Mundo | 15 de abril de 2014

Avaliações negativas na internet constrangem médicos que estariam cedendo a pedidos de pacientes

Exames e medicamentos por um melhor "ranking"
Avaliações negativas na internet constrangem médicos que estariam cedendo a pedidos de pacientes

Em uma sociedade em que a informação está ao alcance de todos, a relação entre médicos e pacientes pode se tornar uma perigosa “parceria de negócios”. Nos EUA, relatórios revelam que os pacientes estão demonstrando mais “conhecimento” e pedindo aos médicos os medicamentos pelo nome. Caso não sejam atendidos, avaliam de forma negativa o profissional através de sites especializados em pontuar a qualidade dos médicos.

A situação é complicada. Por um lado, é preciso buscar a satisfação do cliente, garantindo uma boa experiência e a sensação de que o paciente recebeu o melhor atendimento. Em contrapartida, crescem os casos de pacientes que desejam coisas desnecessárias, ou mesmo inadequadas do ponto de vista médico. Esse cenário vem criando obstáculos na relação entre médico e paciente. O que se discute muito nos EUA é até que ponto um médico deve ceder, já que medicina não é um negócio, onde o cliente “sempre tem razão”.

Um recente estudo, publicado pela Daily Beast, afirma que os médicos não são bons em dizer “não”, mesmo quando se trata de prescrever um medicamento. Muito se deve ao temor de que o paciente acesse páginas da Internet (como Yelp, Vitals e Healthgrades) para fazer uma reclamação, avaliando-o mal. O artigo ainda lembra que o paciente expressa mais o desejo de vingança pelo atendimento considerado inadequado, do que o desejo de agradecer ao profissional que fez um bom trabalho.

A dificuldade de relacionamento não se restringe à prescrição de remédios. Muitas pessoas não se satisfazem com instruções e recomendações de um especialista, e exigem exames e tratamentos muitas vezes desnecessários. Essa relação atinge os gastos oriundos das decisões clínicas, e a ânsia de um paciente por tomar um antibiótico, mesmo que não vá ter benefício real, se coloca à frente da opção por um tratamento mais barato e eficaz.

As avaliações feitas pelos pacientes em sites e redes sociais geram ansiedade nos médicos americanos, que podem perder clientes justamente por recomendar tratamentos mais corretos, mas que não condizem com a expectativa do paciente.

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