Gestão e Qualidade, Tecnologia e Inovação | 10 de maio de 2019

Alceu Alves da Silva aponta o cenário atual e desafios para o futuro da saúde

Vice-presidente da MV realizou a palestra de encerramento do Seminários de Gestão
Alceu Alves da Silva aponta o cenário atual e desafios para o futuro da saúde

Os desafios de gestão na saúde para o futuro e as transições de modelos atuais para novas práticas, tendo como aliadas iniciativas baseadas na tecnologia e inteligência de gestão, foram tema da palestra do vice-presidente da MV (empresa líder em Tecnologia da Informação na área da saúde), Alceu Alves da Silva. Na apresentação, também foram abordados os modelos de remuneração, as relações entre operadoras e prestadores, redução de custos e parceria público-privada na saúde.

Tendo como tema Sustentabilidade em Saúde, a primeira edição do Seminários de Gestão em 2019, ocorreu no Hotel Plaza São Rafael, em Porto Alegre. O evento foi promovido pela Federação dos Hospitais do Rio Grande do Sul (FEHOSUL), em parceria com a Associação dos Hospitais do Rio Grande do Sul (AHRGS) e o Sindicato dos Hospitais e Clínicas de Porto Alegre (SINDIHOSPA).

Guia de modelos de remuneração baseado em valor apresentado pela ANS em evento da FEHOSUL_Publico


Sucesso de público

Sucesso no setor de saúde gaúcho, o Seminários de Gestão contou com auditório lotado – as inscrições se encerraram com três dias de antecedência. Patrocinaram o evento o banco Banrisul, o laboratório farmacêutico MSD, a empresa de soluções de tecnologia em saúde MV e a operadora de saúde Unimed Porto Alegre. A certificação é da Fasaúde/IAHCS e os apoiadores desta edição foram o IAHCS Acreditação e o portal Setor Saúde – canal de comunicação oficial do evento.


Alceu Alves da Silva

Alceu Alves da Silva

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“Muito pouco vai acontecer na área da saúde em 2019”

O cenário de 2019 será de poucas mudanças, apontou o vice-presidente da MV. “Muito pouco vai acontecer na área da saúde em 2019. Estamos com o país parado, tendo como única discussão a Reforma da Previdência”, apontou.

Entretanto, Alceu salientou que, mesmo assim, estamos diante de um ano repleto de desafios. “É preciso, no mínimo, se preparar durante 2019, para não sermos pegos de surpresas, pelas mudanças que estão a caminho”, disse.

Mudanças nos modelos de saúde

 Alceu mencionou que o mercado da saúde enfrenta um crescente movimento em ações de promoção e prevenção da saúde, com foco cada vez maior em Atenção Primária e estratégias de Saúde da Família. Também há, entre as mudanças previstas, a migração da doença para a saúde como base do sistema de saúde, maior monitoramento digital e crescente desospitalização.

“A grande mudança será que a base do sistema migrará de doença para saúde. Os hospitais precisarão fazer essa mudança”, frisou. A ineficiência em gestão também foi enfatizada por Alceu. “Nós somos ineficientes em gestão. Nós deveríamos estar muito mais preparados”, afirmou o palestrante, ao questionar se os profissionais da saúde estão preparados para enfrentar os desafios do futuro.

Modelo assistencial do futuro

Alceu apontou a transição do modelo assistencial como um dos desafios da saúde. De acordo com ele, teremos um modelo mais amplo e resolutivo, atendendo as diferentes fases da cadeia assistencial. Além disso, haverá estratégias de expansão ambulatorial, ficando o ambiente hospitalar destinado para gravidade e complexidade. Assim como na palestra de Fernando Torelly, Alceu também sugeriu que, cada vez mais, o hospital estará inserido em uma rede de prestação de serviços.

Operadoras, prestadores e transparência

Alceu destacou que, atualmente, não há uma boa relação entre prestadores e operadoras. “Não há a divulgação das informações necessárias. Precisaremos ter uma relação mais sólida entre os atores, em função da maior participação dos prestadores de serviço no processo”, disse. Haverá uma transição, de acordo com o palestrante, em que as empresas  “irão comprar planos de saúde, e não planos de doença para os seus funcionários”, e, com isso, será necessário maior transparência e qualidade das informações.

Modelos de remuneração, redução de custos e parceria público-privada

A discussão atual sobre a Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) foi lamentada pelo vice-presidente. “Acho uma covardia discutir CMED, porque estão discutindo somente onde ganhamos. É preciso uma discussão mais ampla, envolvendo todos os processos – onde ganhamos, mas também onde estamos perdendo, abordando o sistema como um todo”, salientou.

Sustentabilidade em Saúde realizado no dia 3 de maio em Porto Alegre

Sustentabilidade em Saúde realizado no dia 3 de maio em Porto Alegre

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Alceu teve cautela ao abordar a discussão sobre entrega de valor em saúde. “Acho genial a discussão da entrega de valor, e vou apoiar toda iniciativa nesta direção. A questão é que estamos tão distantes das condições que precisamos para entregar valor que a discussão de valor fica apenas no campo teórico, ou aprisionada por quem tem as melhores condições e não conseguimos transformá-la, de forma capilarizada, dentro do nosso sistema”, afirmou.

O palestrante também apontou um gasto muito elevado com a área de faturamento. “Nós não conseguimos estabelecer nossas regras de relacionamento. Nem a tecnologia consegue resolver isso, porque ela só consegue trabalhar naquilo que é padronizado, e isso não está bem padronizado. É preciso um nível de confiança mais adequado entre operadoras e prestadores. É muito dinheiro posto fora”, ressaltou.

Hospital digital

Alceu explicou que um hospital digital pode ser compreendido com um conceito, que tem como ênfase otimizar tempo, processos e recursos para promover o melhor cuidado com o paciente. O hospital digital trabalha com conceitos de mais eficiência, redução de desperdícios, racionalização de despesas, segurança do paciente e aumento das margens de contribuição.

Ele explicou que, em um hospital digital, o médico já tem acesso a todo o histórico do paciente, graças ao Prontuário Eletrônico do Paciente (PEP), assim que ele entra em seu consultório. O diagnóstico é feito com base nas informações do histórico do indivíduo e, também, com ajuda de portais de conhecimento médico integrados, que trazem artigos e pesquisas científicas com protocolos e melhores práticas assistenciais, conferindo apoio à decisão clínica.

Os sistemas de circuito fechado de medicamentos e checagem à beira do leito garantem que a equipe de enfermagem, por sua vez, tenha todas as informações que precisa sobre a conduta com o paciente e siga à risca o que foi indicado pelo médico, tanto em termos de dosagem de medicamento quanto no que se refere à hora na qual a droga deve ser ministrada.

A otimização de um hospital digital se explica pela perfeita interligação entre todos os setores de um hospital. “O grande foco é liberar os médicos e profissionais para que eles tenham mais tempo para atender os pacientes”, pontuou.

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Tecnologia e inteligência na gestão

“Vocês não vão ter mais setor de faturamento como realidade. Uma mudança prevista é que teremos faturamento remoto. Se tudo é digital, então quando o paciente sair, a conta já estará pronta”, explicou Alceu. De acordo com ele, outras mudanças serão com o comando de voz, para o prontuário, evolução e prescrição, e descrição cirúrgica, além da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID) automática.

A incorporação da tecnologia e inteligência na gestão facilitam agendamento, atendimento e resultados. Também contribuem na diminuição da espera, é um apoio às decisões médico-assistenciais, com eficiência do diagnóstico, além de selecionar e direcionar as demandas dos clientes, trazendo redução de burocracia.

A contribuição da saúde digital para a sustentabilidade no setor da saúde se configura a partir de seis pilares. O primeiro e principal é o paciente no centro da atenção. Também compõem os pilares para a sustentabilidade a profissionalização da gestão, ganhos de eficiência, redução de custos, segurança dos pacientes e qualidade no cuidado.

Alceu encerrou a sua apresentação apontando a necessidade de revitalização corporativa como desafio para o futuro. De acordo com o palestrante, as instituições devem, a partir de métricas organizacionais, perceber o mercado, com suas tendências e movimentos. Também deve ser definida uma forte intenção estratégica, criando um modelo de gestão capaz de colocá-la em prática na organização. “Precisamos agir, com ações proativas. Temos um compromisso forte de fazer a nossa área ser aquilo para qual sempre existimos: prestar um serviço de qualidade para os nossos pacientes”, finalizou.


Leia todas as matérias produzidas do Sustentabilidade em Saúde:

Confira a matéria publicada sobre a primeira apresentação do evento, apresentada pelo diretor de desenvolvimento setorial da ANS, Rodrigo Aguiar.

A definição de valor em saúde do Sírio-Libanês e os desafios dos setores público e privado, por Fernando Torelly. 

“Quem faz melhor, precisa ser reconhecido” diz Helton Freitas ao apresentar case de sucesso da Unimed BH


Veja todas as entrevistas realizadas pelo portal Setor Saúde

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