Estatísticas e Análises, Mundo | 14 de outubro de 2020

Reinfecção por Covid-19: EUA registram primeiro caso e Países Baixos primeira morte

Mesmo considerada exceção, reinfecção já atingiu 25 pessoas no mundo
Reinfecção por Covid-19 EUA registram primeiro caso e Países Baixos registram primeira morte

Nos Estados Unidos, pesquisadores da Universidade de Nevada identificaram o primeiro caso de reinfecção por Covid-19 no país. Um homem de 25 anos de idade testou positivo em abril e no final de maio, como publicado no dia 12 no The Lancet. Os Países Baixos, por sua vez, relataram a primeira morte após reinfecção por Covid-19.

O americano é morador da cidade de Reno, no estado de Nevada, e apresentou sintomas leves da Covid-19 na primeira infecção. De acordo com o estudo, o homem adoeceu de forma mais grave na segunda infecção por Covid-19. Os autores do artigo Genomic evidence for reinfection with SARS-CoV-2: a case study escreveram que houve duas cepas diferentes do vírus, uma para cada infecção. Eles explicaram que, a partir de testes, é possível garantir que a infecção teve duas origens diferentes e não uma mutação de um mesmo vírus.

Idosa de 89 anos morre após reinfecção por Covid-19

Os Países Baixos registraram a morte por reinfecção de Covid-19 de uma idosa holandesa de 89 anos. Ela é um dos 25 casos de reinfecção de SARS-CoV-2 conhecidos no mundo, e morreu dos efeitos da segunda infecção – ela ainda sofria de uma forma rara de câncer de medula óssea. A idosa se tornou a primeira morte conhecida por uma reinfecção por coronavírus.

Conforme explicou a virologista Marion Koopmans, a paciente teve que ser internada no hospital na primeira infecção, após desenvolver sintomas como febre alta e tosse persistente, mas teve alta após cinco dias, quando apresentou teste negativo.

A paciente holandesa também sofria de uma doença conhecida como macroglobulinemia de Waldenström, uma forma rara de câncer de medula óssea, então seu sistema imunológico foi afetado por meses.

Dois meses após, a mulher iniciou novas sessões de quimioterapia, mas começou a ter febre, tosse e uma forte falta de ar apenas dois dias depois, sendo readmitida no hospital.

Ela foi submetida a um teste PCR, na qual deu positivo (vírus ativo no organismo), mas deu negativo em dois testes sorológicos que foram feitos para detectar se ela ainda tinha anticorpos contra o vírus no sangue, após a primeira vez que foi infectada. Oito dias após a internação, o estado de saúde da paciente piorou drasticamente e ela morreu duas semanas depois.


“Ela provavelmente morreu de coronavírus, mas também estava muito doente”, disse Koopmans, que está participando de um acompanhamento de reinfecções realizado pela Universidade de Oxford.


A virologista destacou que existem cerca de 25 casos conhecidos de reinfecção em todo o mundo e, na maioria dos casos, desenvolveram-se sintomas menos graves do que durante a primeira infecção.

Assim, muitos cientistas apontam que as reinfecções ainda são “exceções”, apontando que uma questão importante que permanece é se esses casos são algo típico da doença, porque em muitos casos o segundo contágio ocorreu apenas dois meses após a primeira infecção.

Ainda não está claro o que o conhecimento desses casos específicos pode significar para o desenvolvimento de uma vacina, nem em que medida o sistema imunológico aprende o suficiente durante a primeira infecção por coronavírus, mas anticorpos produzidos naturalmente após a primeira infecção parecem desaparecer com relativa rapidez em certos casos (o que não significa, a princípio, perda de imunidade).

USP relatou reinfecção de técnica de enfermagem em agosto

No Brasil, um estudo da Universidade de São Paulo (USP) conduzido pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP) confirmou um caso de reinfecção em agosto. Os pesquisadores identificaram a recorrência da doença em uma técnica de enfermagem de 24 anos, que testou positivo para o novo coronavírus duas vezes no intervalo de 50 dias.

Em maio, a técnica de enfermagem apresentou os sintomas da Covid-19 (quadro de cefaleia mais intensa que habitual que evoluiu para mal-estar, fraqueza muscular, sensação febril, leve dor de garganta e congestão nasal). Foi realizado um primeiro exame de RT-PCR (exame laboratorial que identifica moléculas do vírus), com material colhido no nariz e na garganta, e o resultado foi negativo. Mas como os sintomas persistiram, repetiram o exame no nono dia, confirmando, então, a presença do novo coronavírus. No décimo dia, os sintomas desapareceram.

Entretanto, 38 dias depois, 27 de junho, a paciente voltou a apresentar mal-estar, mialgia, cefaleia intensa, fadiga, fraqueza, sensação febril, dor de garganta, perda do olfato e diminuição do paladar, diarreia e tosse. Submetida a novo RT-PCR para o vírus SARS-CoV-2, o resultado foi positivo. Nos dois momentos a paciente evoluiu bem, não precisou de internação hospitalar.

Reinfecção por Covid-19

Segundo o professor Fernando Bellissimo Rodrigues, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, o diagnóstico da Covid-19 é baseado em três pilares: sintomas clínicos, exames laboratoriais e epidemiologia (contato com outros infectados), todos afirmativos nesse caso. “Ao que tudo indica, inclusive o exame sorológico, é que a paciente não desenvolveu anticorpos suficientes quando testou positivo em maio”, analisa o professor, que alerta tratar-se de um caso muito raro.

Com informações do El Nuevo Herald e Jornal da USP. Edição do Setor Saúde.



VEJA TAMBÉM