Estatísticas e Análises, Mundo | 20 de dezembro de 2016

Luta contra o fumo evitou 22 milhões de mortes em sete anos

Universidade de Georgetown analisou eficácia de medidas contra o tabagismo
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Pesquisadores norte-americanos calcularam o número de pessoas que largaram o tabaco em 88 países que adotaram alguma medida recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS). A estimativa é que o número de vidas salvas entre 2008 e 2014 “é impressionante”, enfatizou uma reportagem do jornal francês Le Figaro.

Foram registrados mais de 53 milhões de novos ex-fumantes entre 2008 e 2014, e 22 milhões de vidas salvas. “É impressionante o resultado apresentado em 88 países, publicado neste mês de dezembro na revista Tobacco Control, por pesquisadores do centro de pesquisa sobre o câncer Lombardi, na Universidade de Georgetown (EUA). “Nossos resultados mostram o enorme potencial em salvar milhões de vidas através da implementação de políticas de controle que comprovaram sua eficácia”, disse David Levy, professor de oncologia e principal autor da publicação.

Medidas MPOWER

Em 2008, a OMS lançou um pacote de seis medidas economicamente viáveis, chamada MPOWER. Cada letra da sigla em inglês corresponde a uma das seis intervenções:

M (Monitor – monitorar o uso do tabaco e políticas de prevenção);

P (Protect – proteger as pessoas da fumaça do tabaco);

O (Offer – oferecer ajuda para a cessação do tabagismo);

W (Warn – avisar sobre os malefícios causados pelo tabaco);

E (Enforce – aplicar proibições de publicidade, promoção e patrocínio);

R (Raise – elevar a tributação incidente sobre o tabaco).

Os autores examinaram o status de fumantes de 88 países entre 2007 e 2014, de acordo com pelo menos uma das seis medidas MPOWER da OMS para o controle do tabagismo. No total, 186 países, que representam 95,8% da população mundial, ratificaram as medidas. Para avaliar o efeito das medidas anti-tabagismo, os pesquisadores utilizaram o modelo matemático SimSmoke, que detecta a prevalência do tabagismo e as mortes atribuíveis a ele, na ausência de mudanças nas políticas de controle e, portanto, deduz a eficácia de cada uma das medidas anti-tabaco.

Método mais eficaz: aumentar os impostos

De acordo com os pesquisadores norte-americanos, o meio mais eficaz de combater o tabagismo é aumentar impostos: 7 milhões de mortes foram evitadas entre 2008 e 2014, além de 17 milhões de pessoas que viraram ex-fumantes. Leis anti-tabaco (por exemplo, proibição de fumar em locais públicos) salvaram 5,4 milhões de vidas (e 13 milhões de novos abstêmios), avisos de saúde foram responsáveis por 4,1 milhões (e 10 milhões de fumantes a menos) a proibição da publicidade reduziu em 3,8 milhões o número de óbitos (e 9 milhões de ex-fumantes). Por fim, intervenções para ajudar os fumantes a parar equivalem a 1,5 milhões vidas poupadas, e 3,6 milhões de pessoas que abandonaram o vício.

Três países com um grande número de fumantes e que as medidas tomadas especialmente entre 2012 e 2014, contribuíram amplamente para esta redução na mortalidade. Bangladesh, onde um estudo publicado em 2013 calculou que o tabagismo foi responsável por 25% das mortes em homens de 25 a 69 anos, com uma perda média de 7 anos de vida para os fumantes, criou avisos de saúde e tributação anti-tabaco. A Rússia, que tinha 44 milhões de fumantes em 2013, proibiu o fumo em locais públicos e a publicidade do tabaco; a taxa de fumantes caiu de 41% para 31% da população. Já o Vietnã, que introduziu advertências de saúde, ainda tem 15,6 milhões de fumantes, mas registrou uma queda de tabagistas de 45% para 38% da população.

No entanto, como destaca o jornal Le Figaro, “isso não é nada comparado com o que a China (300 milhões de fumantes), Índia e Indonésia poderiam obter se tivessem implementado as medidas recomendadas pela OMS: nada menos do que 140 milhões de vidas poderiam ser salvas. Neste trio, a China parece ser o primeiro país a querer lançar as medidas. O país tem anunciado que pretende estender a todo o seu território a proibição de fumar em locais públicos, o que já existe em algumas cidades”, concluiu o artigo.

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