Estatísticas e Análises | 20 de novembro de 2017

Estudo revela motivos do sucesso do tratamento com quimioterapia para o câncer de testículo

Células-tronco podem ser o diferencial no tratamento
Estudo revela motivos do sucesso do tratamento com quimioterapia para o câncer de testículo

Pesquisadores da Universidade de Cornell, localizada em Nova Iorque, (EUA), deram um importante passo na pesquisa sobre o câncer ao tentar responder “por que o câncer de testículo é tão receptivo à quimioterapia, mesmo depois da metástase (quando o câncer se espalha além do local inicial)”?

O ciclista profissional Lance Armstrong, por exemplo, sofreu com esse tipo de câncer que se espalhou para o pulmão e o cérebro, mas se recuperou completamente após um tratamento com quimioterapia convencional.

A chave para tal sucesso parece estar nas células-tronco (células capazes de dar origem a outras células) do câncer de testículo, que são mais sensíveis à quimioterapia do que as células encontradas em outros tipos. Definir a causa da suscetibilidade à quimioterapia pode fornecer informações para o tratamento de outros mais resistentes.

Publicado no dia 14 de novembro na revista Cell Reports, o estudo também ajudou a confirmar que o risco do câncer de testículo é determinado no útero. A pesquisa oferece algumas evidências para apoiar uma hipótese de que, em humanos, esse tipo de câncer é iniciado durante o desenvolvimento embrionário e fica inativo por 18 a 35 anos.

“O estudo fornece novas visões sobre a capacidade de resposta do câncer de testículo à quimioterapia, o que sempre foi intrigante, mas nunca claro”, disse Robert Weiss, professor de ciências biomédicas na Cornell e autor líder do estudo.

Segundo o artigo, a maioria dos tumores contém populações distintas de células. Porém, apenas uma pequena fração delas são células-tronco, que têm a capacidade de desenvolver novos tumores de uma única célula e – na maioria dos cânceres – são extremamente resistentes à terapia.

Muitas vezes, outros tipos de células tumorais são mortas durante o tratamento, mas as células-tronco do câncer sobrevivem e, em seguida, impulsionam a criação de novos tumores. Entretanto, de acordo com Weiss, as células-tronco do câncer de testículo são mais sensíveis à quimioterapia do que as outras células do tumor.

O estudo

 No estudo, foi criado um modelo de rato de laboratório que, pela primeira vez, pode imitar com precisão o câncer de testículo encontrado em seres humanos. O experimento duplica com precisão as características do tumor no rato, como a taxa de crescimento e a capacidade de dar origem a vários tipos de células tumorais diferentes.

Enquanto outros tipos de câncer são conhecidos por, geralmente, atingir idosos, o câncer de testículo atinge homens entre 18 e 40 anos na maioria das vezes. Usando o rato, os pesquisadores concluíram que as células tornam-se suscetíveis ao desenvolvimento do câncer somente durante um período restrito de desenvolvimento embrionário. À medida que envelhecem, tornam-se resistentes à transformação.

Os pesquisadores também descobriram que os fatores de risco genéticos podem tornar as células embrionárias malignas, mas quando as células adultas são expostas às mesmas condições, elas morrem em vez de dar origem a um tumor.

Estudos futuros podem fornecer pistas para o tratamento de outros tipos de câncer se os pesquisadores puderem identificar quais características das células-tronco do câncer de testículo as tornam sensíveis à quimioterapia, de acordo com o autor.

O estudo foi financiado pela New York State Stem Cell Science e pela National Cancer Institute’s Provocative Questions Initiative. Liderado por Harold Varmus, prêmio Nobel e professor de Medicina na Universidade de Cornell, a iniciativa visa identificar questões na biologia do câncer, incluindo por que certos tipos de câncer podem ser curados apenas por quimioterapia convencional.

 Com informações da Cornell Chronicle

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