Tecnologia e Inovação | 7 de março de 2016

O “marcador” que melhora a eficácia da imunoterapia no câncer

Cientistas explicam como o sistema imunológico adquire importância no combate aos tumores
O marcador que melhora a eficácia da imunoterapia no câncer

Um recente estudo publicado na revista Science destaca que as células cancerosas têm marcações genéticas que podem servir de alvo para o sistema imunológico atacar o tumor. A descoberta pode ser o início de um novo caminho no combate à doença, através de tratamentos individuais muito mais eficientes do que os disponíveis atualmente.

Pesquisadores chamam o marcador de “calcanhar de Aquiles do câncer”. Trata-se de uma possível chave genética que faltava para fazer com que as células-T do sistema imunológico consigam combater e destruir as células cancerígenas. Os chamados fatores “neo-antígenos” (antígeno é qualquer substância, normalmente proteínas, reconhecidas como estranhas pelo organismo, o qual produz uma resposta imune) são criados por mutações genéticas nas células tumorais.

No estudo de células de câncer de pulmão e melanoma, a equipe da Universidade de Harvard, MIT e Imperial College London descobriu que a existência de alto número de clones de neo-antígenos tumorais estão associados com uma melhor sobrevida do paciente, uma maior presença dos linfócitos infiltrados no tumor, e uma resposta mais duradoura para a imunoterapia. Ou seja, os resultados da pesquisa mostram um potencial biomarcador para prever a resposta do doente à imunoterapia. Sugere, igualmente,  que esses neo-antígenos também podem ajudar a identificar quais seriam mais úteis para orientar outros tipos de terapia, como vacinas contra o câncer.

A equipe liderada por Sergio Quezada, um dos autores do estudo, identificou todos os marcadores genéticos que os tumores malignos vão adquirindo à medida que evoluem e que desde o início se instalam na superfície das células cancerígenas.

Os investigadores identificaram as primeiras dessas “assinaturas genéticas”, que surgem em todas as células do tumor e que, por essa razão, são o melhor alvo para as células do sistema imune. Assim, os pesquisadores acreditam que será possível reconhecer facilmente a presença dessa anomalia genética, enviando células-T para a região, o que não acontece porque o próprio tumor as desativa logo nos estágios iniciais do seu desenvolvimento.

“Durante muitos anos estudamos a forma como a resposta imunológica é regulada, mas sem um entendimento claro de como as células imunológicas reconhecem as células cancerígenas. Com esta descoberta, poderemos dizer ao sistema imunológico como reconhecer especificamente os tumores e atacá-los”, afirma Sergio Quezada.

Conhecido este processo, a equipe de Quezada já tem ideia de como as células poderão ser mobilizadas em futuras terapias: ou ativando as células-T do organismo contra a vontade do tumor, ou cultivando em laboratório células do paciente, que depois serão usadas no tratamento.

Tais técnicas, no entanto, ainda exigem ensaios clínicos que deverão levar dois anos para serem realizados.

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