Mundo | 2 de março de 2014

Dieta rica em carboidratos aumenta sobrevida de pacientes com ELA

Estudo norte-americano mostra que a alimentação pode ser fundamental no tratamento da doença
Dieta rica em carboidratos aumenta sobrevida de pacientes com ELA

A relação da Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) e a alimentação foi o foco de uma pesquisa do Hospital Geral de Massachusetts (EUA). Os resultados sugerem que uma dieta rica em carboidratos aumenta a expectativa de vida dos pacientes.

O estudo contou com 24 pessoas com ELA e forneceu provas que garantem que uma alimentação hipercalórica é segura, aumenta a sobrevida e a qualidade de vida. A amostragem, no entanto, é pequena e indica que os resultados devem ser interpretados com cautela.

“Estamos muito animados porque estes resultados fornecem a primeira evidência preliminar de que a intervenção dietética pode melhorar a expectativa de vida de quem tem ELA”, ponderou Anne-Marie Wills, coordenadora do estudo, publicado na revista The Lancet.

A Esclerose Lateral Amiotrófica é uma doença neurodegenerativa progressiva que afeta os neurônios, cuja morte interrompe a transmissão de impulsos nervosos às fibras do músculo, causando fraqueza, paralisia, e geralmente a morte por insuficiência respiratória.

Pesquisadores sabem, há mais de 15 anos, que a desnutrição está associada à diminuição da sobrevida dos pacientes com ELA. Estudos confirmam que os pacientes que pesam mais, vivem mais tempo e têm uma progressão mais lenta. Testes com animais descobriram que aqueles com alto teor de calorias, graças a uma dieta rica em gordura, ganharam peso e sobreviveram mais tempo dos que levam uma dieta normal.

O novo estudo foi projetado para testar a segurança e a tolerância de calorias em pacientes com a doença em estágio avançado. Realizado em 12 centros nos EUA, o estudo recrutou pacientes com ELA que tinham perdido uma percentagem significativa do seu peso corporal inicial. Os participantes foram divididos em três grupos: um grupo recebeu uma fórmula nutricional concebida para estabilizar o peso e dois grupos receberam dietas para fornecer 125% das calorias necessárias para manter seu peso, uma repleta de gordura e outra, de carboidratos. Os pacientes foram acompanhados durante quatro meses.

Nenhum dos oito participantes que receberam uma fórmula rica em carboidratos havia deixado o estudo devido a eventos adversos, enquanto um dos seis que receberam alto teor de gordura e três dos seis com dieta controlada, abandonaram a análise. Cinco meses depois, os pesquisadores descobriram que nenhum paciente com alto teor de carboidratos havia morrido, mas um no grupo de alto teor de gordura e três no grupo de controle faleceram por insuficiência respiratória.

Quanto à segurança, os resultados mostraram que nenhum efeito colateral ocorreu em ambos os grupos que ingeriram altas calorias. “Essa estratégia nunca foi tentada antes em pacientes com ELA e estamos otimistas de que isso pode proporcionar uma nova terapia eficaz e barata para esta doença devastadora”, projeta a coordenadora da pesquisa. “Estamos otimistas com os resultados, porque eles são consistentes e corroboram estudos anteriores feitos com ratos. Dietas calóricas melhoram a sobrevivência”, concluiu a Dra. Willis.

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