Estatísticas e Análises | 28 de janeiro de 2021

Estudo analisa a importância da ventilação e lança ferramenta para medir risco de infecção em diferentes locais

Aplicativo pode ser usado para determinar se a ventilação é adequada contra o Covid em lojas, escritórios e salas de aula
Estudo analisa a importância da ventilação e lança ferramenta para medir risco de infecção em diferentes condições

Pesquisadores da Universidade de Cambridge e do Imperial College London, do Reino Unido, descobriram que o coronavírus tem mais probabilidade de se espalhar por conversas prolongadas do que por tosse em espaços mal ventilados. As descobertas fazem parte de um novo estudo divulgado, que também descobriu que em espaços mal ventilados, o vírus por trás da Covid-19 pode se espalhar por mais de dois metros em segundos, e é muito mais provável de se espalhar através de conversas prolongadas do que através da tosse.

Os resultados mostram que as medidas de distanciamento social por si só não fornecem proteção adequada contra o vírus, e ainda enfatizam a importância vital da ventilação e uso de máscaras faciais para retardar a disseminação do vírus.

Os pesquisadores usaram modelos matemáticos para mostrar como o SARS-CoV-2 – o vírus que causa a Covid-19 – se espalha em diferentes espaços internos, dependendo do tamanho, ocupação, ventilação, e se as máscaras estão sendo usadas. Esses modelos também são a base de uma ferramenta online gratuita que ajuda os usuários a compreender como a ventilação e outras medidas afetam o risco de transmissão interna e como esse risco muda com o tempo.


A coautora do estudo, Dra. Andrea Giusti, do Departamento de Engenharia Mecânica do Imperial College London, disse: “As descobertas e a ferramenta online que a acompanha ajudam a destacar o papel crítico da ventilação na redução da transmissão do coronavírus em ambiente internos. O estudo também destaca que as regras de distanciamento social típicas podem não ser suficientes quando a transmissão aérea em espaços internos é considerada”. 


Os pesquisadores descobriram que quando duas pessoas estão em um espaço mal ventilado e nenhuma delas está usando uma máscara, uma conversa prolongada tem muito mais probabilidade de espalhar o vírus do que uma tosse curta. Ao falar, exalamos pequenas gotículas, ou aerossóis, que se espalham facilmente pela sala e se acumulam se a ventilação não for adequada. Em contraste, a tosse expele mais gotículas grandes, que têm maior probabilidade de se depositar nas superfícies após serem emitidas.

Os aerossóis demoram apenas alguns segundos para se espalharem por dois metros quando as máscaras não são usadas, o que implica que o distanciamento físico na ausência de ventilação não é suficiente para fornecer segurança para longos tempos de exposição. Quando máscaras de qualquer tipo são usadas, no entanto, elas diminuem o ritmo da respiração e filtram uma parte das gotículas exaladas, por sua vez, reduzindo a quantidade de vírus em aerossóis que podem se espalhar pelo espaço.

O consenso científico é que a grande maioria dos casos de Covid-19 se espalham por transmissão interna, seja por aerossóis ou gotículas – de acordo com especialistas, isso ajuda a explicar o aumento de casos durante o inverno no hemisfério norte.


O autor principal do estudo, o engenheiro brasileiro Pedro de Oliveira, da Universidade de Cambridge, disse: “Em nosso trabalho, consideramos a ampla gama de gotículas respiratórias que os humanos exalam para demonstrar diferentes cenários de transmissão viral pelo ar – o primeiro sendo a rápida disseminação de pequenas gotículas infecciosas ao longo de vários metros em questão de segundos, o que pode acontecer tanto em ambientes internos quanto externos. Em seguida, mostramos como essas pequenas gotas podem se acumular em espaços internos a longo prazo, e como isso pode ser mitigado com ventilação adequada”. 


Os pesquisadores usaram modelos matemáticos para calcular a quantidade de vírus contida nas partículas exaladas e para determinar como estas evaporam e se fixam nas superfícies. Eles também usaram características do vírus, como sua capacidade de sobreviver em gotículas e quantidade de vírus em indivíduos infectados, para estimar o risco de transmissão em ambientes fechados devido à fala normal ou a uma tosse curta de uma pessoa infectada. Por exemplo, eles mostram que o risco de infecção depois de falar por uma hora em uma sala de aula era alto, mas o risco poderia ser reduzido significativamente com ventilação adequada.


 “Queremos usar nosso conhecimento da mecânica dos fluidos para ajudar as pessoas a fazer melhores escolhas. Estamos procurando desenvolver ainda mais nossos modelos de forma que a avaliação em tempo real do risco de infecção possa ser feita. Esperamos que nossos modelos ajudem as pessoas a gerenciar espaços internos e evitar medidas de bloqueio prolongadas”, disse a Dra Giusti.


Ferramenta interativa

Com base em seus modelos, os pesquisadores construíram o Airborne.cam, uma ferramenta gratuita e de código aberto que pode ser usada por quem gerencia espaços públicos, como lojas, locais de trabalho e salas de aula, para determinar se a ventilação é adequada. Ele foi projetado para ajudar os usuários a compreender como as medidas de mitigação, como o uso de máscara, afetam a transmissão interna do vírus SARS-CoV-2.

airbone

Os usuários podem alterar dados como taxa de ventilação, tipo de cobertura facial, número de ocupantes e tipo de atividade para avaliar seu impacto no risco de infecção, enquanto recursos mais avançados estão disponíveis para usuários familiarizados com a ciência em torno da transmissão de aerossol.

Obs.: A ferramenta está em língua inglesa (na imagem foi aplicado o google tradutor).

Com informações do Imperial College London. Edição do Setor Saúde.

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