Gestão e Qualidade | 30 de junho de 2017

O futuro das formas de ensino e de pagamento na medicina

Grande número de profissionais e custo de pacientes dificultam estilo tradicional de consultas
O futuro das formas de ensino e de pagamento na medicina

Dentro de 10 anos o Brasil terá cerca de 800 mil médicos, que terão de competir por espaço em um mercado de trabalho em constante mudança. Em coluna escrita para o portal Medscape, o Dr. Marun Cury, pediatra e diretor-adjunto de Defesa Profissional da Associação Paulista de Medicina (APM), conta que está cada vez mais difícil para o médico manter o modelo tradicional de consultas e ter um consultório particular. “O custo de um paciente hoje é de R$ 65, mas na saúde complementar [suplementar], nossa remuneração é de apenas R$ 85″, afirmou o pediatra.

O Dr. Antonio Carlos Endrigo, cirurgião e diretor de Tecnologia da Informação (TI) da Associação Paulista de Medicina (APM), durante o 38º Congresso da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp), mencionou os pagamentos por serviço e por pacote como as principais formas de remuneração dos médicos.

O primeiro privilegia a complexidade da doença e o maior número de atendimentos, enquanto o segundo se refere ao valor acordado com a fonte pagadora por todo o tratamento e é o mais utilizado por hospitais.

Na opinião do Dr. Endrigo, o sistema de pagamento por performance inevitavelmente vai chegar ao Brasil. “Ele se baseia na eficiência de processos e custos, na efetividade de resultados, e tem uma centralidade no paciente e na relação entre médico e paciente, que avalia o cuidado recebido, e onde há sempre incentivo para melhoria da assistência”, explicou.

O cardiologista, Dr. Renato Azevedo Jr., acredita que o  pagamento por procedimento, é justo para quem age corretamente, mas se torna um problema com a questão dos pedidos de exames desnecessários, e pode ter custo elevado para as operadoras. Segundo Azevedo Jr., essa forma de pagamento ainda precisa ser regulamentada.

O capitation é um sistema de remuneração pelo qual os prestadores de serviços cuidam de uma determinada população por um valor fixo per capita. “É bastante usado por empresas donas de hospitais e clínicas”, explicou.

Segundo o Dr. Azevedo, porém, esse sistema transfere ao médico a gestão dos recursos e o peso de todos os riscos do negócio. “O outro problema nesse sistema é que o foco está nos custos, e não a qualidade da assistência”, observou.

Novos modelos de ensino

O Dr. João Fernando Monteiro Ferreira, professor de cardiologia da Faculdade de Medicina do ABC e médico do Instituto do Coração afirma que o modelo de ensino em que ele se formou, baseado apenas em aulas teóricas, não funciona mais. “É necessário estimular o aluno, diversificando as atividades de ensino”, propõe.

Ele próprio adota um sistema em que combina aulas teóricas (30%), solução de problemas (20%), oficinas (10%), atividades práticas (30%) e simulações (10%). De acordo com o Dr. Ferreira, as inovações em saúde surgem rapidamente e a tecnologia da informação pode e deve ser instrumento de atualização dos médicos, inclusive por meio de cursos à distância.

Segundo o médico, entre as grandes vantagens dos cursos à distância estão a acessibilidade sem restrições de horários e local, e a possibilidade de usar esse sistema para uma série de atividades, entre elas a discussão de casos clínicos e dissecações em 3D. Para o Dr. Ferreira, o futuro do ensino da medicina está em uma mescla de atividades que faça do aluno o agente principal e o responsável pela própria aprendizagem.

Com informações portal Medscape. Edião SS.

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