Gestão e Qualidade, Tecnologia e Inovação | 14 de março de 2018

Alceu Alves da Silva coordenou debate final entre os palestrantes do Saúde do Futuro 

Fábio Gandour e Evandro Tinoco, demais palestrantes, também integraram painel e responderam perguntas
Alceu Alves da Silva coordenou debate final entre os palestrantes do Saúde do Futuro 

O Dr. Alceu Alves da Silva, anunciado um dia antes como vice-presidente da MV (empresa líder em Tecnologia da Informação na área da saúde), comandou o debate que finalizou a 5ª edição do evento Seminários de Gestão: Saúde do Futuro, promovido pela Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Saúde do RS (FEHOSUL), Sindicato dos Hospitais e Clínicas de Porto Alegre (SINDIHOSPA) e Associação dos Hospitais do Rio Grande do Sul (AHRGS). A atividade teve a participação dos demais palestrantes, Fábio Gandour e Evandro Tinoco, além do diretor executivo da FEHOSUL, Dr. Flávio Borges, e contou com perguntas do público presente, que lotou o auditório do Hotel Continental, na sexta-feira, 9 de março.

Antes do debate, o vice-presidente da MV ofertou aos presentes uma mini palestra sobre os cenários de base da saúde brasileira. Em sua apresentação, o Dr. Alceu avaliou o cenário atual, traçando perspectivas para o futuro. O vice-presidente da MV também analisou os impactos que novas tecnologias vão trazer, citando como exemplo a sua nova empresa, líder em sistema de gestão para a saúde no Brasil. “Eu penso que, dentro da MV, podemos ampliar a contribuição para o segmento. Dentro de um processo de mais conhecimento do funcionamento do mercado e com o nível de tecnologia que nós temos, que nós possamos criar soluções bastante inovadoras e que efetivamente melhorem o nível de desempenho da gestão da saúde no Brasil”, ressaltou.

Vice presidente da MV, Alceu Alves da Silva

Vice presidente da MV, Alceu Alves da Silva

 

O executivo da da MV citou forças que pressionam o sistema de saúde no país, como o aumento da carga de doenças, falta de política clara e execução de programas de promoção e prevenção de saúde e falta de informações dos pacientes, o que fragmenta o sistema de saúde, gerando aumento de custos. “Muitos programas são bons, mas mal executados”, disse. O sistema de remuneração também foi apontado por Alceu, que frisou que, no cenário atual, o sistema de remuneração acaba privilegiando quem faz uma má medicina.

A automação e transformação digital irão possibilitar um cenário de redução de custos, maior eficiência, segurança ao paciente e qualidade no cuidado. Um dos exemplos citados foi o prontuário eletrônico. “Podemos ver sob vários aspectos. Do ponto de vista do paciente, está ligado à questão da segurança do paciente. Especialmente os prontuários que ajudam nas decisões clínicas, são inteligentes e dão uma cobertura importante. Outro ponto: é um absurdo que os hospitais no Brasil tenham que ter depósitos no nível que existem de prontuários no papel. Temos tecnologias suficiente para não termos mais prontuários de papel”, afirmou.

Alceu citou Mark Britnell, presidente mundial da KPMG, ao dizer que “os grandes hospitais deverão se constituir em sistemas de saúde”. Além disso, enfatizou que a grande maioria dos sistemas de saúde não consegue obter os resultados esperados porque não conhece adequadamente a realidade da sua população, nem sua demografia e epidemiologia. De acordo com Alceu, esta constatação é pontual tanto para o setor público quanto para o privado.

“Os grandes hospitais deverão se constituir em sistemas de saúde”

“Os grandes hospitais deverão se constituir em sistemas de saúde”

 

Abordar o Hospital como Sistema de Saúde é, acima de tudo, uma provocação para o futuro. De acordo com Alceu, há crescentes dificuldades que envolvem e pressionam as grandes modificações da área da saúde. “Acreditamos que, ao visualizar o Hospital como Sistema de Saúde, criamos inspiração para as nossas reflexões. Algumas ideias para o Modelo Assistencial podem surgir, bem como podem já ficarem alinhadas com o que queremos no futuro”, explicou.

O vice-presidente da MV avaliou que como se dará a transformação para o futuro dos sistemas de saúde. “Não há nenhuma expectativa de que tudo possa ser feito de imediato e ao mesmo tempo. Ao contrário, cada passo há de ser criterioso quanto aos aspectos estratégicos, temporais, de investimentos , da existência de pagadores, do retorno do investimento, etc.”, ressaltou.

Além disso, também há falta de informação correta para a população, que ocasiona falta de controle nos tratamentos médicos. Isto afeta o custo e a oferta. “A oferta acaba ocorrendo por um viés econômico”, disse Alceu. “Não ter as informações permitem um acesso indevido. E o paciente, muitas vezes, buscando um número grande de atendimentos termina se prejudicando. Isso ocasiona alto custo o que, na maioria das vezes, não é benéfico para ele”, enfatizou.

O desafio de Alceu na MV, maior empresa em TI na saúde brasileira

O ex-superintendente executivo do Sistema de Saúde Mãe de Deus, de Porto Alegre, destacou em sua entrevista exclusiva ao portal Setor Saúde, as alternativas para promover mudanças na área da saúde, ligadas à reorganização dos sistemas, à promoção, à prevenção e à profissionalização do setor.

Debate

Comandado pelo Dr. Alceu Alves da Silva, o debate contou com a participação do ex-cientista chefe da IBM, Fábio Gandour, do diretor médico do Hospital Pró-Cardíaco/RJ, Evandro Tinoco, além do Diretor Executivo da FEHOSUL, médico Flávio Borges, mediando as perguntas aos palestrantes.

Ao ser questionado sobre o futuro dos hospitais, Tinoco destacou a necessidade de adaptação das universidades ao mundo contemporâneo. “A escola de medicina é claramente do século 19. Os professores estão no século 20 e os alunos no século 21”, afirmou.

A necessidade de trabalhar em conjunto com outras áreas também foi abordada pelo palestrante. “Precisamos trazer engenheiros e designers para a nossa área. Criar pontes para nos aproximar. Temos que buscar os melhores, ter ousadia”, declarou.

Segundo o diretor médico do Hospital Pró-Cardíaco, é necessário criar parcerias com outros ambientes. Fábio Gandour concordou, complementando a necessidade de mudar a perspectiva do hospital, integrando-o à sua comunidade local.

Fábio Gandour, Flávio Borges, Alceu Alves e Evandro Tinoco

Fábio Gandour, Flávio Borges, Alceu Alves e Evandro Tinoco

 

Ao responder uma pergunta da platéia, Gandour também explicou como deve ocorrer a utilização da robotização em um hospital. “Temos que colocar uma máquina instruída com determinadas regras e outra instruída com outras. Elas irão negociar e entrar em acordo. As pessoas só devem interferir quando o resultado sair da média”, explicou.

“Os hospitais precisam deixar de lado a sua arrogância intelectual e focar em outros ecossistemas”, afirmou Alceu Alves da Silva, que definiu a mudança de pensamento dos hospitais como ação prioritária.

A necessidade de profissionalização de lideranças médicas também foi enfatizada por Tinoco e complementada por Alceu. “Nós precisamos de lideranças com uma formação mais sólida em termos de gestão, que possam constituir suas equipes com uma formação mais adequada, mais específica e especializada. A saúde não é uma área que possa prescindir da profissionalização”, pontuou Alceu.

Encerramento do presidente do SINDIHOSPA, Henri Chazan

Discurso de encerramento do presidente do SINDIHOSPA, Henri Chazan

 

Encerramento

O encerramento do Seminários de Gestão foi comandado pelo presidente do SINDIHOSPA, Henri Chazan, que definiu o evento como um “momento de desenvolvimento para quem pratica a saúde”.

Chazan destacou a importância da adaptação dos estabelecimentos de saúde aos novos métodos e tecnologias apresentados pelos palestrantes. “A história irá engolir, assim como engoliu quem é contra o Uber”, declarou.

Ao finalizar sua fala, o presidente do SINDIHOSPA agradeceu a todos os presentes, aos patrocinadores (MV, Seguros Unimed, Banrisul e Bionexo) e convidou para o próximo Seminários de Gestão, que ocorrerá no dia 4 de maio, com o tema Segurança do Paciente.

MV, Unimed, Banrisul e Bionexo patrocinaram o Saúde do Futuro

MV, Seguros Unimed, Banrisul e Bionexo patrocinaram o Saúde do Futuro

 

Segurança do Paciente em maio

No dia 4 de maio, ocorre a segunda edição deste ano do Seminários de Gestão com o tema Segurança do Paciente. Em breve, as entidades de saúde do Sistema FEHOSUL (SINDIHOSPA e 10 sindicatos do interior) e AHRGS divulgarão mais informações.

O presidente da FEHOSUL, Cláudio José Allgayer, garante a importância do próximo tópico. “A cultura em hospitais, clínicas e demais empresas deve ter a segurança do paciente como elemento irrevogável. Somente com esforços neste sentido mudaremos comportamentos, com práticas norteadoras para as decisões que tomamos em nosso trade como um todo”, informa.

 

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