que o marcapasso é indicado e se faz absolutamente necessário.


De acordo com o cardiologista especialista em arritmias cardíacas, Carlos Kalil, o procedimento realizado na Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre abre a possibilidade de evitar marcapasso em algumas situações, principalmente em jovens com síncopes graves e de repetição por quadros vagais. “Quadros vagais são episódios de perda transitória da consciência, conhecido como desmaio, provocadas pela diminuição da pressão arterial e dos batimentos cardíacos por ação do nervo vago, localizado na região da nuca”, informa o coordenador do Centro Internacional de Arritmias – Instituto J. Brugada.


Resposta imediata e coração com nova “programação”

A técnica utilizada foi uma ablação muito semelhante a outra comumente empregada para o tratamento das arritmias, o mapeamento eletroanatômico 3D. “Mas, neste procedimento, abordamos especificamente esses gânglios no coração – nas ablações habituais normalmente o foco é nos átrios ou ventrículos. Esses gânglios foram acessados por mapeamento em 3D e realizamos uma serie de cauterizações ao redor deles, afim de obtermos o resultado esperado, que é o aumento da frequência cardíaca. A resposta é imediata durante o procedimento”, explica Kalil. Onde a frequência cardíaca basal básica é de 50 batimentos por minuto, espera-se uma resposta de no mínimo 30% de aumento durante o procedimento: “Com isso, o coração fica nesta nova “programação”, ou seja, mais resistente a eventuais quedas da frequência cardíaca”.

O paciente que foi submetido à primeira cardioneuroablação do Sul do país no final do mês de julho, passa bem e teve alta após dois dias de internação hospitalar.



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