Estatísticas e Análises | 28 de setembro de 2016

Dieta com amendoins e ovos reduz risco de alergia na fase adulta?

Pesquisadores "sugerem" que sim
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Um estudo publicado no JAMA (Journal of the American Medical Association) sugere que inserir precocemente ovos e amendoins na dieta das crianças reduz os riscos de desenvolvimento de alergia a alimentos.

A pesquisa feita por cientistas da Imperial College London é a maior análise de evidência relacionada à alimentos alergênicos para bebês, englobando resultados de 146 estudos, totalizando dados de mais de 200 mil crianças. De acordo com a investigação, para o caso dos amendoins, a introdução moderada se mostrou benéfica entre os quatro e 11 meses de vida. Já para o ovo, o ideal é entre quatro e seis meses.

Os resultados mostraram que crianças que começaram a comer ovo entre as idades de quatro e seis meses tinha um 40% menor risco de alergia ao ovo em comparação com crianças que tentaram ovo mais tarde na vida. As crianças que comiam amendoim entre as idades de quatro e 11 meses tiveram um risco de alergia a amendoim reduzido em 70%, em comparação com crianças que comeram esse alimento em uma fase posterior da vida. No entanto, os autores alertaram que estas percentagens são estimativas baseadas em um pequeno número de estudos.

Dr Robert Boyle, autor principal da pesquisa do Departamento de Medicina do Imperial College London, disse que “esta nova gama de análise de todos os dados existentes, sugere que a introdução de ovo e amendoim em uma idade precoce pode prevenir o desenvolvimento de alergia para os dois principais alimentos que geram alergia na infância. Até o momento, não temos aconselhado os pais a darem estes alimentos para bebês, e até aconselhados a atrasar a introdução de alimentos alergênicos, como ovo,amendoim, peixes e trigo para o bebê”, destacou, segundo o portal Science Daily.

“Acreditamos que o número de crianças diagnosticadas com alergias alimentares está em ascensão”, acrescentou o Dra. Vanessa Garcia-Larsen, co-autora do estudo. “Há indícios de que as alergias alimentares em crianças tornaram-se muito mais comuns nos últimos 30 anos. O número de pacientes que entram em nossas clínicas tem aumentado ano a ano”, alertou.

As alergias mais comuns, que provocam 90% das reações, pertencem a nove proteínas alimentares principais: leite de vaca, soja, ovo, trigo, amendoim, nozes, sésamo, peixe e marisco, sendo o ovo e o amendoim mais comuns em crianças e bebês.

Os pesquisadores defendem de que os lactentes (até 24 meses de vida) devem receber potenciais alimentos alergênicos, para ajudar a prevenir desde cedo graves reações. Os investigadores analisaram os resultados combinados de diversos ensaios sobre se os alergênicos na dieta dos bebês impediam ou não o desenvolvimento da alergia.

A conclusão foi de que quanto mais cedo começarem a comer estes alimentos menor será a taxa de alergia. Porém, os pesquisadores utilizaram o termo “moderado” para a sugestão, já que não existia uma uniformidade nos vários estudos. Em alguns, tanto os participantes como os investigadores sabiam quem tinha ingerido ovo ou amendoim.

As conclusões contrariam a teoria defendida desde 2000 pela Academia Americana de Pediatras que, que sugeria que crianças com menos de um ano não consumissem alimentos alergênicos.

O próximo passo dos investigadores será buscar a resposta para a seguinte questão: por que a exposição de bebês a alimentos que geram alergia é uma medida de proteção?

Um estudo anterior feito por investigadores americanos e britânicos (publicado em março de 2016), defendia que os efeitos benéficos de alimentar bebês com produtos à base de amendoins poderia diminuir o risco de alergia em 80%. “O medo de alergias alimentares é o que chamamos de profecia auto-realizável: o alimento é excluído da dieta e, como resultado, a criança não desenvolve tolerância”, explicou Gideon Lack, um dos principais autores do estudo, em reportagem da BBC.

Na ocasião, foram estudadas 550 crianças consideradas sob risco de desenvolver alergias (tinham sofrido de eczema em bebês) e concluíram que o consumo nos primeiros 11 meses de vida, permite que uma criança de cinco anos possa parar de comeramendoins durante um ano e, mesmo assim, não desenvolve alergias. Metade dos bebês envolvidos comeu alimentos à base de amendoim enquanto a outra metade apenas se alimentou de leite materno. De acordo com os cientistas, aos seis anos não havia crescimento estatístico significativo em alergia após 12 meses de interrupção no consumo nas crianças que tinham ingerido amendoins.

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