Mundo | 27 de agosto de 2013

Espanha também sofre com filas no Sistema Público

Demora no atendimento não é um problema só no Brasil
Espanha também sofre com filas no Sistema Público

A espera para submeter-se a uma cirurgia no sistema público de saúde não é um problema apenas do Brasil. Na Espanha, o Sistema Nacional de Saúde (SNS) confirmou no segundo semestre de 2012 um aumento de 76 para 100 dias o período médio para um atendimento especializado, de acordo com dados publicados pelo Ministério de Serviços de Saúde. É o maior atraso desde 2004, quando a contagem passou a ser feita.

No final de 2012 eram 571.395 pacientes na lista de espera, 6,4% a mais do que em junho (536.911), sendo que 16,5% levaram mais de seis meses entre a prescrição médica e o atendimento. A especialidade onde há maior fila de espera é a traumatologia (166.302), seguida da Oftalmologia (110.812) e Cirurgia Geral e do aparelho Digestivo (108.508).

Já os casos que mais demoram para agendamento cirúrgico, na Espanha, são Cirurgia Torácica (152 dias, em média), Neurocirurgia (151) e Cirurgia Plástica (124). Já as especialidades que menos tempo levam são ginecologia (70) e cirurgia cardíaca (73).

O relatório do Ministério também ressalta que aumentou o tempo de espera para a primeira consulta com um especialista. Em dezembro de 2012 eram 42,1 por mil pacientes na fila, dos quais 36,5% precisaram esperar mais de 60 dias.

SUS

Uma pesquisa encomendada pelo governo gaúcho e feita em janeiro de 2013 mostrou que, para 40% da população, o maior problema do Estado é o sistema de saúde pública. Levantamento da RBS TV, divulgado em julho, exemplificou a situação acompanhando dois pacientes com problemas de visão, que precisaram esperar até três anos por atendimento, tempo mais do que suficiente para suas enfermidades se desenvolverem ainda mais.

Em maio do corrente ano, passou a valer a lei federal que garante a pacientes com câncer, o prazo máximo de 60 dias para início do tratamento pelo SUS. Porém, pouca coisa parece ter evoluído nas filas de espera, pois a capacidade instalada para absorver a demanda ainda é insuficiente.

A espera por atendimento no Sistema Único fez aumentar em 50% a procura pela Defensoria Pública do Rio Grande do Sul nos últimos cinco anos. Os pedidos são relacionados ao direito à saúde, como vagas em hospitais, cirurgias e compra de medicamentos.

O problema poderia ser amenizado com estatísticas gerenciais confiáveis e fiscalização mais ativa. Enquanto na Europa e nos Estados Unidos trabalhos que investigam as filas nos sistemas de saúde são comuns, no Brasil pesquisas como essas são raras. O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) foi o primeiro a traçar esse caminho, em 2004, quando elaborou a pesquisa “Um estudo sobre as filas para internações e para transplantes no SUS”.

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