Empregabilidade e Aperfeiçoamento, Gestão e Qualidade | 4 de fevereiro de 2016

Como fortalecer uma Cultura de Segurança em Hospitais 

CEO da Johns Hopkins Medicine, apresenta medidas para aprimorar a segurança do paciente
Como fortalecer uma Cultura de Segurança em Hospitais 

Há quinze anos, uma criança de 18 meses de idade morreu no Johns Hopkins Hospital por erros médicos que levaram à sepse, uma infecção grave na corrente sanguínea que ameaça a vida de pacientes em hospitais. Com 750 mil casos e 250 mil mortes por ano, a sepse é a 10ª maior causa de morte nos EUA e a principal causa de morte hospitalar.

Administrar casos de pacientes com sepse grave e choque séptico (ou septicemia, uma infecção generalizada que se dá quando as bactérias, fungos ou vírus de uma infecção local chegam à corrente sanguínea, espalhando-se por todo o corpo, causando sintomas do choque) é, atualmente, uma prioridade no Johns Hopkins e no Instituto Armstrong para a Segurança e Qualidade do Paciente (Armstrong Institute for Patient Safety and Quality). Um algoritmo baseado em computador, desenvolvido na Universidade Johns Hopkins, consegue prever quais pacientes estão em risco para essa condição em mais de dois terços das vezes, proporcionando uma melhoria de 60% nos protocolos de triagem existentes.

“Esta é apenas uma das muitas inovações e novas iniciativas que introduzimos desde 2001, quando gestores de todo o sistema Johns Hopkins Medicine se uniram para construir uma cultura que poderia garantir mais segurança aos nossos pacientes”, destaca Paul Rothman, CEO da Johns Hopkins, em artigo publicado no site da instituição.

A primeira ação pioneira ocorreu ainda em 1999, quando o famoso Instituto de Medicina (Institute of Medicine) publicou o estudo “Errar é humano”. Pela primeira vez, cerca de 98 mil mortes por ano no país foram atribuídas a erros médicos. “No ano passado, o Instituto lançou outro relatório perturbador que diz que um diagnóstico errado ou atrasado, provavelmente, afetará cada um de nós durante a nossa vida”, alertou Dr. Rothman. O relatório “Melhorando Diagnósticos em Saúde” (Improving Diagnosis in Health Care, baixe o pdf gratuito em inglês aqui) afirma, também, que diagnósticos equivocados são mais comuns, e muitas vezes mais perigosos do que infecções e problemas adquiridos durante a administração de medicamentos.

“Muitos de nossos médicos-pesquisadores estão trabalhando duro para mudar isso. Por exemplo, um método em estudo utiliza um dispositivo que rastreia as diferenças (atrasos) nos movimentos oculares para melhor diagnosticar derrames, o que muitas vezes não é feito com pacientes jovens e/ou do sexo feminino. Um estudo preliminar sugere que este método é 99% preciso”, destacou o especialista.

O Armstrong Institute e outros em toda a organização continuam a fazer progressos em encontrar métodos novos para melhorar a segurança do paciente. “Temos novos painéis de segurança para mostrar às nossas equipes como elas estão trabalhando, estamos criando um sistema informatizado de monitoria de danos na unidade de terapia intensiva cirúrgica no Johns Hopkins Hospital e algumas de nossas divisões contam com gestores de qualidade assistencial”, revelou o CEO.

Há também preocupação com os momentos de transição ou transferências (chamados handoffs), uma situação em que o paciente internado fica particularmente vulnerável a erros de comunicação. O detalhamento dos relatórios do paciente durante as mudanças de turno, onde um enfermeiro sai e outro entra e há a troca de informações sobre o plano de tratamento, é uma forma de reforçar a segurança. “No Howard County General Hospital, os gestores elaboram um briefing de segurança todos os dias, para discutir a situação do hospital (como o número de leitos disponíveis, as necessidades previstas para o dia e quaisquer possíveis problemas de segurança para pacientes, visitantes ou membros da equipe). Estes encontros proporcionam um trabalho de forma colaborativa para resolver os problemas antes que se tornem ameaças”.

Em 2015 os frutos da iniciativa começaram a surgir. Diversas unidades (Johns Hopkins Hospital, Johns Hopkins Bayview Medical Center, Howard County General Hospital and All Children’s Hospital) foram agraciadas com o título de Top Performance da Joint Comission. A designação Top Performer é reservada para hospitais credenciados que consistentemente trabalham em um nível muito elevado, seguindo as melhores práticas para o tratamento de pessoas que necessitam de cirurgia ou sofrem ataques cardíacos, insuficiência cardíaca, pneumonia ou outras doenças graves. “Este é o terceiro ano consecutivo em que o Johns Hopkins Hospital tem sido reconhecido como tal”, salientou Paul Rothman.

No entanto, o CEO diz que ainda há muito trabalho pela frente. “Temos que mostrar melhorias em medidas de qualidade, como readmissões e infecções hospitalares”. A Johns Hopkins Medicine é comprometida em fornecer os serviços da forma mais segura possível. Conforme a complexidade da medicina avança, crescem também os limites de tratamento. “No entanto, as oportunidades de erros também são abundantes. Junto com o tremendo esforço para curar nossos pacientes, deve vir uma determinação igual para protegê-los de danos. Garantir a segurança do paciente é um objetivo para o qual todos somos responsáveis”, conclui o artigo.

Parceria Moinhos de Vento/Johns Hopkins International

Em 2013, o Hospital Moinhos de Vento afiliou-se ao Johns Hopkins Medicine International. A parceria possibilita uma assistência compartilhada aos pacientes e a troca de experiências entre as equipes médicas, além de promover eventos, visitas e programas de aprimoramento.

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