Mundo | 19 de novembro de 2013

Depressão acelera o envelhecimento

Pesquisadores holandeses e norte-americanos mostram ligação entre a doença e alterações na estrutura celular
Depressão acelera o envelhecimento

Um estudo realizado em parceria entre cientistas holandeses e americanos indica que a depressão pode acelerar o processo de envelhecimento das células. A pesquisa foi publicada na revista especializada Molecular Psychiatry.

Os especialistas já tinham a informação de que pessoas depressivas têm mais riscos de desenvolver doenças ligadas ao envelhecimento, como alguns tipos de câncer, diabetes, obesidade e doenças cardíacas. Agora, recentes exames de laboratório mostraram que as células parecem biologicamente mais velhas em pessoas que sofreram ou sofrem casos graves de depressão.

Essas diferenças foram notadas em uma estrutura celular chamada telômero. O comprimento destas estruturas é usado para medir o envelhecimento celular. Em parte, isso é resultado de um estilo de vida pouco saudável, que inclui o consumo de bebidas alcoólicas, tabagismo e o sedentarismo.

A pesquisa liderada pelo Centro Médico da Universidade VU, na Holanda, contou com 2.407 pessoas. Mais de um terço desses voluntários sofria de depressão; um terço tinha passado por algum caso grave de depressão; e o restante nunca havia tido a doença. Todos deram uma amostra de sangue para os pesquisadores analisarem, em busca de sinais de envelhecimento celular, como a alteração nos telômeros.

A função do telômero é proteger os cromossomos de possíveis danos e, à medida que as células se dividem, eles vão ficando cada vez mais curtos. Medir seu tamanho é uma forma de entender o envelhecimento celular. O grupo que estava ou já tinha sofrido com depressão, apresentou telômeros bem menores do que aqueles que nunca tinham enfrentado a doença.

A diferença era aparente mesmo quando levadas em conta diferenças como o estilo de vida (voluntários que fumavam e/ou bebiam em excesso). Os pesquisadores também descobriram que pacientes com casos de depressão crônica tinham os telômeros mais curtos entre todos os voluntários.

O estudo supõe que telômeros mais curtos podem ser consequência da reação do corpo à angústia causada pela depressão. Os deprimidos envelhecem precocemente, em média, de quatro a seis anos. Casos mais graves equivalem a sete a dez anos de vida perdidos prematuramente. Entretanto, o estudo não deixa claro se esse processo de envelhecimento pode ou não ser revertido, nem afirma que o comprimento dessa estrutura celular fornece uma previsão consistente para outros problemas, como o risco de morte.

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