Estatísticas e Análises, Mundo | 1 de junho de 2015

Mais crianças sobrevivem ao câncer

Segundo estudo apresentado na conferência da ASCO, 80% dos pacientes superam a doença
Mais crianças sobrevivem ao câncer

A melhoria dos tratamentos e a redução dos efeitos colaterais tem gerado grandes avanços no combate ao câncer. Se há 50 anos apenas uma em cada cinco crianças sobrevivia à doença, atualmente mais de 80% das crianças com câncer são capazes de superar a doença. É o que revela um estudo apresentado durante a reunião anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO), em Chicago, em maio.

Dados do Inca indicam que, em torno de 11,5 mil casos são diagnosticados anualmente no País. No Brasil e em países desenvolvidos, o câncer representa a primeira causa de morte por doença entre crianças e adolescentes de 1 a 19 anos. O câncer infantil corresponde a um grupo de várias doenças que têm em comum a proliferação descontrolada de células anormais e que pode ocorrer em qualquer local do organismo.

Os tumores mais frequentes na infância e na adolescência são as leucemias, os do sistema nervoso central e linfomas. Os jovens também são acometidos por neuroblastoma, tumor de Wilms, retinoblastoma, tumor germinativo, osteossarcoma e sarcomas.

Gregory T. Armstrong, oncologista do Hospital St. Jude, em Chicago, e principal autor do estudo, apresentou uma análise de 34 mil casos, na qual foi encontrada uma melhora na taxa de mortalidade alcançado nas últimas três décadas.

Aos 15 anos de diagnóstico, a taxa de mortalidade diminuiu de 12,4% para 6% em avanços no cuidado de crianças doentes. Essas mudanças reduziram o risco de mortalidade por efeitos colaterais do tratamento, assim como novos surtos ou doenças cardíacas ou pulmonares.

“A modernização da terapia oncológica foi provavelmente o fator mais importante no aumento da longevidade, mas também o diagnóstico, a detecção precoce e o tratamento de efeitos posteriores, incluindo o aparecimento de novos tumores e doenças cardíacas”, destacou Armstrong.

A taxa de cura avançou em paralelo com a redução do número de mortes causadas por complicações ocorridas durante o tratamento. No entanto, o pesquisador ressaltou que, mesmo com a melhoria e modernização das terapias, os pacientes seguem com riscos de morrer por problemas cardíacos ou um câncer secundário.

“Agora nós não só ajudamos as crianças a sobreviver ao câncer primário, mas temos também que estender a sobrevivida, reduzindo a toxicidade geral do tratamento”, explica o oncologista. Além de efeitos colaterais, outro problema que afeta a luta contra o câncer infantil é que a maioria das novas drogas são desenvolvidas para adultos, apenas. De acordo com reportagem do El Nuevo Herald, o coordenador da Unidade de Pesquisas Clínicas do Hospital Niño Jesús de Madrid, Lucas Moreno, participou da conferência da ASCO, apresentou um estudo internacional que trabalha em cima de um inibidor do gene ALK em jovens pacientes. Para ele, é preciso trabalhar a questão dos tratamentos pediátricos.

Dr. Moreno afirma que os estudos, iniciados há dois anos, buscam novas terapias específicas para crianças com câncer. Na opinião do especialista, é “um paradoxo” o fato de crianças e adultos não terem os mesmos tipos de câncer – mas às vezes as mesmas alterações genéticas.

Por essa razão, acreditava-se que só poderia se desenvolver medicamentos pediátricos se houvesse um câncer semelhante em adultos. Essa visão, segundo ele, “deixava de lado muitos medicamentos” durante pesquisas. “Agora sabemos que estão sendo desenvolvidos inibidores para o câncer em adultos que funcionam também em crianças com tumores diferentes, porém com as mesmas alterações”, explica Lucas Moreno.

 

VEJA TAMBÉM