Hospital Santa Lúcia de Cruz Alta ressalta riscos da procura tardia por atendimento
Diretor Fernando Pedroso é entrevistado em série especialA pandemia da Covid-19 (doença causada pelo novo coronavírus) fez com que diversas rotinas fossem alteradas em todo o mundo. Na área da saúde, uma das consequências foi a suspensão das cirurgias eletivas e de consultas, com impactos para o caixa dos hospitais, mas também, para os pacientes. Segundo a Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Saúde do RS (FEHOSUL), há um outro lado que precisa ser olhado: a saúde da população não Covid-19. O diretor-executivo do Hospital Regional Santa Lucia, de Cruz Alta, analisa a atuação da instituição diante deste novo cenário.
Por isso, a entidade, em parceria com o Portal Setor Saúde, lançou uma série especial de entrevistas com gestores das instituições de saúde. “Mesmo sob pressão, os hospitais têm demonstrado um cuidado redobrado para garantir a segurança de todos: profissionais, pacientes Covid e os pacientes não Covid. Quem faz tratamento oncológico, por exemplo, não deve parar o seu tratamento sem indicação médica. Em casos graves, as emergências estão prontas para atender com segurança. Em ambos os casos, os pacientes não Covid não tem contato com aqueles em tratamento de Covid, pois os hospitais segregaram adequadamente o fluxo de pessoas”, explica o presidente da FEHOSUL, médico Cláudio Allgayer.
Confira a entrevista concedida pelo diretor-executivo do Hospital Regional Santa Lucia, de Cruz Alta, Fernando Scarpellini Pedroso.
O aumento de casos graves por demora em procurar atendimento
Assim como a maioria dos hospitais em todo o mundo, o Hospital de Cruz Alta observou o mesmo fenômeno da diminuição de atendimentos, em grande parte pelo receio que as pessoas têm de contrair o coronavírus em ambiente hospitalar. De acordo com Pedroso, no Santa Lucia essa nova realidade foi sendo cada vez mais observada a cada semana da pandemia.
“Na medida que passa o tempo temos visto esse tipo de situação ocorrer com maior frequência. No mês de maio, tivemos um aumento dos chamados casos graves no Pronto Atendimento por esse motivo”, disse. O diretor-executivo enfatiza a necessidade de as instituições comunicarem os pacientes sobre os riscos dos atendimentos tardios. “Creio ser importante nesse momento que os hospitais e corpo clínico em conjunto trabalhem massivamente a informação relativa aos riscos que os pacientes incorrem ao postergarem as consultas e cirurgias”, afirma.
Impacto imediato na queda das emergências
O mês de abril foi o mês de maior impacto, tanto em relação à emergência, quanto para os casos de cirurgias eletivas, de acordo com o diretor-executivo.
“No caso da emergência, tivemos uma redução de 45% nos atendimentos. Cabe ressaltar que a redução ocorreu mesmo com a divisão da emergência em duas entradas, sendo uma para pacientes com sintomas respiratórios e a outra para pacientes assintomáticos. Referente às cirurgias eletivas, somente no mês de maio retornamos com os agendamentos e a retomada tem sido lenta”, detalha.
Após a liberação das cirurgias eletivas, pelo Governo do RS, o Santa Lucia observou certa recuperação a partir do dia 10 de maio, mas de forma muito incipiente, de acordo com Pedroso – em torno de 30% do movimento normal.
Adicionalmente, o Hospital Regional Santa Lucia, através do aplicativo Naxia Digital passa a oferecer a possibilidade de realização de consultas on-line, promovendo agilidade no atendimento. Esta nova modalidade de atendimento médico à distância e online contribui para manter os pacientes protegidos em casa, principalmente os dos grupos de risco, ao mesmo tempo em que proporciona a população maior acesso a oferta de consultas com especialistas, inclusive em áreas remotas ou distantes onde há carência de profissionais.
Medidas de segurança do paciente e de comunicação alinhadas
“Temos um plano de contingência muito bem organizado e que passa por atualizações constantes. Dentre as principais medidas, posso citar a divisão dos fluxos de atendimento para pacientes com e sem sintoma respiratório, bem como as medidas de proteção aos colaboradores”, afirma.
O diretor-executivo salienta que a comunicação é área aliada para que a população se sinta segura de frequentar o Hospital Santa Lucia. “Temos realizado publicações constantes, por especialidade médica, relacionadas aos riscos de não procurar o atendimento médico. Também temos informado à comunidade sobre nossas ações relativas à qualidade e segurança, mostrando que o hospital é um ambiente seguro. Para isso temos utilizado as mídias digitais e rádios”, diz.
Série especial: leia as entrevistas já publicadas
Hospital Mãe de Deus estabelece novas rotinas para garantir atendimento seguro a todos os seus pacientes (27/05): Rafael Cremonese
Hospital de Caridade de Erechim vive nova realidade em meio à pandemia do coronavírus (28/05): Claudiomiro Carus
O perigo em não procurar o atendimento adequado no momento certo (Hospital Moinhos de Vento, 29/05): Luiz Antonio Nasi