Estatísticas e Análises, Mundo | 27 de julho de 2015

Alimentação adequada nos primeiros mil dias é vital

Genes tem menos influência no desenvolvimento sadio em comparação com a alimentação
Alimentação adequada nos primeiros mil dias é vital

A nutrição nos primeiros mil dias de vida – desde a sua concepção até os dois anos – é um fator chave para o futuro da saúde da criança. Durante as fases iniciais da vida, ocorre programação metabólica, um processo em que o ambiente e a dieta desempenham um papel fundamental e, assim, oferecem a oportunidade de influenciar – positivamente ou negativamente – a saúde no futuro da pessoa.

Nascer com baixo peso (menor que 2,5kg) pode trazer consequências imediatas. Cerca de 50% da mortalidade infantil até o primeiro mês de vida ocorre em decorrência do baixo peso para idade gestacional. No Brasil, de 8 a 10% vêm ao mundo nessas condições.

Pesquisas científicas mostram que uma parcela pequena da saúde do bebê depende de seus genes, e a maioria depende do ambiente, onde a alimentação é um fator significativo. As necessidades nutricionais de uma criança não são iguais às de um adulto.

Uma pesquisa lançada na Europa, em 2012, juntamente com um programa educativo denominado “Alimentando a Saúde de Amanhã” esclarece melhor as consequências e a importância da alimentação na fase inicial de vida. O projeto conduziu um estudo pioneiro (chamado Alsalma 2.0) que analisou os hábitos alimentares de um grupo de mais de 1,7 mil crianças espanholas, colhendo importantes dados. De acordo com os resultados, 95,9% das crianças consomem quatro vezes mais proteína do que a dose diária recomendada.

Também foi observado que uma maior ingestão diária de proteína está associada com um alto índice de massa corporal (IMC). IMC é reconhecido pela OMS como a principal referência para classificação das diferentes faixas de peso e um dos parâmetros para definir os riscos relacionados à obesidade. Além disso, as crianças espanholas não alcançam a quantidade ideal de alguns nutrientes, como a vitamina D.

Neste período de mil dias (que consiste em cerca de 270 dias de gestação e 730 dias de vida), a alimentação da mãe tem um impacto importante sobre a saúde da criança. Portanto, manter o peso adequado durante a gravidez, aumentar a ingestão de vitaminas e minerais, e qualificar a dieta são fatores fundamentais, sempre sob orientação de médicos, nutricionistas ou especialistas da saúde.

Mulheres grávidas não devem comer o dobro do que o de costume, mas sim “pensar por dois”, ou seja, se alimentar pensando nas necessidades da criança que está em gestação. Depois que o bebê nasce, o leite materno é a melhor maneira para alimentar o recém nascido. Por isso, se recomenda a amamentação exclusiva durante os seis primeiros meses de vida. A mãe que amamenta é capaz de produzir leite com a quantidade certa de proteína, gordura, carboidratos e minerais, mesmo quando não recebe a ingestão adequada destes nutrientes. Em contrapartida, nutrientes como vitaminas e Omega 3 presentes no leite materno estão intimamente ligados a uma adequada dieta da mãe. Portanto, é essencial seguir uma dieta variada e equilibrada, adaptada para o período, que é de necessidades nutritivas específicas.

A introdução dos alimentos complementares, a partir dos seis meses, é o próximo passo dos mil dias. É importante introduzir novos alimentos, sabores e texturas para desenvolver hábitos nutricionais adequados, assegurando simultaneamente a ingestão apropriada de nutrientes nesta fase de crescimento e desenvolvimento.

Crianças entre um e dois anos ainda têm necessidades nutricionais especiais que a dieta dos adultos não abrange. A quantidade de nutrientes necessários por quilo de peso pode ser quatro a sete vezes maior do que a de um adulto. Por essa razão, é importante manter uma dieta cuidadosa também nessa idade.

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