Mundo | 24 de fevereiro de 2017

Expectativa de vida pode chegar aos 90

Pesquisa sugere que crianças nascidas em 2030 poderão viver mais de 90 anos
Expectativa de vida pode chegar aos 90

A longevidade deve continuar aumentando nos países desenvolvidos e pode passar os 90 anos até 2030 nas mulheres de países como a Coreia do Sul, a França e o Japão, segundo um estudo publicado neste mês na revista médica britânica The Lancet. Os homens também deverão ver sua expectativa de vida progredir, e a lacuna entre os sexos tende a diminuir.

“Até recentemente, muitos pesquisadores pensavam que a expectativa de vida nunca ultrapassaria os 90 anos”, afirma o professor Majid Ezzati, da Imperial College London, principal autor do estudo publicado na revista. Utilizando 21 modelos matemáticos para prever a evolução da longevidade em 35 países desenvolvidos, os autores da pesquisa chegaram à conclusão de que as mulheres sul-coreanas têm a maior possibilidade de atingir a marca dos 90 anos até 2030. Sua expectativa de vida ao nascer – que significa a duração da vida prevista a uma mulher do país nascida em 2030 – deverá chegar aos 90,8 anos, já as francesas e as japonesas alcançarão a idade de 88,6 e 88,4, respectivamente. Essa evolução deve ser similar no caso dos homens, sendo que a lacuna entre os sexos deve diminuir, segundo os pesquisadores. Os sul-coreanos também estarão à frente, com uma expectativa de 84,1 anos, seguidos pelos australianos e suíços – com 84 anos cada.

Segundo estatísticas publicadas em 2016 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), os três países com as maiores esperanças de vida em 2015 eram: Japão (86,8), Singapura (86,1) e Espanha (85,5), entre as mulheres; e Suíça (81,3), Islândia (81,2) e Austrália (80,9), entre os homens.

A Coreia do Sul se sairá bem em razão da alta na esperança ao nascer, de 6,6 anos das mulheres e de 7 anos dos homens, entre 2010 e 2030. Outro destaque é a Eslovênia, com progresso de 4,7 anos nas mulheres e 6,4 na expectativa dos homens, no mesmo período.

Outros países, porém, dificilmente alcançarão índices tão altos até 2030, como os Estados Unidos, que já possuem expectativa de vida menor comparado a outras nações desenvolvidas. Os americanos deverão passar dos 81,2 anos (2010) aos 83,3 (2030), no caso das mulheres, e dos 76,5 (2010) aos 79,5 (2030), entre os homens. Estatísticas essas semelhantes à de países como a Croácia e o México. Para explicar isso, os pesquisadores citam grandes desigualdades, a ausência de um sistema de saúde universal, bem como as taxas de mortalidade materna e infantil, de homicídios e de obesidade elevadas.

A Coreia do Sul, ao contrário, se esforça para melhorar o acesso aos cuidados e de promover a melhora na nutrição e alimentação das crianças e dos adolescentes. O país também diminuiu o número de pessoas com sobrepeso, e a taxa de fumantes entre as mulheres é bem inferior àquela observada na maioria dos países desenvolvidos, revelam os pesquisadores.

Quanto à lacuna mulher-homem, que ia dos 3,9 anos na Nova Zelândia aos 8,5 anos na Polônia, em 2010, deverá diminuir em todos os países pesquisados até 2030. Exceção, no entanto, ao México, onde as mulheres ganharão mais anos na expectativa de vida que os homens, e no Chile, na França e na Grécia onde a esperança de vida dos homens e das mulheres devem aumentar na mesma quantidade.

“Os homens possuem tradicionalmente modos de vida menos saudáveis e, desse modo, expectativa mais curta. Eles fumam e bebem mais e são os que mais sofrem acidentes e homicídios”, explica o professor Ezzati. “O estilo de vida de homens e mulheres tendem, porém, a se aproximar, bem como sua longevidade”, completa Ezzati.

Os pesquisadores pretendem continuar com o trabalho aplicando seus modelos a doenças específicas bem como a todos os países, a fim de aprimorar suas previsões. Eles reconhecem, no entanto, que seus números não consideram “eventos imprevisíveis”, como mudanças políticas que afetam os sistemas sociais e de saúde.

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