Hospital Divina Providência e as ações para garantir a saúde dos pacientes não Covid-19 durante a pandemia
Diretor Willian Dalprá defende união de esforços em momento crítico para hospitais e pacientesA pandemia da Covid-19 (doença causada pelo novo coronavírus) fez com que diversas rotinas fossem alteradas em todo o mundo. Na área da saúde, uma das consequências visíveis foi a suspensão das cirurgias eletivas e de consultas, com impactos tanto para o caixa dos hospitais, como para a saúde mesma dos pacientes. Tem sido registrado ainda a diminuição nos atendimentos nas emergências. Segundo a Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Saúde do RS (FEHOSUL), há um outro lado que precisa ser olhado durante a pandemia: a saúde da população não Covid-19. O dr. Willian Dalprá, do Hospital Divina Providência (Porto Alegre) é o quarto entrevistado da série especial do Portal Setor Saúde, lançada em parceria com a FEHOSUL.
Para o presidente da FEHOSUL, Cláudio Allgayer, “o foco midiático está centrado nos pacientes Covid-19. No entanto, precisamos criar uma atenção para os pacientes crônicos, de emergência e demais que não se enquadram no grupo Covid-19. O medo de infecção e a falta de informação sobre como as instituições hospitalares garantem a segurança dos pacientes, afastou os pacientes não Covid-19 da grande maioria dos hospitais. Esta realidade é ruim para nós [hospitais] mas ainda mais preocupante para os pacientes e o sistema de saúde como um todo. Os avanços em indicadores de saúde, como diagnóstico precoce do câncer, por exemplo, vêm caindo de forma alarmante na pandemia e infelizmente poderá trazer consequências de médio e longo prazo a todos os envolvidos na cadeia de cuidados [pacientes, hospitais, sistemas de saúde público e privado].”
Confira abaixo a entrevista concedida pelo diretor técnico-médico do Hospital Divina Providência (HDP), de Porto Alegre, médico Willian Dalprá, com observações a respeito da demora em buscar ajuda nos hospitais e a interrupção de tratamentos. O diretor fala ainda sobre os números que demonstram a queda nos atendimentos e detalha as ações que o hospital vem adotando para garantir atendimento seguro para os pacientes.
Atraso em ir ao hospital pode causar a impossibilidade de modificar desfecho clínico desfavorável
Em vários hospitais do mundo, foi registrado uma queda importante nos atendimentos de emergência, causado pelo medo das pessoas se dirigirem aos hospitais. Com o Hospital Divina Providência, o impacto não foi diferente. “De fato, este movimento foi percebido e com grande repercussão em relação especialmente às intervenções consideradas ‘tempo-dependentes’. Nosso hospital identificou, por retardo de procura de atendimento, casos de Síndromes Coronarianas Agudas, principalmente, em que não foi possível, por atraso da evolução e da oportunidade de intervenção, modificar o desfecho clínico”, afirma.
A nova realidade imposta pela pandemia gerou uma redução de 60% nos atendimentos de Emergência. Além disso, apenas 30% dos atendimentos de consulta foram mantidos e os procedimentos eletivos foram cancelados, com exceção da manutenção da urgência e emergência.
Após a liberação das cirurgias eletivas, pelo Governo do RS, o Divina Providência observa um crescimento “lento e gradual” nos procedimentos, com índice de aproximadamente 50% do que era a realidade antes da pandemia.
Novos fluxos de segurança
“O HDP estabeleceu fluxos e cenários de atendimentos livres de Covid-19, desde atos administrativos até desenhos assistenciais. Identificou pacientes de risco e estruturou mecanismos de checagem à distância e com antecedência para estratificar risco e a segurança do procedimento, inclusive com testagem RT-PCR para determinados casos”, explica Dalprá.
Além disso, o diretor destaca que outras ações foram implementadas, como testagem das equipes cirúrgicas, alocação previsível e específica no período pré e pós-operatório, modificações de rotinas em salas cirúrgicas, disponibilização de EPIs de forma regulada e monitoramento pró-ativo de todos os casos por parte da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), com compartilhamento de risco e segurança com as equipes assistenciais.
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Unidade Fast Track
O HDP implementou ainda uma Unidade Fast Track/UFT (atendimento rápido e preferencial), exclusivo para para pacientes com sintomas gripais e separada dos demais pacientes. Localizado no anexo externo, atende das 7h às 19h todos os dias da semana. O local aceita convênios e/ou particular e possui dois consultórios, sala de espera, sala de triagem e sala de coleta. Além de separar os casos suspeitos dos demais pacientes, a UFT destina profissionais exclusivos para assistência aos sintomáticos.
Ações de comunicação
De acordo com o diretor, foram desenvolvidas ações internas de comunicação para o corpo clínico, e externas, para médicos assistentes e pacientes, a partir dos canais de comunicação da instituição. Também são feitas campanhas institucionais específicas, que abordam a segurança dos atendimentos dentro do Divina Providência.
Dalprá salienta que será necessário unir esforços para os hospitais se adaptarem à nova realidade. “Percebo que esta reconstrução deveria ganhar o impulso complementar de entidades representativas, dos hospitais e dos órgãos de classe”, avalia.
Saiba mais sobre as ações do HDP
Série especial: leia as entrevistas já publicadas
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Hospital de Caridade de Erechim vive nova realidade em meio à pandemia do coronavírus (28/05): Claudiomiro Carus
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