Mundo | 5 de dezembro de 2013

Busca por anticoncepcional masculino avança

Pesquisa australiana aposta em novo caminho para encontrar um método contraceptivo eficaz, seguro e reversível para os homens
Busca por anticoncepcional masculino avança

O trabalho apresentado no início de dezembro por uma equipe da Universidade Monash (Austrália) pode representar uma nova esperança na busca por uma pílula anticoncepcionalmasculina.  Depois de décadas de fracasso, os pesquisadores estão liderando uma forma alternativa de desenvolver um contraceptivo hormonal reversível.

Os únicos métodos que comprovaram eficácia entre os homens são preservativos e vasectomia. Este último, além de problemas de reversibilidade, requer uma cirurgia. O caminho aberto pelos pesquisadores australianos é radicalmente diferente, tanto em comparação com os dois métodos citados, quanto com testes de drogas hormonais. O foco está no processo de expulsão do sêmen.

O trabalho foi publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) e contou com a ajuda das universidades de Melbourne (Austrália) e Leicester (Inglaterra). O estudo, feito com camundongos, tem se mostrado eficaz e se caracteriza por uma abordagem diferente das tradicionais tentativas.

Ao invés de tentar atacar a produção de espermatozóides com um coquetel de hormônios, os mecanismos nervosos que ativam a ejaculação são bloqueados pela uretra. A ejaculação é travada, mas o orgasmo não é afetado.

A pesquisa revela que, ao bloquear duas proteínas fundamentais para o progresso de espermatozóides na ejaculação, o músculo não recebe a mensagem química que lhe diz para aumentar a produção de esperma e isso pode causar a infertilidade sem afetar a saúde geral e sexual do paciente em longo prazo.

Grande parte da explicação para a não existência de uma pílula masculina eficaz, segura e reversível encontra-se em diferenças na produção de gametas. A mulher nasce com um número limitado de células germinativas que amadurecem e produzem óvulos em um processo que continua por toda a vida reprodutiva até a menopausa. Assim, os anticoncepcionais femininos retardam o processo sem afetar a geração de óvulos.

Até então, as tentativas de criar um contraceptivo masculino combinaram progesterona e hormônios sexuais masculinos. Um hormônio inibia a produção de esperma e o segundo compensava (nem sempre com sucesso) os problemas de ereção e libido  causada pelos progestágenos. Os efeitos colaterais, no entanto, dificultam o desenvolvimento de medicamentos.

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