Mundo | 14 de março de 2014

Estudo encontra um novo gene ligado à obesidade

Pesquisa foca no IRX3 e pode ser o marco para novos caminhos terapêuticos
gene gorducho

Mudanças no estudo dos genes relacionados à obesidade parecem ter encontrado um caminho para melhores resultados. Mais de sete anos de análise e cerca de mil trabalhos feitos em todo o mundo focavam o gene errado, o FTO. O novo trabalho, publicado na revista Nature, aponta para o impacto na produção de proteínas de outro gene, localizado a longa distância dele no genoma, o IRX3.

As mutações no FTO, o chamado “gene gorducho”, atua como um interruptor da atividade do IRX3, mesmo longe um do outro. Essa interferência ocorre porque as fitas de DNA não são lineares e se enredam dentro das células. De acordo com o principal autor da pesquisa, o geneticista Marcelo Nóbrega, da Universidade de Chicago (EUA), “distâncias enormes podem ser desprezíveis. Com as dobras, um gene acabou ficando do lado do outro, e a interferência ocorre pelo contato”.

Em testes com camundongos, os pesquisadores isolaram a expressão desse gene e observaram que, mesmo com uma dieta gordurosa e sem atividade física, eles ficaram de 25% a 30% mais magros do que os que tiveram a mesma alimentação, mas sem alteração no IRX3.

Mutações no IRX3, no FTO e outros 70 genes relacionados à obesidade geralmente se expressam mais no cérebro de pessoas obesas. A conclusão aponta que o cérebro é que regula a base genética da obesidade, não o tecido adiposo.

A pesquisa indica que o potencial de tratamento é maior do que se pensava. “Ao isolarmos o gene que tem a expressão alterada por essas mutações, os camundongos perderam um terço do peso. O potencial do gene em regular o peso é muito maior”, destacou o especialista. Com a descoberta, os laboratórios que estudavam como FTO regula o metabolismo podem mudar o caminho das suas investigações.

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