Mundo | 25 de julho de 2014

Antibióticos são indicados de forma equivocada em 30% dos casos

Estudo mostra má indicação na prescrição de medicamentos para combater a gripe
gripe

Durante a temporada mais fria as pessoas buscam com maior frequência medicamentos para curar ou evitar gripe e o volume de receitas de antibióticos e antivirais cresce. De acordo com um estudo publicado no Clinical Infectious Diseases, em 2013 quase 30% desses pacientes foram tratados com antibióticos desnecessários ao invés de terapia antiviral.

A pesquisa sugere que médicos tenham mais cautela ao indicar medicamentos antivirais e antibióticos para pacientes que têm sintomas de gripe. O trabalho da epidemiologista Fiona Havers e seus colaboradores dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças nos Estados Unidos (Centers for Disease Control and Prevention, CDC), analisou 6.766 pacientes em cinco estados norte-americanos. O objetivo era ver se os pacientes com alto risco de desenvolver complicações graves da gripe receberam medicamentos antivirais via prescrição médica.

Entre setembro de 2012 e fevereiro de 2013, os EUA registraram 64 mortes de crianças por causa da gripe. O CDC recomenda vacinas anuais para melhor combater a doença. Os antibióticos não podem tratar a gripe, que é causada por um vírus. Portanto, são recomendações quase inúteis (salvo em casos em que há, também, infecção associada) e ainda ajuda a aumentar a resistência bacteriana a remédios.

Os resultados, em suma, mostraram que antivirais e antibióticos foram prescritos de forma inadequada. Menos de 20% dos pacientes com sintomas poderiam ter se beneficiado de medicação antiviral por terem alto risco de desenvolver complicações maiores.

Entre os pacientes que foram confirmados com gripe através de exames laboratoriais, 16% receberam prescrição de antiviral. Por outro lado, os antibióticos foram prescritos com mais frequência, sendo indicados para 30% dos pacientes com sintomas de influenza.

A Organização Mundial da Saúde (OMS), preocupada com o uso inadequado de antibióticos, lançou programas em todo o mundo para retardar o surgimento de nova resistência e preservar os tratamentos disponíveis. “Os antibióticos são agora vítimas de seu sucesso: a sua ampla utilização desde as décadas de 1960 e 1970 permitiu que bactérias aprendessem a se defender”, alerta o professor Patrick Plésiat, coordenador do Centro Nacional de Referência de Resistência a Antibióticos de Besançon (França), em entrevista ao jornal Le Figaro, em matéria realizada em abril deste ano.

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