Como o Hospital Clínicas vem atuando para atender pacientes Covid e não Covid com segurança
Diretoria médica participa de série especial do portal Setor SaúdeNa área da saúde, uma das consequências negativas da luta contra a pandemia foi a determinação, pelas autoridades, ainda nos primórdios do enfrentamento, da suspensão de cirurgias eletivas (menos a mais urgentes) e de consultas, com impactos para o caixa dos hospitais, mas também, para a manutenção da saúde dos pacientes. O medo de ir à emergência por parte dos pacientes, igualmente gerou danos. As novas realidades observadas são relatadas pelos gestores das instituições gaúchas, em uma série de entrevistas realizada pelo portal Setor Saúde em parceria com a Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Saúde do RS (FEHOSUL). Na última matéria da série especial, conversamos com membros da diretoria médico do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), referência nos cuidados de pacientes Covid-19 do SUS em Porto Alegre – juntamente com o Hospital Conceição.
O presidente da FEHOSUL, médico Cláudio Allgayer, destaca que “a série, que contou com 12 hospitais, não é direcionada apenas para alertar os pacientes dos perigos de não buscarem atendimento em casos de emergência ou para aqueles que interromperam seus tratamentos sem ordem médica. Ela é uma importante fonte para os gestores da saúde, que podem ter acesso às boas práticas de hospitais que tentam retornar, aos poucos, à sua normalidade. Apresentamos as medidas adotadas para garantir a segurança no ambiente de cada hospital, e como os mesmos vêm trabalhando para se aproximar ainda mais de seus pacientes, através de ações de engajamento e comunicação com a comunidade”, detalha Allgayer.
Confira a entrevista concedida por diretores do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Brasil Silva Neto, adjunto da Diretoria Médica para a área cirúrgica; e Jeruza Neyeloff, assessora de Planejamento de Avaliação responderam à solicitação do Setor Saúde. Confira o relato dos membros da diretoria médica.
Aumento de complicações por procura tardia
De acordo com a diretoria do Clínicas, foi observado, no início da pandemia, diminuição de atendimento de pacientes com Acidente Vascular Cerebral (AVC) e Insuficiência Cardíaca Congestiva (ICC) na Emergência, por exemplo.
Hoje, segundo os diretores, nota-se aumento na proporção do número de casos mais graves dos atendimentos na Emergência, comparados ao habitual. Por exemplo, pacientes com ICC chegam à Emergência já descompensados, necessitando uso imediato de drogas vasoativas (usado com o objetivo de restabelecer o fluxo sanguíneo), o que, muitas vezes, não seria necessário se tivessem procurado atendimento mais precocemente.
Restrição em procedimentos eletivos desde março resultou em queda de 60% em cirurgias
A restrição em procedimentos eletivos passou a acontecer no HCPA a partir de 23 de março. Neste período, houve uma série de modificações e adaptações dentro da estrutura hospitalar para ampliar leitos de terapia intensiva e redistribuição de pessoal para atendimento em áreas dedicadas à Covid-19, o que afetou o funcionamento rotineiro do hospital, sendo relevante este impacto nas áreas cirúrgicas.
“Mantivemos todos os procedimentos de urgência e eletivos de caráter essencial, incluídos todos os oncológicos. A redução global do atendimento cirúrgico foi de 60%. Na Emergência, houve queda de busca de atendimentos de 25%”, diz a diretoria. Entretanto, a diretoria afirma que, mesmo com todas as alterações que ocorreram nos fluxos da instituição, é preciso ressaltar que o HCPA é referência para atendimentos de alta complexidade de Covid-19 e, “portanto, faz sentido que os esforços da instituição estejam focados nesse perfil de atendimento”.
Retomada lenta de atendimentos
Após a liberação das cirurgias eletivas pelo Governo do RS, o Clínicas passou a observar uma retomada dos procedimentos. “A partir de maio, houve um aumento na produção cirúrgica através da Emergência. Sobre os casos eletivos, o hospital, ativamente expandiu a sua capacidade operacional no Bloco Cirúrgico, a partir da portaria do estado, salvaguardando as orientações locais referentes ao município de Porto Alegre”, explica.
Fluxos separados de atendimentos garantem segurança do atendimento
Com o início da pandemia, o HCPA organizou fluxos de atendimento separados para pacientes suspeitos ou confirmados com a Covid-19 e os demais pacientes presentes na instituição.
As áreas de Emergência, unidade de internação e CTI possuem áreas dedicadas exclusivamente para atendimento de coronavírus, nas quais são obrigatoriamente alocados todos os pacientes internados que apresentam suspeita ou confirmação de infecção por coronavírus.
No cenário ambulatorial, pacientes sintomáticos (quaisquer sintomas gripais, mesmo que leves) estão orientados a não comparecer ao hospital, e as equipes estão orientadas a, caso identifiquem no hospital pacientes nessas condições, prover orientação e encaminhamento para outros locais de atendimento, conforme necessidade clínica.
A diretoria também ressalta que a segurança foi reforçada para os profissionais da instituição. “Todos os profissionais de saúde usam EPIs adequados ao seu cenário de atuação, e quaisquer profissionais sintomáticos são precocemente afastados do trabalho e testados para Sars-CoV-2”, afirma a diretoria. O HCPA coleta e obtém os resultados de testes para coronavírus dentro da própria instituição, sem dependência de laboratórios externos, o que garante maior agilidade e segurança para os profissionais.
Telemedicina
Com a pandemia, também foi instituído atendimento por telemedicina. A diretoria ressalta a importância do procedimento, que garante agilidade e segurança aos pacientes. De acordo com o HCPA, já foram realizadas mais de 1.500 consultas nessa modalidade de atendimento.
Comunicação pelo site da instituição
A diretoria salienta que, como medida de transparência, realiza a divulgação, em seu site oficial, com informações sobre o número de casos de Covid-19 ativos e que já foram atendidos na instituição, além de informações sobre sua força de trabalho.
Como orientação aos pacientes, foram veiculadas na mídia orientações sobre quando buscar atendimento no hospital, e as equipes assistenciais trabalham para contatar os pacientes via telefone e avaliar a necessidade de comparecimento à instituição ou possibilidade de reagendamento de consultas.
Série especial: leia as entrevistas já publicadas
Hospital Mãe de Deus estabelece novas rotinas para garantir atendimento seguro a todos os seus pacientes (27/05): Rafael Cremonese
Hospital de Caridade de Erechim vive nova realidade em meio à pandemia do coronavírus (28/05): Claudiomiro Carus
O perigo em não procurar o atendimento adequado no momento certo (Hospital Moinhos de Vento, 29/05): Luiz Antonio Nasi