RS: Modelo de Distanciamento Controlado sofre mudanças para tentar antecipar surtos
Com as mudanças, a Serra poderá receber bandeira vermelha no sábadoO governo do Rio Grande do Sul anunciou, na quinta-feira (11/6), ajustes no modelo de Distanciamento Controlado. Segundo o governo, novas projeções e simulações demonstraram que, em alguns cenários, o sistema antigo detectaria a bandeira vermelha apenas 15 dias antes de 100% de ocupação dos leitos e bandeira preta apenas 2 dias antes (os níveis mais altos de alerta). As mudanças têm como objetivo possibilitar que o modelo indique com maior antecedência um possível colapso do sistema de saúde. Na prática, para uma região entrar nas bandeiras de alerta mais alto (vermelho e preta) fica mais fácil, o que se refletirá seguramente em maiores restrições.
Segundo fontes consultadas na sexta-feira pelo portal Setor Saúde, comenta-se entre especialistas que com as mudanças, a macro região da Serra poderá receber bandeira vermelha (risco alto) na próxima atualização semanal que ocorrerá no sábado, dia 13 (atualmente está laranja).
“O modelo vai ficar mais sensível a mudanças, para que possamos dar mais segurança para atendimento hospitalar no futuro”, disse o governador Eduardo Leite na transmissão por rede social realizada na quinta-feira.
“É um modelo inédito, totalmente inovador, que faz essa conciliação da prioridade de preservação à vida com a retomada econômica responsável. Era um modelo teórico, obviamente. A partir da observação de como se comportou na prática, foram definidas algumas alterações, sugeridas pelos membros do Comitê de Dados”, completou.
Foram feitos três conjuntos de ajustes (veja detalhamento ao final do texto):
1 Mudança no ponto de corte de sete indicadores
2 Alteração em indicadores
3 Modificação e adoção de dois gatilhos de segurança
“A grande intenção é conseguir anteceder um colapso, quando estoura a capacidade de leitos de UTI e a probabilidade de óbitos é muito maior. Queremos antecipar algo que pode acontecer, que aconteceu no mundo e em outros Estados. Por isso, estamos aperfeiçoando agora, e seguiremos aprimorando sempre que for necessário”, afirmou Pedro Zuanazzi, diretor do Departamento de Economia e Estatística (DEE).
Novos indicadores: maior poder de antecipação
O governador ressaltou que as mudanças que estão sendo adotadas não teriam alterado a cor das bandeiras finais das regiões nas últimas semanas. Mas os indicadores atuais indicam que devem mudar nas próximas. As mudanças já serão consideradas na rodada que será divulgada neste sábado (13/6).
“Não comprometeu a segurança até aqui, mas, daqui para frente, entendemos que temos de ter maior estreitamento para mudanças de bandeiras, para que a gente possa capturar essas inflexões de curva nas internações e agir no momento em que se fizer necessário, com mais restrições, para evitar que haja uma perda de controle”, destacou Leite.
VEJA O QUE MUDA NO DISTANCIAMENTO CONTROLADO
1. Mudança no ponto de corte de indicadores por tipo de medida
Segundo o Governo gaúcho, os pontos de corte se tornaram mais estreitos e refletem melhor a realidade, conferindo maior segurança ao modelo, que se torna mais sensível a mudanças para garantir o atendimento no futuro. As mudanças serão feitas nos pontos de corte dos seguintes indicadores:
Velocidade do avanço da doença
[exemplo]: Região A do Estado teve um crescimento de 10 para 14 hospitalizações por COVID19 entre as duas semanas: crescimento de 40%. No formato vigente, o indicador estaria com bandeira laranja. Com a proposta, o aumento determinaria uma bandeira vermelha para o indicador.
Incidências de novos casos
[exemplo]: Região B do Estado apresentou 5,5 hospitalizações confirmadas para COVID-19, a cada 100 mil habitantes, nos últimos 7 dias. No formato vigente, o indicador estaria com bandeira vermelha. Com a proposta, o indicador seria de bandeira preta.
Mudança da capacidade de atendimento
[exemplo]: Região D do Estado teve uma redução de 50 para 38 leitos disponíveis para atender COVID-19 entre as duas semanas: redução de 24% >> indicador em 0,76. No formato vigente, o indicador estaria com bandeira laranja. Com a proposta, a redução determinaria uma bandeira vermelha para o indicador.
2. Alteração nos indicadores de óbito por Covid-19, Ativos/Recuperados e número de leitos de UTI livres (Macrorregião e Estado)
Projeção de óbitos
O indicador de óbitos por Covid-19 a cada 100 mil habitantes mostra a evolução da doença com defasagem, uma vez que um óbito reflete o adoecimento de semanas atrás. O indicador é válido para mostrar a realidade atual, mas não antecipa, e o objetivo do Distanciamento Controlado é também prever deterioração, de modo que medidas possam ser tomadas com antecedência para que as UTIs não cheguem ao limite de atendimento.
Sendo assim, o cálculo deixa de utilizar o número de óbitos ocorridos na semana de referência e passa a utilizar projeções para os próximos 14 dias, com base na variação de pacientes confirmados para Covid-19 em leitos de UTI e no número de óbitos acumulados na semana de referência.
Indicador de Ativos/Recuperados
O indicador de Estágio da Evolução passa a considerar todos os casos ativos na semana de referência em relação aos recuperados nos 50 dias anteriores ao início da semana. Ao considerar um período maior de tempo, amenizam-se os efeitos da defasagem entre a data do início dos sintomas e a inclusão dos casos confirmados.
Razão de ocupação de leitos de UTI por Covid-19
A capacidade de atendimento passa a ser avaliada com base na razão entre a quantidade de leitos de UTI livres e o número de leitos de UTI ocupados por pacientes confirmados para Covid-19. A proposta vale para os indicadores que avaliam a capacidade do Estado e das macrorregiões, que antes levava em consideração o número de leitos de UTI livres para Covid-19 para cada 100 mil idosos.
3. Gatilhos de segurança
Redução de cinco para três hospitalizações registradas nos últimos 14 dias na trava para deixar a bandeira da semana anterior
A mudança torna a redução de bandeira mais cautelosa. A partir deste sábado (13/6), o máximo de casos novos de hospitalização por Covid-19 que a região poderá observar para conseguir reduzir a bandeira é de três. Antes, o limite era cinco novas hospitalizações nos últimos 14 dias.
Regra das bandeiras preta e vermelha:
Se uma região atingir bandeira final vermelha ou bandeira preta, será preciso duas semanas consecutivas com bandeiras menos graves para que a região possa obter redução na classificação de risco. Isso trará maior segurança para caracterizar a efetiva melhora nas condições de uma região.
Acesse o material completo com as informações apresentadas.
Veja os protocolos de bandeiras para cada setor da economia.