Tecnologia e Inovação | 4 de julho de 2023

Cirurgia inédita no RS é realizada no Hospital do Círculo, em Caxias do Sul

Dispositivo para conter perdas urinárias foi usado em paciente de 67 anos.
Cirurgia inédita no RS é realizada no Hospital do Círculo, em Caxias do Sul

Uma cirurgia inédita no Rio Grande do Sul (RS) foi realizada no sábado (1º) no Hospital do Círculo, em Caxias do Sul. A operação consistiu na colocação de um dispositivo para redução de perdas de urina em um paciente de 67 anos. Embora o procedimento seja bem consolidado na medicina, a novidade é o aparelho usado. Trata-se de um esfíncter artificial desenvolvido por uma empresa argentina e batizado de VICTO.

Esse dispositivo está liberado no Brasil desde o final de 2022, após análise da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No entanto, no mundo, é usado desde 2018. O que o difere do principal concorrente, feito por uma empresa norte-americana, é que o VICTO é pré-conectado. Isso significa que o médico não precisa unir as peças no momento da cirurgia em um trabalho milimétrico, como no caso anterior. Portanto, o profissional consegue reduzir o tempo de operação, que fica em torno de uma hora.


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A médica Virgínia Müller, organizadora da cirurgia, explica que esse período mais curto implica em diminuição do risco de infecção no paciente. Segundo a urologista, a cirurgia é reconhecida pela eficiência na contenção das perdas urinárias. No caso desse paciente, ele passou a sofrer com essa condição após uma retirada de próstata e sessões de radioterapia realizadas em 2020.

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A urologista conta que a taxa de incontinência urinária após prostatectomia radical é de 10% a 50%, podendo ser ainda maior quando associada à radioterapia posterior. Virgínia salienta que essa situação prejudica o bem-estar e a sociabilidade dos pacientes, que se sentem retraídos da convivência por causa do risco de perdas urinárias.


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“Vai melhorar muito a qualidade de vida e o potencial de trabalho do paciente. É importante para ele conseguir manter a funcionalidade dele. Trata-se de um paciente jovem, que precisa dessa intervenção para melhorar o conforto após o tratamento oncológico”, afirma.

Com a cirurgia, a estimativa é de que o problema seja reduzido de 60% a 80%. O VICTO será ativado após a cicatrização da área cortada, o que deve ocorrer em cerca de 40 dias. O diretor técnico médico do Hospital do Círculo, Renato Luiz Calloni, ressalta que o uso dessa tecnologia mais recente demonstra a preocupação da entidade em oferecer os melhores resultados aos pacientes: “Essa é uma técnica já consagrada e que vem apresentando bons resultados no controle da incontinência. Trata-se de um tratamento que vem auxiliar uma situação incômoda e, muitas vezes, com repercussões na vida social e psicológica que os pacientes enfrentam no decurso do tratamento. Para nossa instituição, o uso desse procedimento é mais uma demonstração de que colocamos o paciente no centro da nossa atenção e procuramos sempre estarmos alinhados com os avanços da ciência”.


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Aula

O cirurgião urologista Luís Gustavo Morato de Toledo, que ensina o uso do esfíncter artificial (VICTO) no Brasil, veio de São Paulo para indicar como fazer a colocação do dispositivo. No primeiro momento, no auditório do Círculo, foi apresentada uma aula aos médicos urologistas. Também durante essa apresentação, o urologista Luís Alberto Zanettini trouxe os detalhes do caso clínico, com a intermediação do médico Márcio Araldi. A cirurgia foi realizada pela urologista Virgínia Müller, com Ivanês Tomazzoni como médico auxiliar.

Foto: Paulo Tonietto (Hospital do Círculo).

 



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